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Leitura acessível: algumas possibilidades
Leitura acessível: algumas possibilidades
Por Juliana Dantas Galdino da Silva
A leitura nos acompanha em várias situações, como estudo, trabalho, acesso a notícias e lazer, mas não está acessível para todas as pessoas.
Esta edição do Fique por Dentro traz algumas alternativas para ampliar o acesso à leitura para pessoas com deficiência.
Formatos acessíveis
Além da impressão em papel na escrita comum, os textos podem estar em formatos mais acessíveis a diferentes pessoas. Algumas alternativas trazidas aqui já foram abordadas em postagens com outros enfoques, mas são retomadas para facilitar sua localização. Vamos lá!
- Conteúdo em LIBRAS: pode ser disponibilizado em vídeo e acessado por pessoas surdas e surdocegas usuárias dessa língua. Note que nem todos os usuários da LIBRAS compreendem bem o português, que tem estrutura diferente da língua de sinais.
- Textos ampliados: são impressos no sistema comum de escrita, com algumas adequações, e comumente usados por pessoas com baixa visão. Suas configurações incluem fontes ampliadas e sem cerifa, espaçamento e contraste ampliados. Quando destinados a uma pessoa específica, são ajustados à sua necessidade.
- Textos em Braille: são comumente usados por pessoas cegas, com baixa visão e surdocegas. Sua produção deve seguir as Normas Técnicas para a Produção de Textos em Braille, a fim de facilitar a leitura e a localização de informações.
- Textos em tinta Braille: impressos em caracteres ampliados e em Braille, podem ser lidos por usuários de qualquer um desses sistemas.
- Livros em áudio: podem ser lidos por pessoas diferentes. Alguns são produzidos profissionalmente, mas também é possível gravar os textos com a própria voz ou converter arquivos de texto em som com voz sintetizada usando programas gratuitos.
- Textos digitais acessíveis: arquivos produzidos em editores de texto comuns e usados por várias pessoas. Devem permitir navegação lógica pelo teclado, ajustes visuais e fácil localização das informações. Saiba mais no Manual de Acessibilidade em Documentos Digitais, produzido pelo IFRS.
- Livros em ePub (eletronic publication): podem ser lidos por pessoas com e sem deficiência através de diferentes aplicativos, no celular e no PC. Permitem ajustes visuais e podem apresentar conteúdo multimídia. Este é o formato dos e-books comerciais.
- Livros em Daisy (Digital Accessible Information System): também podem ser lidos por diferentes pessoas. Permitem ajustes visuais, leitura com voz sintetizada e com áudio gravado. Podem ser abertos pelos programas Mec Daisy e Ddreader.
Profissionais ou voluntários também podem ler para outra pessoa, principalmente quando esta precisa do acesso ao texto com urgência.
Observe que o formato não é tudo para um texto ser acessível. Há textos em Braille com diagramação caótica, textos ampliados sem outras configurações, documentos salvos em imagem e gráficos não adaptados nos ePubs. São necessárias adequações, por exemplo, em relação aos elementos visuais importantes para a compreensão do conteúdo, que devem ser descritos, adaptados para uma leitura textual e/ou representados por recursos que explorem texturas e contrastes. As imagens impressas devem ser ampliadas, simplificadas, facilmente compreensíveis, ter cores fortes e contrastantes, bom contraste com o fundo e contornos bem definidos.
Também é necessário considerar o conteúdo. Audiolivros e livros digitais podem ser bons paratextos literários, mas o Braille, o formato ampliado e o apoio de recursos táteis parecem mais adequados para o estudo de ciências exatas ou para línguas estrangeiras. Além disso, é importante considerar a preferência do usuário.
Acervos acessíveis
Os livros acessíveis podem compor acervos com acesso restrito a pessoas com deficiência e instituições das quais façam parte. Alguns acervos no Brasil são:
- Dorinateca: biblioteca digital da Fundação Dorina Nowill com livros em áudio, Daisy e arquivos para a impressão em Braille.
- REBECA (Rede Brasileira de Estudos e Conteúdos Adaptados): reúne instituições de ensino superior que compartilham entre si textos acadêmicos em formato acessível e conhecimento sobre a produção de conteúdo acessível. Saiba mais na página do Repositório de Informação Acessível, da UFRN.
Outras iniciativas são a Biblioteca Digital e Sonora da Universidade de Brasília e a Biblioteca Virtual e Sonora da Universidade Estácio de Sá.
Vá em frente! Pesquise mais, leia para pessoas que precisem desse apoio, busque parcerias com profissionais para tornar textos acessíveis, faça as adaptações que não requerem formação específica, promova a leitura acessível!