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O que é cultura surda?

Você sabe o que é cultura surda? O que vem a sua mente quando ouve essa expressão? Você tem alunos, colegas, algum amigo, parente surdos? Ou nunca teve contato mais próximo com uma pessoa surda? No Fique por Dentro dessa semana, vamos trazer algumas informações sobre a cultura surda, abordando elementos com os quais você talvez até já tenha tido contato e outros que você não imaginava.
publicado: 25/10/2018 09h54 última modificação: 25/10/2018 09h54

A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios da vida dos sujeitos que se reconhecem como surdos, abrangendo não apenas aspectos mais corriqueiros da vida de cada um, mas também o grupo social que constituem. A privação do sentido da audição não inviabiliza a interação linguística, a participação social ou a produção cultural das pessoas surdas. Na verdade, abre possibilidades alternativas para a sua atuação nessas áreas. Ao nos aproximarmos mais da realidade surda, pela vivência e pelo estudo, descobrimos que ela comporta um rico, complexo e instigante conjunto de elementos culturais caracterizados pelas formas alternativas de produção e interação dessas pessoas, alimentados e enriquecidos nas comunidades surdas e, infelizmente, ainda pouco conhecidos entre os ouvintes.

A seguir, procuramos referir e descrever sucintamente alguns elementos que fazem parte da cultura surda.

  • Visualidade: a vivência surda é muito visual. A visão é possivelmente o principal sentido de contato com o mundo, de apreensão e significação das informações. Na visualidade se centram, certamente, a maior parte das alternativas planejadas para a pessoa surda, como se observará mais adiante.
  • Linguístico: as línguas de sinais, de características visuoespaciais, são as línguas naturais para as pessoas surdas. A língua de sinais é tão complexa quanto qualquer outra. Não se trata de uma versão em sinais de uma língua oral como o português, nem de simples gestos ou mímica, embora estes possam ser usados quando ainda não se sabe a língua de sinais, mas de um sistema complexo, com regras próprias. Em salas de aula, eventos públicos ou mesmo na televisão, deve ser feita a tradução entre a língua oral e a de sinais por um intérprete.
  • Família: ligada ao nascimento de filhos surdos em lares ouvintes e de filhos ouvintes em lares surdos, ou mesmo de filhos surdos em lares surdos. Nesse âmbito, muitas questões ligadas à aceitação, à superproteção, à concepção sobre a surdez são discutidas.
  • Comunidade surda: composta por surdos e por ouvintes militantes da causa, como professores, familiares, intérpretes, amigos, entre outros.
  • Associações e organizações: centros cuja importância se manifesta, por exemplo, na possibilidade de o surdo interagir com outras pessoas surdas, o que favorece a construção da sua identidade, a possibilidade de aprender a língua de sinais, as lutas sociais do segmento, por vezes, abraçadas nessas organizações, etc.
  • Literatura surda: arte que abarca produções literárias em língua de sinais e produzidas por pessoas surdas.
  • Artes visuais: que englobam o teatro surdo e as artes plásticas.
  • Criações e transformações materiais: exemplificadas pelas soluções alternativas para as pessoas surdas, como campainhas luminosas, telefones adaptados (Telecommunications device for the deaf - TDDs), dispositivos de vibração (relógios, celulares) em substituição ao despertador, etc.

Posteriormente, falaremos mais detidamente sobre cada um destes elementos e sobre a inclusão da pessoa surda. Convidamos você desde já a estudar mais sobre a cultura surda e principalmente a interagir com os surdos, intérpretes, familiares e amigos de surdos do seu campus, do seu bairro, da igreja ou de qualquer outro círculo social que você frequenta.

Fique por dentro!