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IFPB Campina Grande inaugura Sala de Autorregulação Emocional para pessoas neurodivergentes

Espaço foi pensado para promover inclusão e bem-estar na instituição
por Clébio Melo publicado: 24/09/2024 13h08 última modificação: 24/09/2024 13h12
Exibir carrossel de imagens Foto: Maria Eduarda Batista Sala contém dispositivos que podem ajudar a regular situações de crises em pessoas neurodivergentes

Sala contém dispositivos que podem ajudar a regular situações de crises em pessoas neurodivergentes

Na próxima quinta-feira, dia 26 de setembro, o Instituto Federal da Paraíba campus Campina Grande dará um importante passo em direção à inclusão e ao suporte para a comunidade discente, com a inauguração de um espaço voltado para estudantes neurodivergentes. A sala de autorregulação emocional foi criada para atender às necessidades específicas de alunos com condições de funcionamento cerebral diferente da considerada típica, proporcionando um ambiente adequado para a gestão de estresse e crises emocionais. 

A sala foi projetada com a colaboração de uma terapeuta ocupacional voluntária. Trata-se de um ambiente sensorialmente adequado com iluminação suave, cores calmantes e ferramentas como painel sensorial e almofadas de diferentes texturas para facilitar a autorregulação. O local também foi equipado com fones de ouvido que bloqueiam ruídos externos e um botão de pânico para comunicação imediata em momentos de crise. 

Eduardo Cruz, professor do campus Campina e idealizador do projeto, ressaltou o que provocou a iniciativa: “A motivação veio da necessidade de oferecer um espaço onde nossos alunos neurodivergentes, especialmente aqueles com autismo, pudessem encontrar um ambiente acolhedor e com privacidade para se autorregularem, ajudando-os a se sentirem mais preparados para o aprendizado e para a interação social no campus.”

O evento de inauguração contará com autoridades convidadas e uma roda de conversa sobre os aspectos legislativos da sala de autorregulação, depoimentos de alunos e profissionais envolvidos. Também haverá uma apresentação da sala, destacando suas funcionalidades por meio de uma demonstração dos instrumentos disponíveis. “Queremos celebrar a criação desse espaço e, ao mesmo tempo, conscientizar sobre a relevância de iniciativas que promovam a inclusão. Nossa expectativa é que isso se torne um marco de inspiração para ações semelhantes no futuro”, declarou Eduardo.

Matheus Marques, estudante de QuímicaO estudante do 3º ano do curso técnico de Química integrado ao Ensino Médio, Matheus Marques, que é autista, também compartilhou sua visão sobre a nova sala. Para ele, a criação desse espaço representa uma oportunidade crucial de acolhimento: “Eu acredito que, com a sala de autorregulação, os alunos poderão se sentir mais incluídos no aspecto ‘eu fui notado’, algo que, infelizmente, muitos acham que não são. Isso dará maior visibilidade à inclusão no campus e, juntamente com isso, poderá atrair mais alunos autistas”, afirmou. 

As crises de uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem ocorrer por diversos motivos, como alterações sensoriais ou mudanças de rotina. De acordo com a psicóloga Iala Amorim, existem dois tipos principais: o meltdown, uma crise externa caracterizada por comportamentos explosivos como choro e gritos, e o shutdown, que é um desligamento interno, onde o indivíduo pode se tornar apático e sem respostas. Ela ressaltou que esses comportamentos não devem ser vistos como birras, mas sim como reações legítimas a situações desafiadoras, exigindo um ambiente acolhedor e respeitoso durante esses momentos.

Além disso, a psicóloga enfatizou a importância de um espaço projetado exclusivamente para alunos com TEA. “Hoje, muito se fala sobre autismo, mas são poucos os que sabem o que realmente é e quais as necessidades de um aluno dentro do espectro. Um espaço pensado e projetado exclusivamente para alunos autistas é magnífico. Este espaço auxiliará nos momentos de regulação, onde poderão se expressar e ser quem são, sem julgamento. E, do ponto de vista social, ao se sentirem seguros e acolhidos, possibilitará uma melhor comunicação entre os alunos autistas, os profissionais e também os colegas da escola”.

A sala de autorregulação é resultado do projeto institucional regido pelo edital n° 38/2023 do Programa Conecta Mais - Edital de Inovação, que tem como fundamento a educação inclusiva e a qualidade de vida. A implementação da sala de autorregulação reforça o compromisso do IFPB com a diversidade e o acolhimento, garantindo que cada estudante tenha a oportunidade de ter um espaço seguro e adaptado às suas necessidades.


Texto: Maria Eduarda Batista, estagiária de Jornalismo

Supervisão e revisão: Clébio Melo, jornalista do IFPB Campina


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