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Livro "Torto Arado" é tema de evento promovido pela UFRPE e IFPB
Será realizado, nos dias 8 e 9 de junho o III Seminário Teorias em Diálogo e o I Colóquio Conversas Paralelas. Inicialmente atento à produção ficcional de autores pernambucanos – homenageou-se Miró da Muribeca, no I Seminário, e Ronaldo Correia de Brito, no II Seminário -, neste ano, foi escolhido como tema Literatura e Sociedade em Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior.
As inscrições podem ser feitas no link: https://forms.gle/jiSPnaLY3ktbYkjZA
A conferência de abertura contará com a participação do jornalista Xico Sá, enquanto a professora Joyce Fernandes, da Browm University-EUA, proferirá a palestra de encerramento. O evento é promovido pelo Grupo de Pesquisa Teorias em Diálogo, do Curso de Letras da UFRPE, e pelos Seminários Interdisciplinares do Curso de Letras, vinculado ao Instituto Federal da Paraíba (IFPB).
Com o intuito de fomentar discussões com os múltiplos saberes com os quais a obra dialoga, foram convidados alunos, professores e pesquisadores para o evento.
Link das transmissões:
Dia 8 de junho: https://youtu.be/78g_33geyf8
Dia 9 de junho: https://youtu.be/VXB-AKO8m8Y
As terras da promissão de Torto arado, de Itamar Vieira Júnior
Desde a Antiguidade, quando o preparo do solo para plantar exigia o uso de utensílios agrícolas, o arado foi um dos instrumentos adotados para esse fim, cuja utilização esteve relacionada às ideias de correção, disciplina e retidão. Na Bíblia, Jesus alegorizou as exigências da vocação apostólica com o seu uso, ao lembrar que aquele que dele lança mão no trabalho e olha para trás não é apto para o reino de Deus.
A função do arado e o desvio do olhar, impondo aos cristãos a necessidade de não divagar e nem se desviar da direção justa e correta, encontram outros sentidos no livro de Itamar Vieira Júnior. Ao se voltar para um Brasil agrário e profundo, o autor restitui importância ao estigma da desigualdade que grassa em nossa sociedade desde sua formação, destacando outra semântica para a ideia do arado deformado que intitula a narrativa.
Desvinculado de uma profissão de fé, com vistas a elevar o espírito, e sem aludir à avaria desse artefato primitivo, que o impossibilitaria de preparar a terra para a semeadura, ele é resgatado esteticamente como uma expressão dolorosa de homens negros e mulheres negras, imersos no sertão baiano à espera das terras da promissão.
É atento à representação de uma realidade social tisnada pela injustiça, vocalizada por personagens subalternizados pelo poder do capital e alijados dos direitos mais básicos, que o III Seminário Teorias em Diálogo e o I Colóquio Conversas Paralelas se propõem a refletir sobre os meandros temáticos e narrativos apresentados na obra. Sintomático de sua relevância para estudar, a partir da literatura, a geografia humana do Brasil, o enredo e a ação em Torto arado elevam a luta, a coragem e a resistência a símbolos que acenam ao presente e ao futuro do país. Não sem razão, a redenção alcançada por Belonísia e Bibiana é tributária não apenas do sagrado que envolvia suas vivências, mas, principalmente, da força da violência que as fazia sobreviver e existir.
Confira abaixo a programação completa do evento:
Fonte: http://ufrpe.br/br/content/livro-torto-arado-%C3%A9-tema-de-evento-promovido-pela-ufrpe-e-ifpb