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Estudantes do Campus Guarabira obtém nota máxima na redação do Enem

Erick Pereira e Daniel Medeiros são do curso de Informática e participantes do Projeto de Extensão IFNews
por publicado: 24/01/2017 16h01 última modificação: 24/01/2017 16h01

O Campus Guarabira do IFPB vem crescendo a cada ano nos números referentes ao Exame Nacional do Ensino Médio. Após o resultado do último exame, divulgado no dia 19, toda comunidade acadêmica se alegrou com o bom desempenho de diversos alunos. Entre eles, estão dois estudantes do 4º ano do curso Técnico Integrado em Informática, Erick Pereira, que alcançou 980 na redação, e Daniel Medeiros, que obteve 940, muito acima da média brasileira. Ambos fazem parte de um dos projetos de extensão existentes do Campus Guarabira, o IFNews. Eles resolveram escrever como foi a preparação para a redação para incentivar outros colegas em desempenho semelhante. Também é uma forma dos leitores do Portal verem a habilidade dos estudantes com a escrita.



Erick - Cópia.jpgErick Pereira Rodrigues, 17 anos, é monitor de Língua Portuguesa e articulista do informativo escolar IFNews.

Preparação - A minha preparação para a redação do ENEM consistiu em estudar, por conta própria, as correntes mais importantes do pensamento humano, evitando reduzir as ideias a fórmulas, e sim a possíveis contextos aplicáveis. Conhecer as teorias sobre determinado assunto é o melhor passo para saber o que escrever, e para isso é necessária uma preparação remota.

Além da matéria, no entanto, há também a forma, ou seja, a maneira de escrever. Para isso, dois exercícios cotidianos: a leitura dos clássicos, sobretudo de literatura; e o hábito de escrever, incentivado, no meu caso, pela produção para o jornal IFNews, do qual sou articulista; e pelas redações semanais solicitadas pelo professor Erivan Júnior.

Com relação ao primeiro, eu mantive um ritmo de leitura que faço há certo tempo, intercalando filosofia, literatura clássica, política, história, religião e crítica cultural. Essas áreas de interesse, coligadas, favorecem uma amplificação do pensamento e capacidade crítica de avaliar opiniões e fatos. Estar disposto a conhecer as teorias nem sempre é fácil, mas ajuda a dar uma visão de conjunto sobre os processos históricos mais diversos, e assim, embasar melhor a argumentação.

Sobre o segundo, melhorar o máximo a escrita, enquanto gramática e retórica, só é possível a partir de constantes redações, de temas variados e atuais, sobretudo com o auxílio de um professor, e com a troca de argumentos nas rodas de conversa entre os amigos de escola. Estudantes - Cópia.jpg

Redação – Foi algo surpreendente o tema, uma vez que, sabendo previamente da possibilidade de ser aquele, eu havia desconsiderado tal hipótese. Mas, uma vez na prova, foi necessário recolher as minhas conclusões sobre as leituras do ano. Iniciei apontando as ideias da função social da religião de acordo com o filósofo Eric Voegelin e o historiador Christopher Dawson. No desenvolvimento, formulei a teoria de que a intolerância "interreligiosa" por assim dizer, está sendo vencida por meio do diálogo interreligioso, que tem se intensificado notoriamente nos últimos 20 anos. Fiz notar que, ainda que houvessem casos de discriminação entre religiões, essa atitude não tem sido encorajada, no Brasil, pelos líderes dessas denominações. Não obstante, uma série de propostas de caráter socialmente antirreligioso têm sido feitas, sobretudo para apagar o máximo da presença de qualquer símbolo de fé, quer das repartições públicas, quer do nome de cidades, e com isso, deixar ir séculos de uma tradição cultural brasileira profundamente arraigada aos princípios do cristianismo. Argumentei que essa tendência centralizadora não se verifica somente com relação a esses aspectos exteriores, considerando que não raras vezes se apoia uma expansão do Estado para além de seu limite, apesar de que a laicidade do Estado não lhe permita, em tese, entrar em terreno eclesiástico.

Por fim, propus que os crimes contra a religião fossem punidos segundo os princípios constitucionais de liberdade de expressão e de crença, relegando essa responsabilidade à família, enquanto instituição educadora, ao Estado, enquanto agente punitivo, e às religiões, enquanto formas coibidoras da violência ao outro.

Daniel - Cópia.jpgDaniel Medeiros de Oliveira, 18 anos, atua como pesquisador bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM) e é participante do projeto de extensão IFNews desde 2014.

Preparação – Particularmente, não esperava por essa nota, já que minha preparação propriamente dita para a prova de redação foi iniciada na segunda metade de 2016, escrevendo duas redações por semana, uma sob supervisão e com o feedback do docente de língua portuguesa e outra a cargo do monitor da disciplina. Ademais, sempre que necessário consultava o professor e o monitor e pedia a ajuda deles. Além disso, fazia a leitura diária de, aproximadamente, 10 textos nos mais variados gêneros textuais. Lia notícias, reportagens, resenhas, crônicas, artigos de opinião sobre os mais diversos assuntos. Por fim, sempre conferia o que há de novo no mercado fonográfico, já que muitas vezes as músicas trazem à tona polêmicas para a sociedade, seja por seu conteúdo, mensagem ou até mesmo clipe. Essa busca também se estendia as séries de TV, filmes e novelas.

Redação – Assim que abri o caderno de questões e vi o tema fiquei preocupado por temer não saber o quê escrever. Mas, me acalmei e recordei que intolerância religiosa é algo que a maioria dos brasileiros ainda enfrentam em pleno século XXI, inclusive eu. Iniciei contextualizando com o incidente do apedrejamento da menina praticante do culto afro-brasileiro, ocorrido há um ano atrás. Argumentei sob o pensamento de Francisco de Assis e Thomas Hobbes, recordando os casos que a Rede Globo satiriza massivamente as religiões em seus programas de humor. Além disso, mencionei o caso do “Deus seja louvado” nas cédulas do real e a presença de imagens cristãs nas repartições e órgãos estatais. Por fim, usei como agentes da proposta de intervenção a Chefia de Gabinete da Presidência da República, o Supremo Tribunal Federal e a sociedade civil em comunhão com as confissões religiosas e organizações não-governamentais.

Importância do Projeto de Extensão IFNews Projeto - Cópia.jpg

"O projeto de extensão IFNews foi de suma importância para poder lograr tal êxito. Cheguei ao Instituto com uma experiência relativamente baixa, no entanto, ao saber da existência deste, fui saber com o professor Golbery Chagas como poderia ingressar, em vista que sabia que ali podia potencializar minha capacidade de redigir textos. Após a remoção do docente para o campus Campina Grande, este passou a ser gerenciado pelos professores Erivan Júnior e Vera Lúcia Cardoso, que trouxeram uma nova força e contribuíram para poder maximizar ainda mais a qualidade dos textos, destaca Daniel.

 

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