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Estudante surdo conclui curso técnico no campus Itaporanga
Conseguir uma formação técnica no Brasil não é uma tarefa fácil, pois apenas 8% das matrículas do ensino médio são em cursos de formação técnica. Se acessar o ensino já é difícil, imagina concluir e se formar. E o desafio ainda é maior quando a pessoa tem algum tipo de deficiência, a exemplo do discente Vanielson Miguel, natural da cidade de Ibiara na região do Vale do Piancó-PB, que estudou até o 9º ano em escolas públicas que não dispunham de profissionais (intérprete de libras) para decodificar e repassar as informações, conteúdo das disciplinas, ministradas pelos professores. Mesmo com todas as adversidades, Vanielson não desistiu e continuou, o que lhe garantiu, em 2016, acessar o curso técnico integrado em Edificações do campus Itaporanga para registrar uma página de superação na sua vida.
Segundo Vanielson, a insegurança que existia antes fora sanada no IFPB com a presença de pessoal especializado, os interpretes de libras, que decodificam e proporcionam a compreensão dos conteúdos, o que possibilitou bom desempenho nas avalições e participação ativa nas atividades práticas e científicas que foram desenvolvidas ao longo do curso, como também na elaboração e defesa do trabalho de conclusão de curso (TCC).
A experiência vivenciada em sala de aula inspirou Vanielson a elaborar um glossário de termos técnicos utilizados na área de construção civil, o que possibilitará a inclusão de outros surdos. O glossário foi o trabalho de conclusão do discente defendido neste dia, o qual obteve a nota máxima (100).
Vanielson diz que nunca pensou em desistir dos estudos, pois sempre contou com incentivo da família. E no campus Itaporanga foi instigado a continuar pensando positivamente, uma vez que aprendeu a língua de sinais (LIBRAS), por meio de profissionais habilitados - intérpretes de libras. Desta forma, além de ter sido suficiente em todas as disciplinas, hoje ele marcou mais uma página importante na história do campus Itaporanga e em sua vida pessoal e profissional, pois defendeu seu TCC e se tornou o primeiro surdo a se formar no curso técnico em edificações.
Segundo o professor Ridelson Farias, Diretor Geral do campus, a instituição promove a inclusão social que oportuniza o acesso e a permanência de estudantes com deficiências diversas. Vanielson teve o apoio de intérprete de libras, profissional capacitado em língua de sinais – o qual o acompanhou em todas as atividades acadêmicas, sejam dentro ou fora do campus. E tudo isso é motivo de muito orgulho para o campus, uma vez que o papel de inclusão social está sendo desempenhado, concluiu o dirigente.
Para o professor Franklin Galvão, Diretor de Desenvolvimento de Ensino do campus e orientador de Vanielson, tanto os objetivos do trabalho orientado como aqueles propostos pela instituição - que buscam métodos e formas de incluir socialmente todas os discentes com alguma limitação - foram alcançados, estando ele realizado como professor e como diretor.
Para a intérprete de Libras, Cristiane de Oliveira, que acompanha Vanielson desde 2018 – o discente tem muita personalidade e vontade de aprender, o que tornou seu trabalho de decodificação prazeroso e muito gratificante.
A surdez é definida pela Organização Mundial de Saúde como a “perda completa da capacidade de ouvir”. Geralmente, um indivíduo surdo tem perda auditiva profunda e costuma usar a língua de sinais para se comunicar. A referida língua é composta pela utilização de gestos, sinais e expressões faciais e corporais, sendo uma forte ferramenta de inclusão social.