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Palestra sobre depressão repercute palavras de conscientização e esperança
“25% da população mundial vai passar por algum tipo de transtorno psicológico durante a vida”, atestou Alfredo Minervino, chefe da ala de psiquiatria do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU), em um dos enunciados de sua palestra na última terça-feira (1). A convite do Departamento de Assistência Estudantil (DAEST), o médico compareceu ao Campus João Pessoa com o colega de profissão Roberto Mendes para explicar a relação entre dois males silenciosos da vida moderna: a depressão e o suicídio.
Segundo Minervino, 90% das pessoas que tiram a própria vida sofrem com a depressão, e que apesar da doença afetar mais indivíduos do sexo feminino, os homens se matam mais que as mulheres. Incentivando a busca pelo acompanhamento especializado, o psiquiatra desmistificou o machismo que rege o comportamento social, e muitas vezes impede que o homem procure ajuda para ser diagnosticado e tratado adequadamente. “Vivemos numa sociedade onde o homem não pode chorar, não pode pedir ajuda, demonstrar carinho com amigos homens ou transparecer fraquezas”, criticou.
Pedro Freire, residente em psiquiatria no HU e integrante da equipe de Minervino, destacou a importância do evento para a conscientização sobre transtornos mentais: “A gente tem algumas chances no decorrer da vida de conversar sobre coisas que ninguém conversa e quase todo mundo passa, em maior ou menor grau. Do ponto de vista acadêmico, tem muita coisa acontecendo num ambiente como esse, uma escola com muitos jovens e adultos. É importante a gente chegar aqui e ter esse espaço aberto, livre de muitos protocolos, para conseguir dialogar com calma e verdade”.
Dentre as características clínicas da depressão destacadas na palestra, estão o retraimento social; as crises de choro; a diminuição da capacidade de pensar, de concentração e tomada de decisões; as alterações no sono, apetite e a diminuição da libido; a anedonia, ou perda da capacidade de sentir prazer com as coisas que gosta; a ansiedade; as queixas somáticas, como dor e irritações; entre outros.
Em paralelo ou a níveis mais avançados, entram a ideação de morte, suicídio ou ruína. “Se alguém fala ‘eu queria sumir/morrer’, dê atenção a isso”. Minervino também chama a atenção para o que podem indicar tentativas de suicídio, como conduzir um veículo em alta velocidade na iminência de bater, ir a bares em condição hostil para beber, ter relações sexuais arbitrárias sem qualquer preocupação com prevenção de doenças etc.
Sobre o tratamento da depressão, que é feito com psicoterapia acompanhada da ingestão de medicamentos, a primeira coisa que o médico enfatiza é que não existe procedimento milagroso, e que as pessoas devem minimizar ao máximo as cobranças em cima da pessoa que sofre com a doença. Em seguida, enquanto profissional, reforça a importância de dar esperança ao paciente que sofre com algum transtorno psicológico, e que esta é uma virtude que ajuda em qualquer tipo de situação que envolva progresso.
“Se a pessoa tem um estado reincidente e me pergunta se vai ter que tomar um remédio pelo resto da vida, mesmo que eu ache que sim, afirmo de outra forma, digo que por um bom tempo, porque aí eu não tiro a expectativa de melhora dela. É a mesma coisa se um aluno chega para o professor e pergunta se ainda pode passar na disciplina, e o professor responde que não: naquele momento o aluno desiste de tentar passar. Se o professor diz ‘Pode, se você se dedicar mais’, ele vai lutar para que dê certo”.
O psiquiatra conclui estendendo a mensagem de esperança para pessoas que possam vir a ter algum transtorno como a depressão, alertando para que não estigmatizem o uso do medicamento, quando ele for necessário. “Nunca pense: ‘Que azar eu precisar tomar remédio!’. Sempre pense: ‘Ainda bem que existe um remédio que pode me ajudar”.
Comunicação Social do Campus João Pessoa