Com o tema “Use as mãos para o bem!”, começou hoje (25) a Semana da Diversidade e Inclusão do campus João Pessoa. O evento tem atividades programadas até sexta-feira, dia 29, como palestras sobre a luta das pessoas com deficiência, saúde sexual e reprodutiva, diversidade etnicorraciais, oficinas de braile e técnicas de tradução e interpretação de libras. Confira a programação completa aqui.

A abertura do evento contou com a apresentação de dança do Centro de Atividades Especiais Helena Holanda, que encantou e emocionou, ao mostrar que apesar das limitações físicas, mentais e emocionais cada pessoa pode ultrapassar seus limites. "Essa potencialidade deles acreditarem neles mesmos e confiarem em nós é o que queremos passar para o mundo", destacou a professora Helena Holanda.

Para o chefe do Departamento de Assistência Estudantil (Daest) Leonardo Monte a apresentação trouxe a reflexão e a necessidade de valorização do respeito. "O importante de estarmos promovendo a Semana da Inclusão é levantarmos sempre nas discussões a palavra respeito. Espero que ao final dessa semana sejamos pessoas bem diferentes", frisou.

Já Valéria Marques, que está a frente da Coordenação de Assistência às Pessoas com Necessidades Específicas (Coapne), reforçou que o conceito de inclusão significa envolver e acolher todas as pessoas. Ela também convidou todos a participarem das atividades durante a semana, em especial do Desafio Solidário.

A programação da tarde também foi marcada por apresentações culturais, iniciando-se com uma performance dos alunos do curso de Instrumento Musical. Os discentes entoaram versos sobre a condição social das mulheres cis e trans, denunciando o machismo e os preconceitos relativos à diversidade sexual, contra os quais estas minorias lutam diariamente. No desfecho, foi a vez de Antônio Eduardo de Oliveira recitar uma poesia de sua autoria no tocante ao tema da mesa redonda “Você pode ser o que você quiser!”, conduzida pelo bacharel em Direito, deficiente visual e representante do Instituto dos Cegos da Paraíba, Robson Santos.

À época da graduação, Robson já representou os estudantes no Comitê de Inclusão e Acessibilidade da UFPB, e hoje faz parte de um grupo de leitura inclusiva resultado de uma parceria do instituto que integra com a Fundação Dorina Nowill, de São Paulo. Durante o bate-papo no auditório, ele buscou inteirar os ouvintes do debate sobre o que é inclusão, ressaltando a falta dela nos espaços públicos.

“Hoje, nós, pessoas com deficiência, estamos conseguindo cada vez mais ocupar os lugares que nos são de direito. Mas a acessibilidade aqui em João Pessoa ainda é muito precária. Uma das poucas cidades que visitei e me surpreendi, nessa questão, foi Curitiba, que tem calçadas planas, e os cidadãos, quando veem uma bengala, param imediatamente. Onde existe respeito, existe acessibilidade”, salientou.

Questionados sobre qual a maneira certa de abordar o ensino com deficientes em salas de aula, os integrantes da mesa redonda concordaram que a resposta é sempre perguntar ao aluno maneiras de ajudar no seu aprendizado, e fazer dois planejamentos de aula – um para as pessoas que enxergam e outro para os deficientes visuais. Eduardo contou que, quando era mais novo, um professor o chamou para conversar após os amigos terem feito piada com sua condição. “Ele me disse que dali pra frente, iria me ensinar, e eu ensinaria a ele. Tempos depois, me apresentou um grupo de robótica, e foi assim que me interessei pela área.”

Num outro momento, perguntado sobre a obra de inserção do piso tátil no IFPB, Robson elogiou o Instituto e disse que a realidade de inclusão no campus é muito diferente de outras entidades. Em seguida, finalizou com um relato de vida, alinhado com a proposta de superação da palestra: “Perdi minha visão aos 15 anos. Meu problema é hereditário e irreversível. Eu iria perder também minha vida por isso?”.

Ainda dá tempo

Os interessados em participar como ouvintes devem se inscrever através deste formulário, além de realizar uma doação mínima de 3 itens de higiene pessoal ou 1 pacote de fraldas geriátricas, que será encaminhado para a Associação Promocional do Ancião (Aspan). Durante a semana está sendo realizado o desafio solidário “Quem doa mais?” com as turmas do Ensino Técnico Integrado, como forma de movimentar os alunos a arrecadarem mais materiais de higiene pessoal.

Também será realizado um brechó solidário durante três dias - terça, quarta e quinta - com os itens de quem quiser disponibilizar sapatos, roupas, acessórios etc. Todo dinheiro arrecadado com as vendas será revertido para a Associação de Pais, Amigos e Simpatizantes do autista na Paraíba (ASAS).

Comunicação Social do campus João Pessoa