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Herança e construção social foram tema de palestra da Semana de Consciência Negra

Evento ocorreu na tarde desta segunda-feira (20), no auditório José Marques
por publicado: 20/11/2017 20h04 última modificação: 20/11/2017 20h10

“Até que ponto preservamos a herança de nossos povos?” foi um dos questionamentos que norteou a palestra “A representação negra na comunicação”, na tarde desta segunda-feira (27), no auditório José Marques. O momento, conduzido pelo professor Franz Lima, fez parte da programação do primeiro dia da Semana da Consciência Negra no campus João Pessoa.

A discussão foi contextualizada na linha do tempo dos grandes eventos da História mundial, estando ligada, especialmente, a três deles: a instituição da imprensa, a Revolução Industrial e o consequente surgimento dos meios de comunicação de massa.

A imprensa era a máquina de impressão em tipos móveis, fundada pelo alemão Johannes Gutenberg no século XV. Com uma prancha em que eram dispostos caracteres de chumbo, ela acelerou a produção de livros, que deixou de ser artesanal. Com isso, passou-se a priorizar os documentos, a escrita, o registro – um processo que foi apagando, pouco a pouco, as tradições e culturas repassadas pela oralidade, como a cultura africana. “A prática de idiomas africanos em atividades do candomblé é um ato de resistência a esse apagamento”, frisou o professor.

A Revolução Industrial inglesa, por sua vez, com seus processos de mecanização, trouxe a necessidade de entender as novas formas de organização social, os aglomerados urbanos, e ao mesmo tempo, de atender o aumento da demanda por informação. Surgem, portanto, a Sociologia e os meios de comunicação de massa.

Franz chama atenção, porém, para o fato de que esses meios de comunicação foram, ao longo do tempo, moldando nossa forma de pensar: “Vivemos num mundo repleto de significados construídos de maneira imposta. Formatamos nossos pensamentos através desses códigos, pois vivemos numa urgência de se adequar, de encaixar-se em grupos. O que digo sobre uma cultura, na maioria das vezes, não é o que sei sobre ela ou o que vivenciei, mas simplesmente o que me contaram dela.”

Ele continuou, trazendo a discussão para a contemporaneidade: “Os meios de comunicação de massa buscam a manutenção do status, da exploração e do consumo. A linguagem televisiva, por exemplo, serve bastante para naturalizar os discursos. Os personagens negros de uma novela, ao ocuparem o estereótipo da empregada cozinheira, da mulata do samba, do chefe do tráfico, nos dizem que essa situação é o normal.” O docente finalizou afirmando que, hoje, nós compartilhamos informações e representações sociais impostas em vez de preservar nossas heranças culturais e individualidades, mas que "somos uma nação, temos conteúdo para manter nossas origens, e devemos assumir a responsabilidade de definir o que representamos”.

 

Comunicação Social do campus João Pessoa

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