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Mulheres dizem 'basta' à violência e reivindicam direitos com manifestações artísticas

A programação do evento em homenagem ao 8 de Março contou com performances culturais e atividades de saúde e bem-estar
por publicado: 15/03/2018 22h11 última modificação: 16/03/2018 19h38

"Respeito é a Melhor Forma de Amar": nesta quinta-feira (15), uma semana após o Dia Internacional da Mulher, o evento promovido pela Coordenação de Promoção Social e Qualidade de Vida (CPSQV), pelo Núcleo de Prevenção e Educação em Saúde (Nupes), e pelo Laboratório de Biologia, tomou os ambientes do IFPB - campus João Pessoa com manifestações artísticas de empoderamento feminino, chamando a atenção da comunidade acadêmica para a valorização e o reconhecimento da mulher como símbolo de luta e resistência.

Dentre as exibições culturais, o pocket show do coletivo Sinta A Liga Crew contribuiu para a discussão da temática por meio de uma performance energética e carregada de questionamentos. “Olhe para seu o corpo de professores. Perceba quantos são homens e quantas são mulheres. Faça o mesmo com a secretaria, e com todos os outros setores. Vamos enxergar a diversidade como algo rico em nossas vidas”, alertou o coletivo de rap formado pelas MC's Kalyne Lima, Camila Rocha e Preta Langy; pela artista visual Priscila Lima; pela dançarina Giordana Leite e pelo DJ Guirraiz.

O grupo, finalista do Prêmio Profissionais da Música (PPM) 2018, lançou no dia 8 de Março o clipe da canção “De Passo em Passo”, que fez parte do repertório da apresentação do evento no campus JP. Versando sobre persistência e sororidade, a canção se alinha à experiência da compositora Preta Langy na cena do rap, até encontrar um ponto de apoio no coletivo: “A letra fala de uma intimidade minha em relação ao movimento. Eu cheguei a ser excluída dele, e não queria isso pra mim. Foi quando descobri que, com a junção da minha força com a força das meninas, a gente se sente segura e vai muito mais longe”. Por sua vez, Camila Rocha comentou a classificação no PPM 2018: “Fomos o único grupo nordestino finalista na categoria de Rap. Um grupo formado em sua maioria por mulheres. É mais que uma conquista, é uma ocupação.”

Nesse mesmo contexto de amplificação da voz e da visibilidade feminina nos espaços, Kalyne Lima esclareceu a importância de levar o trabalho da Sinta A Liga até ambientes como o IFPB: “Os locais de maior possibilidade revolucionária que existem são as escolas, as instituições de ensino. E ao trazer pautas feministas, que fazem parte de um cotidiano velado, escondido embaixo dos panos por ser tabu, a gente se sente cumprindo nosso papel enquanto artistas, cidadãs e militantes, porque a violência doméstica, a violência contra a mulher e o feminicídio não atingem somente as mulheres. Essas mulheres são mães, filhas e esposas vítimas do ódio. Trazer esse debate através de uma expressão artística é super importante porque essa juventude vai estar assumindo o Brasil daqui pra a frente. Eles serão os adultos que irão dizer como a nossa sociedade vai se comportar, então quanto mais cedo o debate for iniciado, melhor.”

Marielle Vive

Enquanto as cantoras se encarregavam da verborragia das rimas, Priscila Lima, a artista visual do grupo, presenteou o campus JP com um grafitti em um dos pilares do pátio, representando a dor coletiva que acometeu o país na noite da última quarta-feira (14), momento da execução de Marielle Franco, vereadora feminista, negra e ativista dos Direitos Humanos.

Marielle também foi lembrada na performance artística da estudante de Artes Visuais da UFPB, Yasmin Formiga. A aluna ficou conhecida recentemente por ter uma foto de protesto repercutida nacionalmente nas redes sociais - o alvo foi uma música misógina de funk que chegou a ser excluída do Spotify. Na intervenção desta quinta-feira, ela encarnou uma jovem vítima de feminicídio deitada sob o que seria sua cova, tendo por intuito chocar pela naturalização desse crime na sociedade. “Onde está Marielle? Quantas mais vocês irão matar?”, exclamou durante a apresentação, evocando nomes de outras mulheres que sofreram o mesmo destino da ativista. As palavras que precederam o ato foram esclarecedoras: “Meu trabalho aqui foi alertar para que todas elas não sejam esquecidas. Quando uma mulher morrer, não vamos enterrar seus nomes junto. Vamos pesquisar sobre elas, sobre suas histórias! Onde estão essas mulheres vítimas de feminicídio?”.

A programação do evento "Respeito é a Melhor Forma de Amar" abrangeu ainda outra instalação artística, organizada pelas professoras Olga Cabral e Idália Beatriz Lins, no hall de entrada, além de lanches e atividades de estética, bem-estar e saúde, repartidos entre o mesmo hall e o auditório José Marques. Foram elas: Aulão de Zumba, com profissionais da Unimed; Tratamento de Estética e Massagem, com representantes da Faculdade Santa Emília de Rodat; Tratamento de Estética, promovido pela Racco Cosméticos; e oferecimento de corte de cabelo e escova, pela CP Fios e Formas. 

 

Comunicação social do campus João Pessoa

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