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Aplicativo oferece apoio pedagógico para comunidade surda
A comunicação é uma das principais barreiras enfrentadas pela pessoa surda. Sem receber estímulos auditivos, ela quase não desenvolve a fala e tem dificuldade em compreender a língua portuguesa. Mesmo que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja sua língua materna, reconhecida por Lei, alguns surdos não tem acesso a materiais e ambientes adaptados o que dificulta o entendimento de quase toda informação que acontece ao redor.
Ao observar os problemas na aprendizagem de alunos surdos do Ensino Médio, o tradutor e intérprete de Libras Nemuel Lima utilizou suas habilidades como estudante de comunicação para criar um espaço virtual que servisse como ponte entre professor, intérprete e aluno. “Na época, quando era terceirizado do IFPB, eu via que os estudantes não conseguiam fazer atividades tarefas em casa, levavam livros para estudar para as provas e não conseguiam estudar, ficavam dependentes do intérprete. Alguns alunos chegavam no primeiro ano do ensino médio sem saber somar, tudo isso me deixou muito aflito”.
Quando passou a ser servidor efetivo, em 2016, Nemuel encontrou o ambiente necessário para transformar seu projeto em um aplicativo. Os ex-alunos Erycson Nóbrega, formado em Sistemas para Internet e o Designer João Fillipe Guimarães foram os reforços que faltavam para a ideia evoluir.
Assim nasceu o AtiveLibras, aplicativo em que o usuário tem acesso gratuito à videoaulas em Libras de todos os conteúdos básicos das disciplinas do Ensino Médio, além de provas adaptadas e outras atividades. O dispositivo também oferta o serviço de intérpretes para atender necessidades fora do contexto educacional, em hotéis, hospitais, congressos ou em qualquer lugar que houver uma barreira comunicacional para o surdo. Um dos principais apoiadores da iniciativa é a TV IFPB, que oferta o suporte técnico, editor e cinegrafista para a produção dos vídeos.
O AtiveLibras também oferece opções de planos pagos para contratos com empresas educacionais, para que a instituição possa liberar acessos a provas adaptadas para os estudantes. “A proposta do aplicativo é que a partir do nosso banco de dados, o professor possa escolher as questões e elabore sua prova. Caso ele queira questões com provas bem específicas, aí entra a contratação do serviço", destacou Nemuel”.
A iniciativa se destacou na seleção do InovAtiva Brasil e é uma das 300 startups que recebem um programa gratuito de capacitação, mentorias e conexão com investidores. “Está sendo uma experiência muito bacana, porque a gente começa com o projeto social, pensando apenas em resolver um problema, em melhorar a vida do outro. Mas agora, estamos levando uma injeção de ânimo muito forte com relação a olhar para o produto que começou como um TCC como carreira de mercado”. A iniciativa também foi finalista na Campus Mobile e ficou em segundo lugar competição promovida pelo Instituto Net Claro Embratel, em parceria com a Universidade de São Paulo, ano passado.
O aplicativo será lançado oficialmente no campus João Pessoa, no próximo mês, mas é possível conhecer o projeto através deste link. Uma das primeiras atividades após o lançamento será criar provas adaptadas dos cursos técnicos integrados, em seguida, dos cursos superior, além de disponibilizar minicursos. Todo o conteúdo irá conter legendas em português e dublagem, para que um ouvinte também utilizar o material e estudar a partir da plataforma. Além disso, o surdo que tem dificuldade na língua portuguesa, também poderá aprender um pouco mais, através das legendas. Após o lançamento, usuário de qualquer lugar do Brasil poderá ter acesso gratuitamente, pelo Google Play.
Além de cumprir um direito garantido por lei, Nemuel acredita que o projeto também é uma forma de valorizar a comunidade surda e garantir sua inclusão educacional. "Acredito que a educação é a arma pra fazer a sociedade mais justa e igualitária. O AtiveLibras é uma forma de sanar anos e anos de exclusão social que as pessoas surdas sofreram no decorrer da história. A partir do aplicativo, centenas de pessoas surdas terão um motivo a mais pra se orgulharem de sua identidade, se aceitarem como indivíduos perfeitos e serem vistos como pessoas iguais a todo mundo", finalizou.
Comunicação Social do campus João Pessoa