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Superação e inclusão: conheça a história do estudante Natanael Guedes
Quem já passou pelos corredores do bloco de Informática do Campus João Pessoa, nos últimos quatro anos, já deve ter visto Maria da Paz Cavalcanti da Silva e Natanael Guedes da Silva Neto, mãe e filho. Ele é estudante do curso superior de Sistemas para Internet e ela foi seu apoio e suporte durante toda a graduação. Os dois estão sempre juntos, como se um fosse a extensão do outro.
Se cursar o ensino superior é muitas vezes um caminho cheio de obstáculos, para o estudante de Sistemas para Internet, o desafio foi maior. Natanael teve paralisia cerebral após o nascimento, o que afetou sua capacidade motora e de equilíbrio. Por isso, ele necessita de ajuda para se locomover.
Natanael também precisa de algum tipo de auxílio para realizar algumas tarefas do dia a dia. “Às vezes me assusto com facilidade e posso me desequilibrar, então não me arrisco a pegar ônibus sozinho. Por isso, dependo da minha mãe e da mão de Deus para que eu possa seguir em frente em busca de meus objetivos”, conta o estudante.
A paixão pelos computadores e pela tecnologia começou cedo e despertou a curiosidade do estudante. Seu interesse pela área de informática fez com que ele escolhesse o IFPB para cursar Sistemas para Internet. E ele costuma se referir à instituição como sua “segunda casa”.
Para Natanael, dois fatores foram essenciais para esse sentimento de pertença: o bom acolhimento dos professores e a atuação da Coordenação de Assistência às Pessoas com Necessidades Específicas (Coapne), que disponibilizava profissionais para o auxiliarem em atividades acadêmicas.
Além disso, o estudante ressalta que no IFPB a possibilidade de participar de projetos de pesquisa, o auxílio para os estudantes e recursos de acessibilidade, como rampa, elevadores, também são elementos muito importantes que ajudam estudantes com deficiência a conseguirem seus objetivos acadêmicos.
No mês de setembro Natanael apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) “Sistema para atendimento estudantil e diário de atividades do IFPB”, dois módulos para o SUAP. Agora ele só espera a colação de grau para poder receber o diploma.
Quando perguntado sobre os principais obstáculos que teve que enfrentar, Natanael responde que foram: “cursar várias disciplinas pesadas, ter que apresentar projetos respondendo perguntas frente a frente e pegar o ônibus com chuva para poder assistir às aulas”. Mas também destaca pontos positivos como salas de aulas climatizadas e equipadas com Datashow, professores qualificados e o atendimento excelente da Coapne e da coordenação do seu curso.
Mesmo com todo esse suporte, o papel de dona Maria da Paz foi fundamental para conquista de conclusão do curso superior de Natanael. Todos os dias, ela conciliava as atividades de dona de casa e mãe de dois filhos para estar ao lado dele em sala de aula. “Na verdade, eu o acompanho desde o nascimento, na fisioterapia, na escola fundamental. Minha luta foi sempre para que um dia ele entrasse na universidade. Aqui, no IFPB, não lembro de ter faltado nenhum dia”.
Dona Maria da Paz lembra com carinho de todos os momentos que viveu no IFPB e diz que já sente saudade. “Aqui é a nossa segunda casa, eu agradeço demais o apoio que recebemos aqui, desde o professor a equipe da limpeza, todos estavam dispostos a ajudar. Eu estou feliz, mas já sinto falta de vir para o IF”.
Por tudo isso, Natanael reconhece que o auxílio da mãe foi fundamental. “Agradeço a Deus, a minha mãe e irmã que foram a base para que eu pudesse alcançar a minha tão sonhada graduação. Sinto-me muito feliz de ter realizado meu sonho”, finaliza.
O professor Francisco Petrônio Alencar de Medeiros, que ministrou duas disciplinas a Natanael, além de ter sido seu orientador em um projeto de iniciação científica (CNPq) e no estágio supervisionado (TCC) conta que ele sempre foi um estudante muito assíduo, dedicado e proativo. “O projeto de iniciação científica de Natanael foi premiado no CONNEPI 2016 como melhor trabalho científico da área interdisciplinar. Infelizmente ele não estava em Maceió, mas eu vibrei por ele. E na defesa do TCC, Natanael foi aprovado com merecidos elogios pela banca”, frisa o docente.
Entre os momentos marcantes em sala de aula, o orientador lembra que realizou uma atividade, do tipo Quiz, para revisão de alguns conteúdos estudados e, para isso, usou uma ferramenta chamada Kahoot. Para participar, os alunos precisavam ter conhecimento para responder as perguntas e agilidade, pois quanto mais rápida a resposta correta, maior era a pontuação. “A turma tinha aproximadamente 18 alunos e Natanael foi o vencedor do jogo, ganhando o prêmio após 10 questões técnicas. Particularmente eu fiquei bem impressionado”, comentou.
Para Petrônio a presença de estudantes com deficiência em sala de aula enriquece o aprendizado e torna as turmas, de forma geral, mais sensíveis à colaboração e cooperação. “No caso de Natanael, os colegas tinham muito prazer em ajudá-lo quando necessário”. O professor também reforça que essa interação traz muitos benefícios para todos os estudantes, que passam “a ser mais tolerantes e preparados para encontrarem uma situação semelhante no mercado de trabalho ou até mesmo na academia”.