“O termo Ergonomia vem do grego Ergo, que significa trabalho, e Nomos, que significa normas, leis. Então, a ergonomia se refere às normas do trabalho e sua adaptação ao homem e à mulher”. Essa é a primeira explicação sobre o tema da fisioterapeuta Sânzia Ribeiro, que possui mestrado em Engenharia da Produção, na área de Ergonomia. Ela amplia a aplicação desse campo do conhecimento para todas as atividades do cotidiano, dentro e fora de casa.

Sânzia reforça que os conceitos e conhecimentos da Ergonomia estão relacionados a várias áreas do conhecimento como saúde, a economia, engenharias, administração, arquitetura e design, entre outras. Então, além da ergonomia física, que se relaciona às posturas, aos movimentos e à adaptação a mobiliário e equipamentos, existem outros ramos da Ergonomia, como a cognitiva e organizacional.

“Quando se fala em organização do trabalho, por exemplo, estamos lidando com aspectos que também influenciam a questão da saúde, da segurança, do conforto, que são premissas da ergonomia”, explica Sânzia. Esses aspectos apontam para a importância do cuidado com a saúde e bem-estar das pessoas em suas atividades laborais, para que o trabalho não esteja relacionado ao sofrimento e adoecimento.

Em relação à análise ergonômica do ambiente de trabalho, alguns elementos são importantes como: temperatura, iluminação, ruído, vibração, além dos aspectos de postura, movimentos, equipamento, mobiliário e a própria organização do trabalho, como descrito na NR 17-Norma Regulamentadora.

Esses aspectos também são fundamentais no Home Office ou teletrabalho, modalidade que teve um aumento significativo e repentino devido a necessidade de isolamento social. Segundo Sânzia, nesse período de trabalho em casa, a principal queixa que as pessoas têm relatado são as dores na coluna, principalmente na região lombar e na região cervical, que estão relacionadas a Lesões por Esforços Repetitivos-LER e Doença Osteomioarticulares Relacionada ao Trabalho-DORTs.

Para a fisioterapeuta, com o isolamento houve um aumento do sedentarismo. “As pessoas restritas em casa acabam diminuindo ou muitas vezes eliminando a realização de atividade física, que se realizava com uma certa frequência”, frisa Sânzia.

Outro fator que acentua os problemas físicos é a falta de organização de uma rotina de trabalho em casa e a sobrecarga de funções, já que as tarefas domésticas, cuidado com os filhos em tempo integral se acumulam às atividades de trabalho. Além do desgaste físico, esse excesso de atividades por causar o aumento de estresse, ansiedade e outros transtornos mentais.

Dentro do campo da ergonomia física, Sânzia alerta que para traçar um diagnóstico adequado é preciso conhecer o processo e as condições de trabalho, para poder fazer recomendações específicas. Uma orientação importante para quem trabalha sentado e usa computador, que é o caso da grande maioria das pessoas que estão em Home Office nesse momento, é escolher o local adequado para ele desenvolver o seu trabalho.

“Um local, que na medida do possível, seja livre de barulho, de interferências do resto da casa, um local em que a pessoa fique o mais concentrado possível”, reforça Sânzia. Se não for possível se isolar em relação ao ruído e as interferências externas, o ideal é combinar com os demais membros da família o horário que será necessário para desenvolver atividades do trabalho.

Outra recomendação é realizar o trabalho com intervalos e pausas. “Se eu tenho que executar uma tarefa, devo realiza-la em intervalos de tempo. Por exemplo, trabalhar 25 minutos e pausar cinco minutos, depois mais de 25 minutos de trabalho e mais cinco minutos de pausa. Mas tudo vai depender da previsão de cada tarefa que você precisa executar”, esclarece Sânzia. Ela completa que algumas pessoas preferem trabalhar com intervalos de 50 minutos ou uma hora de trabalho e ter 10 ou 15 minutos de pausa.

“Essas pausas podem ser aproveitadas para a pessoa se levantar, se esticar e mudar de postura para não permanecer sentado por muito tempo”, completa a fisioterapeuta. Ela explica que mesmo com a postura mais adequada, ficar numa mesma posição pode acarretar alguns problemas, por isso o ideal para quem trabalha sentado, é aproveitar essas pausas para ficar em pé e se alongar.

Com relação ao mobiliário é preciso ter uma cadeira confortável. “O maior investimento que deve ser feito é numa cadeira confortável, de preferência uma ergonômica que seja ajustável”, reforça Sânzia. Ela destaca, ainda, que a cadeira ergonômica é importante porque nela é possível ajustar o assento, o encosto e, em alguns casos, até a altura dos braços.

O computador tem que estar na altura em que o olhar da pessoa fique na linha do horizonte, para não abaixar a cabeça. Também é importante evitar inclinar o tronco para frente e manter a coluna ereta. “A cadeira deve ter uma leve inclinação do encosto, aproximadamente de 100°, porque a 90º se elimina a curvatura fisiológica da lombar. A eliminação dessa curvatura traz prejuízos porque, a pessoa começa a jogar muito peso do corpo em cima dos discos intervertebrais e essa sobrecarga, pode ocasionar hérnia de disco”, alerta a fisioterapeuta.

Para quem está sentindo algum desconforto ou incômodo, o ideal é procurar um atendimento especializado. Mesmo com isolamento, profissionais como fisioterapeuta estão prestando assistência online. Segundo Sânzia, para os casos relacionados de alguma forma ao trabalho deve-se procurar um fisioterapeuta habilitado em ergonomia dará orientações mais adequadas ao perfil do trabalho.

“Temos como desenvolver um programa educativo incluindo conteúdos relacionados às orientações para o trabalho em Home Office, além da prática de exercícios terapêuticos, posturais, de autoconhecimento, que ajudam na manutenção no fortalecimento e músculos e na melhora da consciência corporal”, reforça Sânzia. Além disso, esses profissionais também recomendam técnicas de relaxamento, de respiração e até pilates.

A fisioterapeuta conta que tem trabalhado com orientações online atendendo individualmente e dado algumas dicas em seu perfil nas redes sociais https://www.instagram.com/sanziabr/. Ela aconselha as pessoas a procurarem um profissional de sua confiança e buscar um acompanhamento e recomendações de profissionais especializados.

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