Recordar é viver. Frase bastante conhecida que tem refletido alguns comportamentos nessa quarentena. Basta dar uma olhada nos perfis e postagens das redes sociais para constatar que a nostalgia tem feito com que as pessoas revivam momentos do passado, seja assistindo a lives de músicas antigas, a reprises de filmes e séries.

Uma das atividades mais frequentes são os jogos de tabuleiros, games antigos. Muitos pais têm aproveitado o momento para ensinar aos filhos as brincadeiras das suas épocas  infância, como dos anos 1980 e 1990. Para muitos não é apenas maus uma interação com as crianças, mas “um tempo para revisitar memórias e relembrar bons momentos”, afirma a professora Lilian Cardoso.

Lilian conta que durante o isolamento, aproveitou o tempo recordar com carinho a infância com seu pai, que faleceu há seis anos. “Comecei cozinhando um prato que meu pai fazia em momentos especiais, era um cuscuz, que ele chamava de “cuscuz 40”. Foi uma maneira de me reconectar com as boas lembranças de quando estávamos todos juntos”.

Assistir a filmes e escutar a trilha sonora da infância e da adolescência também fizeram parte da quarentena da docente, que afirmou se sentir reenergizada e deu boas risadas ao lembrar de momentos leves que marcaram sua vida. Além disso, Lilian ensinou algumas brincadeiras para seus filhos.

“Brincamos de roda, fizemos contações de histórias, pinturas em gesso, esconde-esconde, seu rei mandou dizer. É uma delícia reviver esses momentos. Ver em nossos filhos as crianças que um dia fomos e ao mesmo tempo, relembrar que somos ainda crianças, apenas crescemos”, disse animada.

O professor Leandro Santos acredita que o isolamento tem feito com que as pessoas fiquem mais sensíveis e tentem se reconectar com memória de experiências vividas com amigos e familiares. Para ele o sentimento é de saudade, de falta da presença física. “Estamos com saudade dos nossos momentos de lazer, de abraçar as pessoas queridas da nossa família e os nossos amigos, de ver e dialogar com os nossos alunos, dos colegas de trabalho e do nosso ambiente de trabalho”.

Leandro conta que, junto com sua esposa, tem aproveitado esse momento para rever os antigos álbuns de fotografia e relembrar mementos desde quando se conheceram. “Tem sido maravilhoso, até encomendamos um álbum novo”.

Com ajuda da tecnologia, outra atividade realizada com frequência na quarentena é o encontro virtual com antigos colegas de escola. Lilian e Leandro passaram por essa experiência nesse período. A professora se reuniu virtualmente com amigos do ensino médio, do IFPB, que na época se chamava na época Escola Técnica Federal da Paraíba. “Nós nos conhecemos já há 15 anos. Senti gratidão, por estarmos todos bem e com saúde”.

Já Leandro reviu os colegas da época da faculdade. Para o docente o encontro possibilitou reviver situações engraçadas, relembrar momentos importantes e falar sobre o que estão fazendo durante a pandemia, como quais livros foram lidos e filmes e séries assistidos. “Rever esses amigos é sempre uma experiência muito boa, mesmo em reuniões virtuais. Aproveitamos para revisitar as nossas memórias, comer e beber juntos, como se estivéssemos num encontro presencial”.

A nostalgia pode ter algo de melancólico para alguns, mas para outras pessoas pode ser o momento de relembrar boas experiências de vida e reviver momentos agradáveis. Lilian contou que algumas memórias a deixaram mais sensível, por despertar a saudade de compartilhar momentos em família, quando era criança.

Para Leandro, “revisitar essas memórias tem sido muito bom. Pois, encontrar os amigos é sempre uma coisa muito boa. Em momentos como o que estamos vivendo, rever os amigos ajuda a manter a sanidade mental e a disposição para continuar em segurança, para poder revê-los tão logo a pandemia acabe”, finalizou.

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