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Atividades de ensino não presenciais: o que mudou para alunos e professores?
Com o início das Atividades de Ensino não Presenciais (AENP´s), professores e estudantes tiveram que superar desafios e se adaptar a novas configurações do processo de ensino e aprendizagem.
A professora Josali do Amaral, que coordena a educação a distância do Campus João Pessoa e o retorno das atividades, conta que o primeiro obstáculo enfrentado foi a dimensão do campus, que tem uma comunidade acadêmica de quase 6.000 membros entre discentes, docentes e servidores dos mais diversos setores administrativos e de apoio ao ensino. “O retorno foi preparado considerando muitas variáveis: a quantidade de cursos; a complexidade dos conteúdos e a diversidade de disciplinas; a formação profissional que exige aulas práticas; as necessidades dos alunos com deficiência; a diversidade social e cultural dos nossos estudantes; e as dificuldades materiais que afetam a sociedade neste momento”, esclarece Josali.
A docente relembra que a preparação para o retorno incluiu também a aplicação de questionários, ligações individuais para alguns estudantes e muita análise e cautela nas decisões tomadas por gestores. Enquanto isso, o Departamento de Assistência Estudantil se empenhava na busca por recursos para viabilizar meios de atender todos os discentes. Josali acredita que cada desafio tem sido superado graças ao empenho de diversos profissionais de várias áreas, que buscam “prestar um serviço público essencial com qualidade”.
Semanas após o início das atividades, o momento é de adaptação à nova metodologia de ensino, marcado por diversos ajustes na relação entre professores e estudantes. “A escolha da plataforma Google para o desenvolvimento das AENP’s foi pautada essencialmente pela facilidade de ser manuseada pelo aparelho portátil e pelo seu desenho intuitivo que permite uma adaptação mais rápida ao uso das ferramentas disponibilizadas”, explica Josali.
Na visão dos alunos, o primeiro desafio foi se habituar à utilização do e-mail acadêmico, necessário para participar das aulas por meio de videoconferência e realizar as atividades. A rotina de estudos mudou bastante, já que cada estudante tem uma realidade diferenciada, muitos não têm uma boa conexão com a internet nem um ambiente adequado para estudar em casa. Pensando nessas diferentes condições, na metodologia das AENP’s, cada disciplina ofertada no curso ocorre num dia da semana, ministrada por meio de videoconferência (aula síncrona) e com duração de uma hora. Para completar a carga horária semanal, são disponibilizados outros recursos didáticos digitais, que podem ser consultados off-line.
Esse formato requer que os alunos acompanhem atentamente as AENP’s, para estabelecer uma rotina. O discente precisa conferir quais disciplinas serão oferecidas, identificar qual dia da semana cada uma das disciplinas é disponibilizada na plataforma, assistir à aula síncrona e ficar atento às recomendações do professor, além de reservar um horário para consultar o material disponibilizado. Claro que todo esse processo é flexível e deve se adequar às necessidades de cada estudante, mas a sequência de atividades deve ser cumprida.
Desde a ambientação dos alunos, que aconteceu a partir do dia 27 de agosto, os estudantes têm à disposição nas salas virtuais (Google Classroom) um espaço para tirar dúvidas, relatar os problemas e exercitar o uso das ferramentas de aprendizagem. Também há diversos tutoriais que orientam sobre os hábitos que podem melhorar o aproveitamento do ensino e aprendizagem por meios digitais. “Além disso, a gestão do campus permanece estudando a possibilidade de disponibilizar recursos para ampliar os auxílios aos alunos que precisam de apoio material para continuar assistindo as aulas on-line”, acrescenta a docente.
O Departamento de Assistência Estudantil, o Departamento de Articulação Pedagógica e a Coordenação de Educação a Distância do Campus João Pessoa estão desenvolvendo ações junto aos alunos e professores que encontram dificuldades. Esse esforço é uma atividade nova para todos os profissionais envolvidos, por isso demanda tempo, ajustes e aperfeiçoamento.
Para o estudante do curso de Engenharia Civil, Alexandre da Silva, o retorno das atividades de ensino não tem sido complicado, porque ele já tinha estabelecido uma rotina de estudos para revisar alguns assuntos abordados no curso no período anterior a pandemia. O principal obstáculo é a conexão da internet, que ainda oscila muito.
Alexandre destaca que a equipe de docentes está dando um suporte muito importante nesse período de adaptação. “O apoio que os professores estão oferecendo através de horários diferenciados para dúvidas e aulas é importante. A lógica encontrada para o retorno das atividades foi bem planejada”, frisa o estudante.
Já Lucila Araújo, que cursa Engenharia Elétrica, afirma que a adaptação à nova rotina tem sido um pouco difícil, por ter que conciliar os estudos com as atividades de casa e também com o trabalho, mas ela acredita que vai melhorar. “A ideia de poder rever as aulas é algo muito bom, fazer seu horário, mas é exigido muito foco e responsabilidade para não se perder”, completa. Como sugestão, Lucila aponta que deveriam ter monitorias em todas as disciplinas, ao menos uma vez por semana, para auxiliar os estudantes nas atividades.
Ana Cecília dos Santos, estudante do curso técnico Integrado em Contabilidade, também acredita que a forma que a instituição organizou o retorno, com horários flexíveis, está fazendo com que a adaptação seja bem tranquila. Mas o desafio agora é se acostumar novamente a estabelecer uma rotina de estudos.
“Uma das coisas que tem me ajudado foi a realização de uma tabelinha onde eu anoto as matérias, horários das aulas, atividades, o dia em que eu vou fazer determinada atividade e a data de entrega. Eu estou sempre atualizando essa tabela, já que nunca falta atividades para fazer e, assim, eu vou tentando me adaptar a essa grande demanda”, explica. Ela acredita que para concluintes do Ensino Médio essa rotina é um pouco mais intensa, pois eles têm que pensar no TCC e na preparação para o Enem.
Sobre o reencontro com a turma, mesmo que virtual, ela afirma ter sido uma experiência um pouco contraditória. “Foi boa e bizarra ao mesmo tempo. Boa porque depois de meses, a gente finalmente se encontrou de novo, mas foi bem bizarro, por pensar que a última vez que eu de fato tive contato com eles foi em março. Eu espero muito que ano que vem a gente possa se encontrar presencialmente e matar a saudade da rotina boa e atrapalhada, que a gente sempre reclamava, mas amava”.
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