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Cooperação entre Moçambique e Brasil é tema de palestra do último dia da XV SECT

Cidadania, motivação na era digital e conexão com a natureza também foram assuntos abordados nessa sexta-feira (20)
por publicado: 20/11/2020 15h03 última modificação: 20/11/2020 15h04

“Hoje, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra que nos lembra a trajetória dos negros e negras brasileiros que fizeram a história desse país. Data para ser lembrada como dia de resistência, dia para não esquecermos essa história de lura e reivindicarmos direitos para a população negra”. Com essas palavras o coordenador de pesquisa, professor Leandro José Santos, iniciou a mediação da palestra Trilhas Moçambique – Brasil: “afetitude” e conectividade, proferida pelo professor Alberto José Mathe.

O docente africano falou sobre o projeto desenvolvido no doutorado de Turismo da UFRN, mostrando a importância da conexão entre os dois países, numa troca de experiências, que possibilitou a inserção dos participantes em comunidades moçambicanas. “Partilhar o dia a dia com a comunidade, que está em situação de extrema vulnerabilidade social, foi importante para o crescimento de todos”.

Alberto reforçou que além das atividades realizadas com os adultos, os momentos com as crianças, por meio das oficinas de contação de história, de leitura e pintura, foram marcantes. “A troca de afeto e a alegria que partilhamos com elas nas oficinas e as pequenas ações tocaram os corações das crianças e dos participantes do projeto”.

Na palestra Cidadanias mutiladas: a vida na cidade no período técnico-científico-informacional, a professora Caroline Bulhões falou sobre a relação entre as transformações espaciais e as transformações sociais causadas pelo desenvolvimento da tecnologia. “A forma como se experiencia o mundo mudou, porque antes nossa experiência era coletiva e passou a ser centralizada no indivíduo”, comentou.

“A exclusão social está na base da formação social brasileira. O centro é a tecnologia e não o homem, como se a técnica fosse capaz de resolver os problemas sociais”, ponderou Carolina. A docente destacou que preparação de infraestrutura para instalação das tecnologias atuais, primeiro é feita para as corporações, priorizando a instância econômica, depois parte da sociedade recebe essa infraestrutura, mas sempre há exclusão de cidadãos nesse processo. “Nossa reflexão deve ser como a tecnologia pode garantir direitos básicos e sociais”, finalizou.

Como criar um ambiente motivador na era digital? foi o tema da apresentação de Luciana Crespim. Para a palestrante, ao inaugurar a digital, a internet tem mostrado o quão importante é a experiência. “O momento atual é do propósito, da vontade de realizar alguma coisa, fazer sentido e deixar um legado. E isso influencia o modo como consumimos”, explicou.

Luciana afirmou que a motivação está relacionada diretamente à emoção, que é a moeda de troca da experiência no comportamento das pessoas dentro da era digital. Por isso, os valores predominantes nas relações de consumo digital têm que ver com inclusão, pertencimento e propósito. “Saber qual valor me motiva a ser melhor e entender o que é motivador para o meu público são fundamentais. Quando entendemos isso, conseguimos criar ambientes virtuais motivadores”, ressaltou.

A palestrante encerrou sua participação enfatizando a importância de as pessoas reaprenderem o que é estar juntos e criar outros tipos de conexões nesse período de isolamento social, por causa da pandemia.

O arquiteto Marko Brajovic apresentou a palestra Conexão criativa com a natureza e mostrou como projetos criativos podem estar em harmonia com a natureza, sua maior inspiração ao realizar diversos trabalhos ao redor do mundo. “A natureza é um design. Não posso imaginar outro processo de ideias mais eficaz, inteligente e inovador do que a natureza”, afirmou.

O atelier dirigido por Marko faz a correlação entre processo, forma e desenvolvimento de projetos a partir da observação da natureza, por isso diversos profissionais atuam em conjunto, entre eles arquitetos, biólogos e designers de produtos. O arquiteto frisou que a inspiração da natureza, design paramétrico e valorização do trabalho humano têm que trabalhar juntos.

Em sua apresentação Brajovic também falou da importância de se valorizar a arquitetura indígena, que em sua opinião tem a relação entre o que é ancestral e futurista, por ser uma arquitetura altamente sofisticada e evoluída. Ele aproveitou para ressaltar que no Brasil os projetos deveriam integrar a arquitetura com a natureza.

“Temos que ter essa percepção ecossistêmica, respeitando as outras espécies. Nós fazemos parte desse organismo que é a natureza. Por isso, temos que pensar uma arquitetura para todas as espécies não só para os seres humanos”, salientou ao finalizar sua apresentação.

 

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