Uma doença onde a maioria dos casos de transmissão começa dentro de casa, assim é a dengue. O mosquito transmissor, o Aedes aegypti, vem encontrando nesse período do ano o cenário ideal para se procriar: altas temperaturas e chuvas intermitentes. Somando-se a isso está o descuido das pessoas, já que segundo especialistas 75% dos focos estão nas residências em águas paradas acumuladas em objetos como garrafas, sacos de lixo e vasos de plantas.

Quem já teve a doença lamenta o desconforto e o medo de evoluir para um caso mais grave. Como foi o caso da estudante do Curso Técnico Integrado em Contabilidade do Campus João Pessoa, Ana Beatriz. “O período em que tive dengue, felizmente, não foi muito longo. Eu já tive dengue outras vezes e sabia mais ou menos como lidar com essa situação. Uma das vezes eu estava em sala de aula quando passei mal, e ai piorei, depois não conseguia nem levantar da cama” disse.

A endocrinologista Ana Luíza Rolim, que atua no setor médico do Campus João Pessoa, lembra que, normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta que pode chegar a 40°C, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, indisposição, manchas avermelhadas na pele, vômito e até diarreia. “Na fase inicial da doença o diagnóstico pode ser feito através de um exame de sangue e na fase posterior pode-se pedir uma dosagem de anticorpos. É importante que a pessoa em caso de suspeita de dengue procure um médico, porque a doença pode evoluir para um caso mais grave ” disse.

Dra. Ana reforça a necessidade da pessoa acometida com dengue manter uma boa hidratação oral e ficar atenta a situações como “uma desidratação mais grave e dores abdominais intensas, sangramentos e alterações neurológicas como sonolência, o que pode indicar um alerta para a dengue hemorrágica”. O Aedes aegypti também pode transmitir outras arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos) como a Zica e Chikungunya. “Nos casos suspeitos de dengue no quadro febril inicial, deve-se evitar medicamentos que podem precipitar algum sangramento, como aspirina e AAS (Ácido Acetilsalicílico)” alerta a médica que ressaltou a importância da vacina contra a dengue que confere imunidade para os quatro sorotipos da dengue. Inicialmente a vacina está sendo disponibilizada para adolescentes entre 10 a 14 anos, mas em breve deverá ser estendida a outras faixas etárias.

Até o fechamento desta matéria o Ministério da Saúde havia contabilizado 1.253.919 casos prováveis da doença ao longo deste ano, com 299 mortes confirmadas. Nove estados já decretaram emergência por dengue. O ano de 2024 na Paraíba já contabilizou mais de 2 mil casos de dengue e quatro mortes por arboviroses, sendo três por dengue (em Campina Grande, Conde e Camalaú) e uma por chikungunya (em Sapé). Outros casos seguem em investigação.

O pesquisador e professor de Epidemiologia, Luan Aragão Rodrigues, do Campus Sousa, lembra que os casos de dengue podem ocorrer em qualquer lugar dependendo das condições de proliferação do vetor.” É preciso conscientizar a população para eliminar água parada, armazenada, que pode se tornar possíveis criadouros. Estudos e projetos na área para descobrir novas formas de controlar o vetor da dengue devem ser incentivados" disse.

Em João Pessoa a prefeitura montou um serviço para denunciar possíveis focos da dengue e esclarecer dúvidas da população a respeito da doença. O WhatsApp ‘Xô, Aedes’ atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30, e aos sábados das 8h às 11h30, através do número (83) 98825-0549.

O site do Ministério da Saúde disponibiliza outras informações de prevenção e combate à dengue.

*Texto: Heranir Oliveira / Arte: Luzivan Silva- Programador Visual do IFPB