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Primeira técnica musicista com Síndrome de Down do país fará recital na próxima sexta (17)

Tatiane Cristina Gomes Costa é estudante do Curso de Instrumento Musical do IFPB Campus João Pessoa
por publicado: 15/06/2022 16h27 última modificação: 15/06/2022 16h30

Inclusão, no real sentido da palavra, faz parte da missão do IFPB e tem proporcionado uma mudança na instituição, nas pessoas e na sociedade. O ato de incluir pessoas com deficiência traz diversos benefícios não só para elas, mas principalmente, para a comunidade que as acolhe. Um dos frutos da inclusão promovida pela instituição será a realização do Recital de Conclusão de Curso da primeira técnica musicista com Síndrome de Down da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

Tatiane Cristina Gomes Costa, estudante do Curso de Instrumento Musical do IFPB Campus João Pessoa, vai apresentar um repertório composto por 10 músicas escolhidas por ela. Entre as composições estão a 9ª sinfonia de Beethoven, Asa Branca e Como é Grande o meu Amor por Você. O recital será realizado no auditório José Marques, dia 17 de junho, às 17h. O evento é fruto de uma parceria entre o IFPB Campus João Pessoa e o Núcleo 1 da Escola Estadual de Música Anthenor Navarro - EEMAN.

“O referido evento é de relevância histórica para ambas instituições de ensino e um marco importante do avanço das políticas públicas para pessoas com deficiência no acesso à educação profissional. Tatiane será a 1ª Técnica Musicista com Síndrome de Down a se formar a nível nacional, devidamente atestada pela Associação Nacional de Educadores Inclusivos - ANEI Brasil”, frisa a orientadora da estudante, professora Marina Marinho.

A docente lembra que os resultados da inclusão social no IFPB ficaram mais evidentes a partir de 2012, quando a instituição intensificou o trabalho de acolhimento e atenção às demandas dos estudantes com deficiência. Na época, o curso de Instrumento Musical recebeu duas alunas com deficiência visual, Danielle e Priscilene.

Marina descreve que a experiência com essas discentes foi muito sadia e frutífera. Na época, a Coordenação de Assistência às Pessoas com Necessidades Específicas -Coapne passou a ser estruturada institucionalmente, com a contratação de profissionais e aquisição de equipamentos. Para a professora, o apoio da gestão ao longo dos anos tem feito com que os estudantes com deficiência se matriculem em qualquer curso do instituto.

“Tati foi minha primeira experiência com uma adolescente com Síndrome de Down. Então, a gente terminou fazendo uma parceria com a escola, na época Juarez Jonhson, do Espaço Cultural, na qual ela teve aulas com as professoras Rafaela e Miriam e, atualmente, com Erika Alves, que é egressa do curso de Instrumento Musical do IFPB. Foi um alinhamento importante”, contou Marina.

A parceria com os professores da antiga escola Juarez Jonhson, os professores Erika Alves (violino) e Leonam Braga (piano) foi essencial para o trabalho desenvolvido com Tatiane e para a realização do recital. Marina lembra que foi por meio da professora Erika que Tatiane optou por se inscrever no IFPB e que, até hoje, Tatiane estuda violino no Núcleo 1 da EEMAN.

O trabalho realizado em conjunto e as ações de inclusão do IFPB geraram o crescimento da estudante, tanto musical quanto pessoal. “Nos primeiros meses, a mãe dela ficou preocupada com o tamanho da instituição. Mas a gente viu Tati dominar a vida dela, andar por aqui naturalmente, conversar com todo mundo e as pessoas são muito carinhosas com ela”.

Para a docente, esse crescimento também veio com a participação da estudante na Orquestra de Cordas do IFPB-OCIFPB. Tatiane foi a primeira aluna com deficiência que se interessou em participar da orquestra. “Como coordenadora do grupo, eu me perguntei: por que não? Ela tem direito de participar e o grupo tem que acolhê-la”, comentou Marina. Foi necessário fazer algumas adaptações para que isso acontecesse: foi o naipe de 3º violino e produzidas partituras mais facilitadas e ampliadas, porque Tatiane também tem baixa visão.

A mãe da estudante, a senhora Ana Maria de Lima Gomes, afirmou que o trabalho de acolhimento desenvolvido no campus, como a disponibilidade de uma ledora que a acompanhava nas aulas, foi fundamental para que Tatiane se sentisse bem na instituição e pudesse aproveitar todas as oportunidades. Ana Maria acredita que a experiência vivenciada pela filha no IFPB foi muito diferente das escolas anteriores, principalmente porque ao observar a independência dos outros estudantes, Tatiane quis vivenciar isso também. Depois fazer amizades, ela começou andar por todos os espaços da instituição.

“Foi muito positiva essa experiência, no sentido de ela se sentir à vontade e querer experimentar tudo que os outros faziam. Nessa mesma época, ela começou a participar da orquestra, com muitas apresentações e se envolveu muito com a música. Eu notei que ela estava evoluindo como pessoa também, não era só a parte educacional”, ressaltou a mãe de Tatiane.

Tatiane estuda no Campus João Pessoa desde 2019 e disse que o IFPB foi melhor escola em que estudou. Na instituição, ela realizou o sonho de tocar em uma orquestra. A estudante é uma aluna bem aplicada, assídua e faz amizade fácil. Ela disse que ao entrar no instituto conquistou mais autonomia.

Sobre o recital, Tatiane falou que escolheu músicas que marcaram sua vida, como a 9ª sinfonia de Beethoven, que foi a primeira que tocou “tirando” de ouvido e a que mais gosta é “Como é Grande o meu Amor por Você”. A aluna está muito animada e estudando para fazer o recital.

 

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