O portal do IFPB entrevistou nesta terça-feira (12) o Reitor Nicácio Lopes. A ação faz parte de uma série especial de entrevistas que serão publicadas ao longo das próximas semanas com o objetivo de apresentar para a comunidade os novos gestores eleitos e realizar um balanço do processo eleitoral.

O Reitor Nicácio Lopes recebeu os jornalistas da Reitoria e falou sobre as principais conquistas da sua gestão, os próximos passos para a nomeação da nova reitora e ainda realizou um balanço sobre o processo eleitoral. A entrevista foi mediada pelo jornalista Gustavo Rodrigues.

Filipe Donner – Qual a sua avaliação acerca dos resultados das eleições para Reitor e Diretores-Gerais no IFPB?

Reitor Nicácio - Essa eleição é histórica sob vários aspectos. Primeiro, pelo próprio evento. A renovação dos quadros gerenciais sempre é um momento importante porque nós estamos tratando do futuro da Instituição. E desta vez nós tivemos uma eleição que se notabiliza por uma peculiaridade: pela primeira vez em toda a história da Instituição foi escolhida uma mulher como líder máximo do IFPB. Nós tivemos uma quebra de paradigma no IFPB, uma justa homenagem a todas as mulheres. Uma mulher à frente da gestão significa sensibilidade, significa um olhar sensível para as causas públicas.

Num segundo aspecto, eu gostaria de ressaltar as qualidades da nossa reitora eleita, uma mulher que conhece profundamente a Instituição, em todos os eixos temáticos; gestora por muitos anos e tem um vínculo com a essência identitária da Instituição, por ter sido aluna, professora e doutora na área de Mecânica. Ela conhece profundamente a Instituição.

Um terceiro aspecto diz respeito à avaliação da gestão. Quando uma gestão chega a oito anos, é natural que haja desgastes. Mas a reitora eleita teve o maior percentual da história da rede federal de educação. Nunca um reitor ou reitora obteve um desempenho igual. Um candidato obter 92,61 % dos votos é impressionante, é fenomenal. Foi uma votação extraordinária. Eu estou muito feliz porque esses números apontam também para uma boa avaliação da atual gestão.

Patrícia Nogueira - A partir de agora, quais os próximos passos em relação à nomeação da próxima Reitora?

Reitor Nicácio - Nós vamos ter uma reunião do Conselho Superior na próxima segunda (18) com a seguinte pauta: homologação do resultado das eleições. Após a homologação, a Comissão Central Eleitoral irá instruir o processo e encaminhá-lo para o Ministério da Educação. Em Brasília será feita a análise de conformidade e instrução processual, passando pela área jurídica do MEC, depois pela Casa Civil da Presidência e por fim irá para a assinatura do presidente. O presidente é quem nomeia os reitores e reitoras dos Institutos Federais.

O processo de consulta é disciplinado pela lei federal 11.892, artigos 11, 12 e 13. Esses artigos são regulamentados pelo decreto federal nº 6986, que estabelece que, a partir da deflagração do processo, o prazo é de 90 dias para a sua finalização. O processo de consulta foi deflagrado no dia 19 de janeiro, então cumpriremos o prazo regimental.

No entanto, a nomeação da nova reitora por parte do Presidente só deve acontecer depois do dia 23 de outubro que é quando encerra o meu mandato atual.

Heranir Oliveira – Em relação à eleição dos diretores-gerais, eles serão nomeados agora ou é a nova reitora que os nomeará?

Reitor Nicácio – Os mandatos dos diretores-gerais eleitos terão a mesma duração que o mandato da nova reitora. O mandato do atual reitor e o dos atuais diretores-gerais termina dia 23/10/2022. Logo após a nomeação da professora Mary Roberta, prevista para o dia 24/10/2022, ela nomeará os diretores-gerais eleitos neste pleito.

Patricia Lins - Como o senhor avalia a significativa participação dos servidores do IFPB no dia da votação para a escolha do(a) futuro(a) reitor(a) e dos diretores dos campi?

Reitor Nicácio - Quando o processo eleitoral foi deflagrado, em 18 janeiro de 2022, o mundo passava por um momento muito crítico da pandemia da Covid-19, principalmente devido à disseminação da variante Ômicron. Desta forma, o Consuper optou por um processo de consulta eletrônico, à distância. No entanto, ao longo dos últimos meses e devido à dinamicidade da própria pandemia, houve a diminuição no número de casos de Covid-19 e o Consuper se reposicionou pela presencialidade no momento da votação.

A partir dessa decisão, havia um certo receio quanto ao comparecimento da comunidade acadêmica às urnas, visto que o período em que a votação ocorreu ainda havia, em algumas unidades, a prevalência do trabalho remoto e também de aulas remotas.

No entanto, o que vimos foi uma boa adesão dos docentes e técnico-administrativos, bem como dos discentes, que foram depositar o seu voto no último dia 04 de abril. Segundo levantamento feito, em comparação à eleição de 2018, ocorreu um aumento de cerca de 10% no número de votantes nos seguimentos professor e aluno.

A nosso ver, isso indica que a comunidade, que historicamente sempre participou ativamente nas consultas para dirigente máximo da instituição, demonstrou mais uma vez interesse e preocupação com o futuro do IFPB. Tivemos realmente uma boa participação, com um ótimo envolvimento da comunidade no processo eleitoral em todas as unidades do Estado.

Iris Souto Maior - Qual o maior desafio que a nova gestão do IFPB deve enfrentar, tendo em vista a conjuntura nacional?

Reitor Nicácio - O grande desafio da próxima gestão será manter a autonomia da Instituição, garantir um processo democrático, participativo e dialógico com a comunidade. Temos grandes desafios. O desafio do orçamento baixo sempre vai existir, entretanto, o papel do gestor não é o de lamentar a falta de dinheiro, o desafio do reitor é buscar os recursos para melhorar a infraestrutura. Precisamos construir Restaurantes Estudantis nos campi em implantação, dotar nossa territorialidade de equipamentos esportivos, que podem qualificar o processo de ensino, fazer com que o estudante tenha o acesso, a permanência e o êxito nas nossas escolas. Um grande desafio é fazer com que os estudantes tenham orgulho de pertencer a nossa instituição e que esta paixão seja mantida nos estudantes egressos. Além disso, o gestor precisa garantir a autonomia da instituição, gerir o patrimônio institucional com muita transparência e muita organização. A Instituição deve ser sempre democrática, respeitar a diversidade e ouvir os reclames da sociedade.

Ana Carolina Abiahy – Dentre as avaliações que o senhor faz de sua gestão, o que consideraria como a maior vitória ou as maiores? Aquilo que o senhor considerava uma meta fundamental e atingiu?

Reitor Nicácio - O lema que a gente adotou, o desafio nosso, era atingir pragmatismo com transcendência. Em uma das primeiras entrevistas nossas eu falei isto: Eu quero fazer uma gestão pautada neste binômio pragmatismo com transcendência. O pragmatismo remete a ações concretas, objetivas, entrega de resultados, seja em obras físicas, em conceitos dos cursos, em colocar um campus para funcionar, em ampliar o número de professores, de técnicos. E a transcendência diz respeito à humanização, a cuidar bem das pessoas. O meu maior desafio seria este. Eu preciso mostrar que a instituição tem efetividade. E ao mesmo tempo fazer uma gestão humana, cuidar bem das pessoas, principalmente dos estudantes mais humildes. Eu acho, Carol, com toda a minha franqueza, a gente conseguiu, com algumas dificuldades, implementar, dar materialidade a este binômio. Conseguimos colocar a instituição num patamar superior no cenário da Rede Federal, mas sendo transcendental também. Tem um valor que é concreto, perceptível, tangível, uma obra de pedra e cal, por exemplo, mas tem o valor abstrato, invisível, imenso, que é a humanização das relações. Eu acredito que a gente conseguiu estabelecer isto. O maior patrimônio é simbolizado pelas pessoas e o esforço tem sido válido.

Filipe Donner – Ao final do seu mandato, como o senhor gostaria de ser lembrado pela comunidade?

Reitor Nicácio – Eu gostaria de dizer que eu tenho muito orgulho de ser professor desta Instituição. Mais adiante, quando terminar o nosso mandato, eu gostaria que as pessoas lembrassem de mim como um pequeno homem, no sentido da pequenez humana, que pensou e sonhou com um IFPB grande. Um ser com a impetuosidade e a utopia dos que desejam fazer o bem. Para mim, sempre foi muito honroso administrar uma Instituição como esta. Eu gostaria de ser lembrado como alguém que se esforçou, levou suas topadas, mas fez o melhor possível para que o IFPB fosse grande. Essa Instituição tem sido construída por homens e mulheres que deram sua contribuição ao longo do tempo. Eu tenho certeza de que a professora Mary Roberta fará a sua parte e acrescentará muito à Instituição.