Noticia
IFPB indica seis estudantes bolsistas de projetos para premiação do CNPq
O Instituto Federal da Paraíba, por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa Inovação e Pós-Graduação (PRPIPG), indicou seis estudantes que são bolsistas de projetos de pesquisa para o Prêmio Destaque CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. São dois programas institucionais de bolsas avaliados: Iniciação Científica (Pibic) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI). A cada ano, o IFPB tem aumentado o número de indicados no prêmio e, desta vez, teve indicação em todas as seis categorias.
Este crescimento foi comemorado pela Diretoria de Pesquisa do IFPB. O diretor Francisco Dantas Nobre Neto explica que existe um comitê institucional especificamente para analisar os relatórios de pesquisa e escolher os melhores, com critérios objetivos. “É um reconhecimento ao trabalho bem feito, à dedicação e ao esforço dos pesquisadores discentes e docentes do IFPB”, frisa o diretor Francisco.
Neste ano, há projetos indicados dos campi João Pessoa, Sousa, Campina Grande e Cabedelo. “As pesquisas do nosso Instituto estão cada vez mais diversificadas, participativas e consistentes para as mais variadas áreas do conhecimento, gerando oportunidades de Iniciação Científica e Tecnológica em muitas áreas aos nossos estudantes”, frisou o diretor de Pesquisa da PRPIPG. Conheça um pouco sobre cada projeto e sua equipe:
Iniciação Científica (PIBIC)
Entre os projetos de Iniciação Científica, No Pibic, na área do conhecimento de Ciências da Vida, foi indicado o projeto de pesquisa "COVID-19 e a geoespacialização da desigualdade, no acesso, na oferta e na situação de Saúde no estado da Paraíba", do Campus Sousa, coordenado pela professora Rackynelly Alves Sarmento Soares. O bolsista indicado ao prêmio é Jivago Meira Gomes, estudante do Bacharelado em Medicina Veterinária. O projeto tem como coorientador Louis Helvio Rolim de Britto e participou de uma rede interinstitucional de pesquisa paraibana.
A professora Rackynelly conta que o trabalho foi marcado pela articulação em rede, com a construção de indicadores sobre a situação da covid-19 no Estado, tendo resultado em um observatório disponível online neste site: http://www.cchla.ufpb.br/covid/ A pesquisa Pibic do IFPB se inseriu neste “Observatório de indicadores sociais e de saúde para gestão do SUS e SUAS” que tem participação da FapesqPB, UFPB, INPE, entre outros.
A pesquisa revela o perfil das pessoas acometidas por covid-19 nos 223 municípios paraibanos, traçando comparações entre a área urbana e rural, analisando indicadores como o quantitativo de médicos por habitante. Os dados revelam a concentração de mortes em homens de baixa renda e mostram a concentração dos serviços de saúde em áreas urbanas.
“O jovem pesquisador, Jivago, demonstrou habilidades científicas, participou de reuniões técnicas, contribuindo com os debates, atuou na produção de textos científicos, na apresentação de resultados da pesquisa em eventos científicos de impacto nacional. Além disso, demonstrou seu comprometimento social frente à produção de conhecimento e permanente conduta ética e profissional”, declarou a docente, que é egressa do IFPB, formada em Geoprocessamento pelo campus João Pessoa.
O aluno Jivago conta que foi convidado para o projeto pelo coorientador com quem já tinha participado de um projeto de extensão dentro das ações de combate a pandemia, onde foi traçado um perfil epidemiológico mais focado nas cidades onde tem campi do IFPB. Jivago está no oitavo período do curso de Medicina Veterinária e conta que a experiência para um projeto de pesquisa mais complexo foi importante para reativar conhecimentos que já tinha e aprender novas técnicas e metodologias.
“Entendo este projeto como uma formação a mais que eu tive no IFPB, a professora consegue traçar uma metodologia que me fez organizar as ideias de forma exequível. Aprendi muito e a gente aprendia com outras instituições também. Um dia tínhamos reunião com a Fapesq, outro com a UFPB, depois com equipes de Brasília. Foi um momento de riqueza aprender a trabalhar em equipe. Ter contato com esta área de Geoprocessamento abriu minha cabeça porque é um conjunto muito potente de ferramentas para entender muita coisa. Utilizamos softwares mais complicados e aprender isto foi sensacional”, comemorou Jivago que renovou a participação no projeto por mais um ano.
Na área do conhecimento de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, foi indicado o bolsista Robson Alves Vilar, do projeto de pesquisa "Desenvolvimento/Aprimoramento de uma plataforma experimental para caracterização de ligas com memória de forma”, do Campus Campina Grande, coordenado pelo professor Luiz Fernando Alves Rodrigues.
Robson faz o sexto período no curso de Bacharelado em Engenharia da Computação, e fez o ensino médio integrado ao técnico também no IFPB de Campina, no curso de Petróleo e Gás. O professor Luiz destaca que a pesquisa Pibic foi tão bem sucedida que está tendo continuidade com um Pibiti. O aluno também foi voluntário em outros dois editais de pesquisa Interconecta.
“Fiquei muito feliz com o reconhecimento ao meu trabalho e do professor Luiz Fernando. Eu tive acesso a vários itens que foram comprados com as verbas do IFPB, aprendi bastante sobre os equipamentos que a gente utilizou. Pretendo fazer mestrado, doutorado, e fazer concurso para professor universitário, no futuro”, declarou o estudante Robson. Ele conta que no início era só pra fazer uma interface gráfica simples, mas que o resultado acabou sendo um produto inovador.
“O desempenho excepcional do aluno – mesmo em tempos de pandemia e com acesso restrito a equipamentos de laboratório (o trabalho foi realizado em grande parte de forma remota e com componentes eletrônicos enviados pelos correios) - foi possível vislumbrar a entrega de um produto final gerador de propriedade intelectual que pode vir a ser licenciado pelo IFPB ou mesmo comercializado para a iniciativa privada”, destaca o orientador Luiz Fernando.
Para a área do conhecimento de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes, foi indicado o projeto de pesquisa do campus João Pessoa "As práticas da autogestão no contexto da educação não formal: uma análise a partir da produção do conhecimento”, coordenado pelo professor Alysson André Regis Oliveira. O estudante indicado ao prêmio é Luiz Brucelins, do Bacharelado em Administração.
A pesquisa analisou, de 2003 a 2020, resumos de artigos publicados em revistas científicas, dissertações e teses sobre Economia Solidária e autogestão. Segundo o professor Alysson, o bolsista é um “exímio estudante” que exerce papel de destaque em vários projetos de sua orientação, por meio do Núcleo de Estudos em Gestão e Negócios. A sua rotina inclui, além das atividades do ensino, envolvimento em projetos de pesquisa, atuação em práticas extensionistas e monitoria.
“Luiz Brucelins, em ambiente acadêmico, provou ser um estudante competente, com perfil de liderança, inspirador e focado em suas funções nos diversos projetos que fez parte. Endosso a grande contribuição que o estudante vem construindo, tanto no aspecto acadêmico, como na construção de valores humanos”, frisou o orientador Alysson.
Luiz conta que este foi seu primeiro contato com a pesquisa científica. “Foi uma experiência única e muito agregadora. O aprendizado foi constante, e me rendeu diversas observações positivas de professores que ministram aulas em nossa graduação em administração. Além disso, me possibilitou formar novas amizades que tenho certeza que vou carregar ao longo da minha trajetória. Sou grato a todos os integrantes da nossa equipe de pesquisa”.
Para Luiz, os aspectos mais positivos foram o amadurecimento da capacidade de trabalhar em equipe; o desenvolvimento da competência da escrita científica; a aplicação da metodologia científica e de suas ferramentas e a oportunidade de publicar um artigo científico relevante.
Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI)
No Pibiti, para a área do conhecimento de Ciências da Vida, foi indicado o projeto de pesquisa "Abordagem baseada em entropia para a otimização da detecção de SARS-CoV-2.", do Campus Cabedelo, e coordenado pela professora Maria Angelica Ramos da Silva. A bolsista indicada é Sarah Alessandra Santos Luna Batista, da Licenciatura em Ciências Biológicas.
Sarah revela que sempre sonhou em trabalhar com a linha de genética molecular e por isto agarrou a oportunidade com satisfação. “O projeto em si foi muito desafiador porque estávamos trabalhando para entender o máximo possível de um vírus que tinha acabado de ser descoberto pela humanidade. Toda e qualquer informação foi válida e foi um desafio até o fim. Mapeamos todos os continentes do mundo para pegar o máximo de genomas, chegamos a mais de 1000 genomas. Foram noites acordadas para que conseguíssemos ter o maior número de genomas possível”, relata Sarah, que destaca a contribuição da colega Ana Maria, do Pibic, que também dividia a pesquisa no laboratório na área de covid-19.
A pesquisa abriu portas para Sarah e possibilitou que hoje ela trabalhe na área de análises clínicas na Fiocruz, lidando mais com febre amarela. Para além da indicação ao prêmio, ela comemora o fato de a pesquisa ter possibilitado montar o laboratório de genética molecular no campus do IFPB em Cabedelo. “É de imprescindível valor e um ponto de partida para todo o trabalho. Senti que vou deixar meu legado para a próxima geração de alunos e fazer com que meu instituto possa ser reconhecido nacionalmente”, frisou Sarah. “Agradeço a professora Maria Angélica que foi fundamental, foi pedrangular, e ao instituto federal que me proporcionou tudo aquilo que eu precisava”.
“Sarah sempre foi uma aluna comprometida e disposta a aprender. Ela se dedicou ao desenvolvimento de todas as fases do projeto, desde a sua escrita até o desenvolvimento dos experimentos, junto com outra aluna voluntária. Elas conseguiram em equipe aprender muita coisa nova e desafiadora para elas e se empenharam bastante para conseguir obter êxito para o desenvolvimento do projeto”, destacou a professora Maria Angélica.
Para a área do conhecimento de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes, foi indicado o projeto de pesquisa "Inovação para superação: empreendedorismo na pandemia da covid-19", do Campus João Pessoa, coordenado pela professora Maria de Fátima Silva Oliveira. A aluna indicada é a concluinte do Bacharelado em Administração, Elienir Fidelis Gomes. A docente Maria de Fátima teve outro projeto com indicação em anos anteriores.
Fátima explica que o projeto tinha quatro metas e todas foram alcançadas. A equipe de três estudantes trabalhou inicialmente com 34 microempreendedores atendidos pela prefeitura da capital paraibana, para saber as principais dificuldades durante a pandemia. Segundo a orientadora, o projeto tinha como metas identificar necessidades e investir em inovação e capacitação, promovendo um curso online e desenvolvendo mentoria mais relacionada a estratégias de marketing digital. Em paralelo, foi desenvolvido um projeto de extensão.
Para a fase de mentoria, as alunas lidaram com seis empreendedores (maioria mulheres) de diversas áreas, como artesanato, beleza, alimentos. Foram dois meses de orientação e ao final os empreendedores receberam relatório com as principais metas a serem atingidas, principalmente na área de marketing, propostas que em pouco tempo foram implementadas. Tudo foi pelo Google Meet e Google Forms.
“Conseguimos realizar todas as metas e objetivos com estas empreendedoras. Todo o projeto foi online, porque foi durante a pandemia. Todas as três participaram ativamente e tivemos resultados muito positivos”, ressaltou a professora.
A aluna Elienir ressalta que sempre teve interesse em trabalhar com pesquisa e principalmente se fosse em um projeto com o público, auxiliando a resolver algum problema. “Fiquei muito feliz, pelo reconhecimento do trabalho de toda uma equipe. O objetivo do nosso projeto em si já é bem gratificante, e quando é reconhecido e indicado para ganhar um prêmio a nível nacional, é de ter orgulho”, frisou a estudante.
Elienir e Fátima destacam que o trabalho é de toda a equipe que inclui as alunas voluntárias Livia Victoria e Yanick Ramos. “Sinto orgulho por ter aceitado, persistido no que acreditava, os empreendedores na qual atendemos precisavam realmente de ajuda, ainda precisam, mas creio que com o projeto eles tiveram um direcionamento por onde seguir, como resolver seus gargalos. E se eles conseguiram colher bons frutos do projeto, acredito que o objetivo do trabalho foi cumprido”, destacou Elienir.
No Pibiti, para a área do conhecimento de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, foi indicado o projeto de pesquisa "Aplicação de estruturas DGS para otimização de filtros baseados na Geometria Matrioska”, desenvolvido no Campus João Pessoa, e coordenado pelo professor Alfrêdo Gomes Neto. O bolsista indicado foi Gabryel Jerônimo de Morais, do curso de Engenharia Elétrica.
Gabryel foi estudante do IFPB no ensino médio integrado ao técnico no curso de Eletrotécnica, também no campus JP. O orientador Alfrêdo é um dos pesquisadores mais renomados do IFPB, inclusive com bolsa produtividade do CNPq, concedida a poucos. “Essas conquistas são frutos do apoio de muitos, principalmente, do IFPB”, frisou Alfrêdo. Segundo o relatório enviado pelo professor, o projeto apresentou resultados além dos inicialmente esperados, com fortes indicadores que terá continuidade, com novas aplicações. “Mais do que isso, possibilitou início de novas pesquisas”.
Sobre Gabryel, o orientador Alfrêdo comentou que é um estudante sempre disposto a aprender: “Foi um aluno que sempre se envolveu e correspondeu aos estímulos. Porque o mais importante nesta fase de formação é a pessoa ter a iniciativa de aprender a fazer, ter a disposição para fazer as atividades. Com isto, naturalmente surgem as perguntas, os debates e o trabalho avança. Os resultados para a continuação do projeto são bastante promissores. Mesmo orientando o trabalho, a gente aprende muito porque Gabryel é um aluno que dá resposta a estes estímulos”.
DGS são “Defected Ground Structure” que têm sido utilizadas na otimização de filtros e antenas na área de Telecomunicações. Essas estruturas apresentam vantagens como simplicidade de confecção, bandas de rejeição com elevadas atenuação e maiores largura de banda que filtros convencionais, baixa perda de inserção, entre outras. O projeto propõe soluções para estes problemas da área que já vêm sendo estudadas inclusive em dissertações do IFPB.
“Minha experiência foi excelente, pois a pesquisa é uma ferramenta que faz com que o aluno saia daquela rotina aula-aula para buscar um conhecimento a mais. Além disso, nossa linha de pesquisa do GTEMA trabalha muito com experimentos práticos, fazendo com que o aluno coloque a ‘mão na massa’. Nosso ciclo de trabalho fica mais ou menos assim, realizamos as pesquisas, simulamos e testamos em laboratório, essa última é a melhor parte (quando dá certo, é claro)”, comenta o estudante Gabryel.
Para Gabryel, a pandemia foi o maior dos desafios. “O acesso aos experimentos práticos ficou limitado, o professor Alfredo sempre me orientou pensar, em primeiro lugar, na minha saúde e da minha família. Apesar dessas limitações, graças a Deus, conseguimos alcançar o objetivo do projeto, com saúde que é o mais importante”, frisou o aluno.
Prêmio Destaque CNPq
O vencedor do Prêmio Destaque CNpq pode ganhar até R$ 7 mil e ter direito a uma bolsa de mestrado ou doutorado em programa do país, além de receber passagens e hospedagem para a entrega do prêmio em cerimônia. As instituições também podem receber benefícios a depender da quantidade de indicados premiados. O resultado será divulgado pelo CNPq até 30 de junho. A cerimônia de entrega do Prêmio será realizada durante a 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em julho, na Universidade de Brasília UnB).
Texto: Ana Carolina Abiahy – jornalista do IFPB / Fotos: cedidas pelas equipes