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“Escola sem partido: uma ameaça à educação democrática”
A primeira mesa proposta pelo seminário “Educação profissional e cidadania: considerações e ponderações” reuniu educadores e parlamentares com plateia atenta de lideranças estudantis. O tema “Projeto de Lei da Escola sem partido: uma ameaça à educação democrática” foi debatido pelo professor da UFPB e cientista social José Henrique Artigas; pela deputada estadual Estela Bezerra; a vereadora Sandra Marrocos; e o professor do Campus Cabedelo e membro do Sintef-PB, Sérgio Rodrigues.
O professor da Universidade Federal da Paraíba fez um breve percurso histórico sobre as garantias do estado democrático. Henrique Artigas abordou que Tocqueville já falava na “tirania das maiorias” e na necessidade de garantia de pluralidade, o que se veria ameaçado com iniciativas como a do Projeto de Lei (PL) da chamada Escola sem Partido.
Com a previsão do PL de restringir qualquer discussão política, o pesquisador alerta para o esvaziamento da capacidade de alterar o status quo: “a Escola sem partido não é uma escola sem ideologia, é uma escola que veta a participação, impede o dissenso que é fundamental na democracia”. Segundo Artigas, atacar o debate como sendo doutrinação é não respeitar as contradições que fazem parte do mundo e não acreditar na capacidade dos estudantes de construírem o seu próprio senso crítico.
A deputada estadual Estela Bezerra apontou contradições também na Medida Provisória que prevê a reforma do Ensino Médio. “A educação integral só atingiria 4% das matrículas, pelo que está posto”. Segundo ela, a MP também não se sustentaria com a drástica redução do investimento em educação que está sendo ameaçado pela PEC 241 (hoje PEC 55 que tramita no Senado).
A vereadora Sandra Marrocos também criticou a forma como as mudanças estão sendo propostas pelo Governo Temer, sem promover debate com os principais envolvidos com a área educacional e sem levar em conta as discussões que já existiam com propostas para o Ensino Médio.
O professor da área de Letras, Sérgio Rodrigues, questionou as críticas que apontam as discussões políticas como sendo doutrinação. Ele reiterou o papel da escola como fomentadora de discussões, de forma livre, ao contrário de outras instâncias que são formadoras do indivíduo, mas de forma dogmática.
Confira a programação do evento que termina na tarde dessa sexta. No debate, muitos estudantes fizeram uso da fala para abordar as dificuldades enfrentadas durante a ocupação de campi em protesto ao PL Escola sem partido, à reforma do ensino médio e a PEC 55. Entre eles, se destacou o representante do DCE, Alex da Silva Santos, que enfatizou a distância que existe entre a maioria dos parlamentares e a população. Ele também frisou que muitos pais controlam os filhos que gostariam de participar da manifestação porque são formados pela mídia que só mostra as ocupações como algo negativo.
Mais fotos do Seminário estão na página do IFPB Oficial no Facebook.
Texto: Ana Carolina Abiahy - jornalista do IFPB
Fotos: assessoria da deputada Estela Bezerra