O Instituto Federal da Paraíba (IFPB) tem dois projetos selecionados para o Desafio de Ideias do Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi). A atividade pretende estimular o empreendedorismo inovador através de uma competição entre estudantes, técnicos e docentes de toda a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Isso porque a atividade envolve selecionados não só dos Estados do Norte e Nordeste.

Os dois projetos selecionados foram desenvolvidos por docentes que já estiveram participando de outras edições do evento. Maxwell Anderson Ielpo do Amaral é professor do Campus Cabedelo e José Alves do Nascimento Neto é do campus Santa Rita.

No Desafio de Ideias, os participantes têm acesso à mentoria qualificada para aprimorarem as ideias, visando possíveis investidores e difundindo a cultura de startups na Rede Federal. Os selecionados passaram por duas etapas. Entre os primeiros 40 classificados, o IFPB ainda tinha outro projeto selecionado, do Campus Campina Grande. Na seleção final, somente 15 projetos passaram pelo crivo para serem apresentados durante o Connepi, em dezembro, em Maceió, Alagoas.  

Na disputa presencial, os projetos serão avaliados conforme mérito, originalidade e relevância da proposta em relação ao desenvolvimento científico, tecnológico e inovação do país; melhoria da qualidade de vida da sociedade e solução de problemas do cotidiano, qualidade do texto quanto à objetividade e clareza durante a apresentação da proposta.

Intellicar tem equipe multicampi

A proposta apresentada por Maxwell é o “Intellicar – Sistema distribuído de diagnóstico, socialização de informações e controle automatizado de velocidade máxima permitida para carros inteligentes”. Ele comemora que o projeto já ficou em terceiro na ordem de classificação durante a etapa de seleção, quando já passa pela análise de especialistas.

Na última edição do Desafio de Ideias, o projeto ficou em 3º lugar. Este ano, a expectativa é para o primeiro lugar e para isso a equipe tem reforços importantes, como a professora do Campus Cajazeiras, Eva Maria Campos, especializada na área de empreendedorismo, e a estudante do Campus Sousa Marília Sarmento, que ficará na parte técnica do projeto. 

O Intellicar iniciou como um aplicativo que faz o diagnóstico de problemas dos veículos em tempo real. A iniciativa já foi patenteada, mas o professor Maxwell vem aprimorando a ideia e desenvolvendo novas funcionalidades. “Pretendemos popularizar e concentrar o conhecimento de entusiastas e profissionais em veículos automotores em redes sociais para carros. Segundo a área inovadora de Internet das Coisas, os objetos irão se comunicar utilizando a rede mundial com o objetivo de transmitir dados importantes para análise técnica e informacional. Serão milhares de carros compartilhando dados entre si”, comenta o docente.

Outra ideia a ser implantada no veículo é a de controle sobre a velocidade do carro em vias regulamentadas, o que não permitirá ao condutor ultrapassar a velocidade máxima permitida, mesmo com intenção. “O objetivo é reduzir o índice de mortes por acidentes de trânsito no país. Utilizaremos tecnologia diferenciada em comparação com àquelas utilizadas por alguns fabricantes”, complementa Maxwell.

O projeto também pretende implantar a identificação inteligente de condutores, o que pode colaborar com a segurança. “Ao utilizar o veículo, o condutor será identificado através de um anel inteligente. O veículo irá verificar se o condutor tem permissão para uso, destravando o motor para funcionamento. As permissões de uso serão controladas pelo proprietário através de um smartphone. Assim, os departamentos de trânsito irão identificar em tempo real quem e quando determinada pessoa estava conduzindo um veículo. Isso irá eliminar o problema de responsabilização errônea de pessoas, proprietárias de veículos, que não cometeram crime ou infração, pois não estavam conduzindo durante a ocorrência”, explanou o inventor.

Uma última ajudinha do Intellicar é para colaborar com a mais nova exigência de faróis acesos em rodovias, mesmo durante o dia. “O carro irá acender automaticamente os faróis ao acessar rodovias regulamentadas pela legislação nacional de trânsito. O carro identificará automaticamente que está em uma rodovia e, assim, irá acender os faróis e apagar assim que sair”, conta Maxwell.

Inovação favorecendo a inclusão

 O projeto do Campus Santa Rita, “Alerta de Padrão vocativo para surdo”, reúne, além do professor José Alves Nascimento, três estudantes do curso técnico integrado ao Médio em Informática, Jéssika Dayane, Ianca Maria e Ruan dos Santos. A necessidade veio do cotidiano dentro do Campus, com a interação entre ouvintes e surdos. O campus Santa Rita do IFPB tem quatro estudantes surdos, nesse período. egundo o professor, o invento consiste em dispositivo, que pode ser um chaveiro ou uma pulseira que vibra quando "sente" um som cadastrado. O dispositivo está em construção e tem um microfone que capta o som ao redor.

“Pretendemos cadastrar sons, tais como: o nome dos usuários, som de variadas buzinas e outros padrões vocativos sonoros. Esse dispositivo está voltado para a população com deficiência auditiva temporária ou permanente, auxiliando-os no dia a dia”, esclarece José Alves.

Durante a pesquisa, a equipe descobriu que o produto já tem concorrentes, assim, está focado nos diferenciais: “No nosso dispositivo, se terá a possibilidade de um surdo poder pedir a atenção de outro surdo, de forma que dois ou mais dispositivos podem enviar um sinal, um para o outro, diretamente, bastando para isso uma sincronização prévia. Essa funcionalidade é interessante para uso entre surdos que tem uma relação mais próxima ou mesmo em eventos onde um intérprete deseja sinalizar a atenção de um ou um grupo de surdos”, explica o docente.

A equipe destaca que a invenção pode ter grande utilidade já que há nove milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva, só no Brasil. A competição do Desafio de Ideias vai de 6 a 9 de dezembro.

Saiba mais sobre o Connepi em http://connepi.ifal.edu.br/2016/

Texto: Ana Carolina Abiahy – jornalista do IFPB

Fotos: divulgação dos pesquisadores