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Servidoras do campus Guarabira falam sobre desafios femininos
O atual século tem presenciado avanços graduais e constantes na igualdade de gênero e do empoderamento feminino. Todavia, sabe-se que ainda há muitos obstáculos a serem vencidos por essa importante parcela da população mundial, tais como a violência doméstica, jornada excessiva de trabalho, desvantagens na carreira profissional, desigualdade na participação política, dentre outras. Mesmo diante de tantos percalços, são incontáveis os atos de bravura que as mulheres realizam diariamente, que promovem o desenvolvimento do Brasil e especialmente, do Instituto Federal da Paraíba. Seja na sala de aula ou nos seus setores, elas fazem a diferença nas suas mais diversas funções, contagiando a todos com sua graciosidade, harmonia e organização.
Verônica Alves, técnica-administrativa, chamada carinhosamente por toda a comunidade acadêmica como Dona Verônica, afirma que desde que ingressou no Instituto, há cerca de dois anos, “encontrou mulheres guerreiras, cada uma com sua história e determinação no seu campo de ofício, onde juntas podem contribuir para um trabalho melhor, bem como aprender umas com as outras”.
A servidora, que já colaborou na biblioteca e no protocolo e atualmente atua no apoio acadêmico, diz que um dos momentos mais felizes do dia é quando chega a hora de ir trabalhar, já que o segredo para prestar um bom serviço é ter humildade e realizá-lo com amor.
A diretora de Administração, Planejamento e Finanças do Campus, Osmarina Mendonça, primeira mulher a ocupar um cargo na direção do campus, afirmou que se sente à vontade a falar sobre tal assunto, já que considera-se protagonista dessa luta. Filha duma família de agricultores com dez filhos, sendo seis homens quatro mulheres, admite que seus pais tiveram a coragem de transpor barreiras, encaminhando, com muito sacrifício, todos os filhos - sem distinção de sexo - para estudar na cidade, em busca de uma vida mais digna.
A diretora narra que, desde cedo, morando sozinhos, os irmãos, um grupo de crianças e adolescentes, tiveram que ir em busca de sua sobrevivência. Entretanto, ainda arraigados pela cultura dos seus pais, desempenhavam papéis diferenciados para homens e mulheres em casa, porém, sempre buscando um objetivo comum – estudar.
“Minha maior vitória foi estudar. Passei em um concurso federal com apenas 19 anos. Ao longo da minha vida profissional, em todos os órgãos em que desenvolvi minhas atividades (Escola Agrotécnica Federal de Iguatu-CE, Cefet-PB, IFPB - Reitoria e Campus Guarabira) sempre foquei na busca pela igualdade, no respeito e, acima de tudo, na prática de servir ao público. Considero que essas atitudes me ajudaram a romper paradigmas considerados intransponíveis em relação as diferenças de gênero”, continua Osmarina.
Além disso, a servidora reconhece que ao longo da sua trajetória profissional, não enfrentou nenhum evento, que pessoalmente se sentisse atingida pela desigualdade de gênero. Hoje, apesar de ser minoria no contexto de gênero, no quadro de direção da unidade de ensino, sente-se plenamente empoderada no processo decisório da Instituição. “Acredito que o 8 de março nos dá a oportunidade para uma reflexão da nossa condição de mulher e, especialmente, de agente transformador, com vistas a romper todo e qualquer processo de desigualdade que permeia a nossa sociedade”, conclui a diretora de administração.
Para a diretora de Gestão de Pessoas do Campus, Ticiana Cunha, apesar dos muitos obstáculos enfrentados, hoje se vê mulheres a frente de cargos importantes e de grande relevância no Instituto e estas desenvolvem um excelente trabalho. “Percebo que é uma característica forte e marcante da maioria das mulheres do IF, serem destemidas e ousadas”, comenta Ticiana, que já atuou no Controle Acadêmico e já desempenhou os papéis de docente, supervisora e coordenadora do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) no campus.
“Mesmo quebrando as heranças históricas do sistema patriarcalista, ainda é desigual a comparação e ocupação das mulheres em cargos de chefia. Acredito que ainda há muito o que ser conquistado. Embora os desafios sejam grandes, quanto menor for a resistência das pessoas no sentido de questionar ou combater as pautas femininas, mais ampla e melhor será a efetivação de uma sociedade mais igualitária”, comenta a técnica-administrativa que ingressou na casa em abril de 2012.
A diretora de desenvolvimento de ensino substituta e coordenadora do curso superior em Gestão Comercial, Tatiana Losano, confessa que nesta sociedade patriarcal e machista participar da esfera pública (como professora, coordenadora, etc.) não é uma atividade banal. Ela espera que as demais servidoras deste instituto, sejam tratadas com respeito merecido, e também vistas como exemplos de mulheres autônomas e independentes.
Ex-aluna do antigo Cefet-PB, fato que diz ter marcado sua vida, Tatiana é docente do Instituto desde 2014, tendo assumido a coordenação do único curso superior do campus em 2015, o que, segundo ela, foi um grande desafio para alguém sem experiência administrativa. Mas, para ela, o maior desafio, tem sido retribuir a confiança depositada para assumir a posição de substituta do Diretor de Ensino do campus, a partir de 2016. “Não posso dizer que já ultrapassei este desafio, e nem sei se um dia poderei dizer isso, mas acredito que ao menos estou aprendendo com os meus erros e contribuindo de alguma forma para o crescimento da instituição”. “Neste mês de comemoração do Dia Internacional da Mulher, espero que as estudantes deste Instituto se inspirem nas nossas trajetórias de vida e vejam que há escolhas para o futuro, basta serem audazes para tomá-las”, completa a diretora.
Colaboração: Erivan Junior – do Campus Guarabira
Edição: DGCOM
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