O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, relembra a morte de Zumbi dos Palmares, assassinado em 1695, que virou símbolo da luta do povo negro contra a escravidão ao liderar o Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Trata-se de uma data para reflexão sobre o racismo estrutural que permeia o processo civilizatório brasileiro, assim como para promoção e reconhecimento da história de lutas e conquistas do povo negro. 

Neste sentido, e não só no dia dedicado a essa reflexão, o IFPB vem realizando, através de ações de Extensão e Cultura permanentes, a valorização da cultura negra e a promoção de maior autonomia das comunidades pretas e quilombolas. São projetos, eventos, núcleos e diversos grupos artísticos que promovem atividades em todo o território paraibano.

Em Areia, as comunidades quilombolas Mundo Novo e Senhor do Bonfim se uniram ao campus do Instituto no município, assim como a outros parceiros sociais, para promover a Semana de Valorização da Cultura Afro-Brasileira. “Esse evento teve início a partir da iniciativa de uma ex-diretora do Campus Areia, Ivanilda Matias. Negra, ela percebeu a necessidade de realizar atividades que proporcionassem maior visibilidade a essas comunidades e o empoderamento de estudantes negros. Então, em 2017, ela mobilizou a Prefeitura, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Grupo de Capoeira Semente Crioula e a Associação de Mulheres Negras da cidade para realizar o evento”, explica a diretora em exercício do Campus Areia, Sibéria Farias. 

Este ano, por conta da pandemia, a quarta edição da Semana de Valorização da Cultura Afro-Brasileira acontece virtualmente, e desde a última quarta-feira (18) até este sábado (21) vem promovendo debates e atividades culturais com o tema “Avanço por uma consciência negra na era digital”, no YouTube do evento.

Há cerca de 350 quilômetros de Areia, na região do Alto Sertão Paraibano, Ivanderson Pereira, estudante do curso Técnico Integrado de Edificações do Campus Princesa Isabel, é um dos bolsistas do projeto Tecendo a Construção do NEABI - Núcleo de Estudos e Pesquisa Afro-Brasileiro(a)s e Indígenas. Aos 18 anos, Ivanderson pertence à comunidade quilombola Cavalhada, e, junto com os demais integrantes do projeto, auxilia na promoção de reflexões e debates sobre a produção intelectual negra, bem como, no desenvolvimento de temáticas anti-racistas que permeiam as questões étnico-raciais. 

“Para mim é uma alegria participar do projeto. O IFPB vem auxiliando pessoas negras e indígenas, reconhecendo nossas origens e valores e nos mostrando que temos capacidade de construirmos um futuro melhor para nós mesmos e para nossa comunidade”, relata o estudante.

Além do Tecendo a Construção do NEABI, coordenado pelo professor Hélio Gondim, o Campus Princesa Isabel conta ainda com mais dois projetos que também atuam em comunidades quilombolas: “A Literatura em que me enxergo”, coordenado pela professora Adrielle Soares; e “Leitura que liberta: a constituição do sujeito leitor em quilombos”, coordenador pela professora Noara Pedrosa.

Projetos socioculturais ligados à capoeira têm por intenção acessibilizar aspectos da cultura afro-brasileira de maneira ativa. É justamente este o objetivo do Grupo de Capoeira Angola “Irmãos Guerreiros” do Campus João Pessoa. Segundo o professor Radamir Lira, coordenador do projeto, a iniciativa trata-se do desdobramento de outro projeto de Extensão intitulado “O Sujeito Surdo e a Capoeira Angola: Vivências Compartilhadas”. 

“O que me deixa feliz é a receptividade das nossas ações junto às comunidades e à gestão do IFPB. É premente discutirmos a questão da afro diversidade e seus desdobramentos, como também da nossa cultura e da construção acadêmica e formação como pessoa. O projeto além de trabalhar com a ideia da temática afro, como a valorização desse conteúdo e contexto dentro da escola, a gente ainda tem a proposta de inclusão, que visa trabalhar a capoeira como instrumento de inclusão para alunos surdos e cegos. Então o projeto nasce do universo afro descendente e das ações que esse universo permite para que as pessoas compartilhem ideias de partilha de conhecimento de vida”, complementa o coordenador do projeto, professor Radamir Lira.

Homenagens 

Neste Dia da Consciência Negra, diversos campi estão promovendo homenagens e eventos com debates sobre a temática. A reitoria completa esse ciclo de reconhecimentos, ao incluir, em sua programação de comemoração aos 111 anos do IFPB, um espaço para destacar personalidades negras que contribuem e contribuíram para o fortalecimento da instituição. A solenidade acontece no próximo dia 30 de novembro, a partir das 17h, e será transmitida pelo canal da TV IFPB no YouTube.

Verônica Rufino - Comunicação PROEXC