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Mary Roberta: “Continuaremos nossa luta em defesa da vida”
Em entrevista concedida ao Portal de Notícias do IFPB, a professora Mary Roberta Meira Marinho, Pró-Reitora de Ensino do IFPB, analisa o atual cenário que a pandemia impõe a todos e seus impactos sobre a Instituição. A Pró-Reitora fala sobre a vacinação contra a Covid-19, a expectativa a respeito da volta às atividades presenciais e deixa uma mensagem de esperança para todos.
PORTAL - O grande público vem demonstrando grande euforia em relação à chegada da vacina contra a Covid-19. Que expectativa a gestão do IFPB faz para esse momento, também tão aguardado pela comunidade acadêmica?
MARY ROBERTA - A expectativa para a vacinação é muito grande, celebremos a esperança de vidas salvas pela ciência, pelo esforço de profissionais que trabalharam incansavelmente em busca dessa proteção para a humanidade. Temos acompanhado as comunicações científicas do desenvolvimento das vacinas e vibramos com a chegada à Paraíba da vacina distribuída pelo Instituto Butantan. Esperamos que o avanço da COVID-19 seja mitigado com a sua aplicação. Estamos cientes, no entanto, de que mesmo vacinados, ainda haveremos de manter os cuidados de sanitização de espaços e materiais, assim como usar máscara, manter o distanciamento recomendado, lavar constantemente as mãos e orientar estudantes e comunidade a seguirem esses procedimentos, até que os pesquisadores nos indiquem o momento seguro de uma convivência normal.
PORTAL - Por enquanto não há consenso nas instituições de ensino superior no Brasil sobre o retorno das atividades presenciais com professores e estudantes em sala de aula, com todo mundo circulado pelo campus. O que a senhora pessoalmente visualiza sobre a volta à normalidade do ensino, da pesquisa e da extensão no IFPB?
MARY ROBERTA - No IFPB vimos, desde o início da pandemia num processo dialógico, que tem início no Comitê da Crise da COVID-19, avaliando a situação da evolução epidemiológica e enfrentando os problemas de passar do ensino presencial para as atividades de ensino-aprendizagem não presenciais, escutando a comunidade. Mudamos processos, construímos documentos norteadores, capacitamos servidores, envolvemos todos em ações de solidariedade, de pesquisa e de extensão, desenvolvemos ações de acessibilidade aos estudantes e garantimos a aplicação da política de assistência estudantil sempre nesse diálogo que envolveu gestores, servidores e estudantes, inclusive seus familiares. Nessa discussão acerca de retorno às atividades presenciais não será diferente. O Ministério da Educação (MEC) emitiu documentos - Portaria nº 1038, de 07 de Dezembro de 2020, e Portaria 1096, de 30 de dezembro de 2020 - com a resolução de que as atividades letivas realizadas por instituição de educação superior e educação profissional, respectivamente, deverão ocorrer de forma presencial, observando protocolo de biossegurança instituído pelo próprio ministério, a partir de março de 2021. De acordo com esses documentos, somente em modo excepcional é que estariam autorizadas as atividades não presenciais. Entretanto, estamos cientes de que aqui em nosso estado, a situação da pandemia ainda causa muita preocupação e na Pró-Reitoria de Ensino, não acreditamos que dentro de um mês tenhamos a segurança para o retorno presencial massivo em nossos campi. Iremos nos unir a todo e qualquer movimento que leve a preservação da vida em primeiro lugar. São muitas vidas a preservar, então deveremos reunir o comitê, escutar a comunidade e, defenderemos junto ao nosso Reitor o modelo no qual estejamos mais seguros, até que tenhamos pelo menos a imunização realizada.
PORTAL - Desde o início da Pandemia muito se falou sobre os temas qualidade de vida e inclusão no âmbito do IFPB. A senhora acha que esses critérios devem continuar prevalecendo no debate institucional?
MARY ROBERTA - O IFPB, em seu nascedouro, nos idos de 1909, já foi instituído com a missão da inclusão. Neste contexto da pandemia, tem sido a nossa preocupação maior a inclusão de estudantes e servidores com deficiências, com necessidades específicas, estudantes em vulnerabilidade social. Uma das principais ações foi criar uma rede de solidariedade denominada “Há braços”, capitaneada pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e houve uma forte adesão em todos os campi. Vários projetos de extensão e de pesquisa foram fomentados especificamente para enfrentamento da COVID-29. Reunimo-nos com profissionais tradutores e intérpretes de libras para tratarmos da situação dos estudantes com deficiência auditiva, inclusive atendendo a solicitação do Sintef-PB e direcionamos editais de recursos para acesso à internet e até equipamentos eletrônicos para estudantes. Muitas ações foram desenvolvidas. Temos também a preocupação de incluir servidores nos processos de trabalho em meio digital, tanto docentes quanto técnicos. Então o investimento em capacitação para uso das TICs se intensificou. Entendemos que essas ações deverão ser ampliadas agora em 2021 e seguiremos o lema de que todas as pessoas importam.
PORTAL - A senhora e o reitor Nicácio Lopes lideram o Comitê de Crise do IFPB, órgão responsável pelo enfrentamento da disseminação e combate à Covid-19. Que avaliação a senhora faz desse grupo de trabalho?
MARY ROBERTA - Esse é um trabalho coletivo. O comitê é de suma importância por ser de composição qualificada. Temos no comitê a representação das Pró-Reitorias e Diretorias Sistêmicas da Reitoria, do nosso sindicato (Sintef), da Associação de Grêmios e do DCE, além de profissionais da área de saúde e da comunicação. A avaliação é muito positiva. Dele surgem as principais decisões dos temas a serem apresentados à comunidade e orientações a cada período desse momento tão difícil pelo qual estamos passando mundialmente.
PORTAL – Esse comitê poderá colaborar com as discussões sobre o retorno das aulas?
MARY ROBERTA – Como afirmei, o comitê é uma instância na qual se analisa a situação e as discussões são iniciadas e levadas a várias instâncias, seja pelos gestores, por integrantes do comitê, pelo sindicato, lideranças estudantis, então o comitê tem importância fundamental nessa discussão, mas precisamos também escutar os coordenadores de cursos, as equipes pedagógicas, equipes multiprofissionais, representações sindicais e estudantis nessa discussão tão importante nesse contexto pandêmico. A situação é difícil, pois implica em exposição a riscos, os quais os envolvidos precisam opinar e por outro lado assumirmos juntos o enfrentamento de questões da legislação vigente.
PORTAL - Como professora, pró-reitora e reitora substituta, que mensagem a senhora deixa para a nossa comunidade acadêmica?
MARY ROBERTA – Nossa mensagem é de que continuaremos nossa luta em defesa da vida, da segurança das pessoas, como também com todos os esforços para ampliação do acesso às tecnologias da informação, capacitação de servidores para atuar com essas tecnologias e metodologias que garantam a excelência no processo de ensino-aprendizagem. Vamos todos caminhar juntos e, de forma sensata, decidirmos passo a passo nossas ações em 2021. Tenho certeza de que juntos vamos superar este momento difícil e sair mais fortes dessa pandemia.