O II Encontro de Estudantes do Instituto Federal da Paraíba (ENEIFPB) terminou na tarde desta quarta-feira, após uma mesa redonda com o tema “Como construir uma sociedade anticapacitista”. Os participantes foram o campeão paralímpico e recordista de velocidade dos 100 metros rasos, Petrucio Ferreira dos Santos, o estudante Felipe Alves Dias, do campus Santa Rita do IFPB, e a Assessora de Ações Afirmativas, Inclusivas e Diversidade do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).

A mesa redonda teve a mediação de Larissa Cosseti Caju, coordenadora de Ações Inclusivas (CAI), da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) do IFPB, que organizou o evento. Antes das falas, foi exibido um vídeo sobre as ações de inclusão das pessoas com deficiência no IFPB. O vídeo explica muito do trabalho dos profissionais de várias áreas que lidam com Pessoas com Necessidades Específicas (PNEs) e traz depoimento de alguns estudantes. Uma das falas importantes foi de Juliana Dantas Galdino, servidora cega que atua justamente na CAI-PRAE. Segundo ela, a sociedade precisa se organizar para atender as necessidades de todos, sem distinção.

 A mesa redonda foi aberta por Petrucio, bicampeão paralímpico dos 100 metros rasos e atleta paralímpico mais rápido do mundo. Ele foi considerado o melhor atleta paralímpico brasileiro por quatro vezes e teve a honra de ser porta-bandeira do Brasil na última Paraolimpíada. Petrucio começou a treinar quando se inspirou na trajetória de outros atletas de paraolimpíada e saiu de São José do Brejo do Cruz para a capital paraibana com este intuito.

Ele relatou que desde os dois anos sofreu o acidente que causou a deficiência e perda de uma mão. Mas sempre teve apoio dos pais e o desejo de praticar esportes. Petrucio revelou que enfrentou muitos preconceitos e barreiras, mesmo tendo um desempenho atlético invejável, o que mostrava que o limite não era dele, porém imposto por aqueles com viés capacitista. Segundo Petrucio, a sociedade vem sendo trabalhada para superar estes preconceitos, tendo profissionais capacitados para conduzir melhor as questões envolvendo pessoas com deficiência. “Infelizmente ainda têm pessoas que se escondem por causa de suas deficiências. Temos que mostrar quem somos e o que podemos fazer”, destacou.

O segundo participante foi o estudante Felipe Alves Dias, do curso de Meio Ambiente do Ensino Médio integrado ao técnico do campus Santa Rita do IFPB. Felipe é autista e já apresentou trabalhos artísticos na semana de diversidade e inclusão do IFPB, na área de artes visuais. 

Em sua apresentação, ele explicou sobre o termo capacitismo, que é relacionado a atitudes preconceituosas. De acordo com Felipe, para construir uma sociedade anticapacitista, é preciso que tenhamos empatia e que ninguém se cale diante de uma atitude discriminatória ou preconceituosa. O aluno destacou que é necessário ser proativo em busca de mudanças para a melhor na sociedade, se envolver com a questão, mesmo não tendo deficiência.

A professora da área de Informática, Andréa Poletto Souza do IFRS, iniciou a apresentação abordando a própria dificuldade dos professores em lidar com alunos com deficiência e os pensamentos negativos que podem acometer estes alunos diante das barreiras no universo escolar. Ela relatou que quando começou a dar aulas, em 1997, tinha uma aluna cega e por isto passou a se interessar pela temática da inclusão.

 Segundo Andréa, há algumas chaves para trabalhar com inclusão, entre elas estão a humildade e a capacidade de vencer a acomodação, buscando alternativas para chegar aos estudantes, inclusive com material didático acessível e adaptado. Um dos pontos importantes citados foi a necessidade de alteração nos editais de seleção das instituições que devem prever formas de identificar as várias condições especiais que o estudante possa ter. Ela deu várias sugestões de materiais e publicações nesta linha de adaptação.

O Chat trouxe depoimentos emocionantes e questionamentos que serviram para o debate. A transmissão com tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais pode ser assistida no canal da TV IFPB neste link.

 O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Manoel Pereira Macedo Neto, fez o encerramento do evento com palavras de agradecimento à equipe da PRAE e todos os que colaboraram com a realização do evento, enaltecendo os temas. “A inclusão é um dos pilares da educação pública, que tem de respeitar a sua pluralidade e diversidade. Chamo atenção para o tema da inclusão da pessoa com deficiência. Acredito que o IFPB tenha avançado muito, mas sabemos que os desafios são muitos e passam por dificuldades orçamentárias, mas isto não tem nos desencorajado. “a palavra de ordem é resistir pelas boas causas”.