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Painéis e palestras do Simpif discutem transformações na ciência e economia
A programação do 4º Simpósio de Pesquisa Inovação e Pós-Graduação do IFPB nesta quinta foi marcada por muitas discussões que pretendem incentivar mudanças comportamentais e estruturais na ciência e economia. As palestras e painéis do Simpif estão disponíveis no canal da TV IFPB no YouTube e contaram com participação do público via chat para perguntas.
A palestra “Parentalidade na Ciência: O Movimento Parent in Science” ministrada pela professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fernanda Staniscuaski abordou a representação da mulher no meio acadêmico e científico e as intersecções com raça e gênero. O movimento sobre pais e mães na ciência pretende discutir o impacto dos filhos na carreira acadêmica e incentivar mudanças rumo a humanização nos ambientes científicos. A ideia é evitar desvalorização para mães e pais na academia.
O Movimento existe há cinco anos e já conseguiu (após três anos de solicitação) que a fase de licença-maternidade seja incluída na Plataforma do Currículo Lattes. Segundo Fernanda, há uma invisibilidade sobre estas pausas que provocam uma esperada redução nos índices de produtividade dos pesquisadores. Os editais sempre levam em conta os últimos cinco anos de produção acadêmica e uma das lutas do movimento é que ao lidar com profissionais que passaram pelas fases de licença sejam considerados um ano ou dois anos para trás para que a seleção seja mais justa.
A apresentação da professora da UFRGS discutiu questões de meritocracia, de direitos e também o impacto da pandemia na redução da produção científica feminina. Ela questionou o preconceito que existe nas instituições com os profissionais que estão em licença-maternidade. “A licença é um direito mais das crianças do que das mães ainda mais no cenário do Brasil onde só se dá cinco dias de licença paternidade para os pais”, frisou.
Segundo Fernanda, o movimento se une a outras discussões importantes como a dos pais e mães de filhos com deficiência, que também pleiteiam mais direitos nas áreas profissionais. O movimento Parent in Science conta atualmente com participação de pesquisadores em 53 instituições do Brasil.
Os números trazidos por Fernanda mostram que o início da carreira acadêmica guarda até uma certa similitude para homens e mulheres. As mulheres chegam a ser maioria nas graduações, com 57% de presença e sendo 55% dos bolsistas de iniciação científica. Quando há mestres e doutores ainda há certa igualdade. Já entre os líderes de grupos de pesquisa, 47% são mulheres. Ao chegar no topo da carreira acadêmica, que são as bolsas de produtividade, que envolvem mérito e excelência, apenas 36% são mulheres. “Há 15 anos não há mudança neste quadro. O índice de mulheres negras no topo é assustadoramente pequeno principalmente quando pensamos que a maioria da população brasileira é de origem negra”, destacou Fernanda.
Segundo a docente, a média é de seis anos para início de recuperação na queda de produtividade. “O problema é o sistema acadêmico que não aceita esta parada. Se tu não seguir esta linearidade, é como se não estivesse seguindo a carreira esperada. A maternidade não é algo negativo na carreira, o que há de negativo é a herança que trazemos da origem da ciência, da imagem criada por um homem branco de classe alta. Precisamos de uma reestruturação da carreira acadêmica, que envolve meritocracia e produtivismo”, declarou Fernanda.
Os diretores de Pesquisa, Francisco Dantas, e a diretora de Pós-Graduação, Deyse Correia, fizeram a apresentação e conduziram o debate que teve tradução em Libras. Quem deseja saber mais sobre o assunto e se articular com participantes, pode acessar o site: https://www.parentinscience.com/ Para ver a apresentação pode acessar este link. Parentalidade na academia.
Protagonismo Feminino
O Painel “Protagonismo Feminino: Empreendedorismo e Inovação na Economia Digital” contou com a mediação da professora do Campus Cajazeiras, Marusa Hitaly, que é Conselheira do Comitê de Inovação do IFPB e trouxe relatos de cinco profissionais. Confira um pouco da formação delas:
Mayara Costa é formada em Administração na UFCG e Relações Internacionais pela UFPB. Gerente de negócios e empreendedorismo no Voxar Lab, laboratório de pesquisa e inovação tecnológica de ponta na UFPE e Agente InovAtiva, que é o maior programa de aceleração de Startups do Brasil.
Denise Hayashi é formada em Comunicação Social pela UFSão Carlos, Sócia da Dr Photo, startup na área de health tech, que visa lançar aplicativos como ferramentas para médicos no atendimento. Faz pós-graduação em Cannabis Medicinal.
Gabriela Rollemberg é advogada e cientista política. É sócia fundadora da Dome Ventures, uma Venture Builder no segmento de GovTech. É cofundadora e CEO da Quero Você Eleita, um laboratório de inovação política para potencializar a atuação de lideranças femininas nos espaços de poder.
Priscilla Mendonça é formada em Administração pela UFPB, pós graduada em Gerenciamento de Projetos pela FGV e Economia Comportamental, diretora do Programa de Microcrédito de João Pessoa e faz parte do projeto de extensão da UFPB de educação financeira para mulheres vulneráveis, o Donas do Bolso.
Confira aqui o bate-papo e o debate.
Tecnologia e (Des)informação: Desafios da cidadania digital
O painel Tecnologia e (Des)informação: Desafios da cidadania digital mediado pelo diretor da Agência de Inovação do IFPB, Daniel Macedo Soares, reuniu profissionais consolidados na área de comunicação e direito.
A jornalista Rejane Negreiros que se especializou na editoria política foi a primeira a falar e abordou a relação entre as fakenews e o crescente desinteresse ou até ódio da população aos políticos. “72% não tem formação para reconhecer uma fake news. Não temos cidadania digital. Na política há uma crescente desconfiança e descrença em meio a avalanche das fakenews. O algoritmo vai ligando bolhas a partir deste ódio e revolta. Não é só fakenews, é desinformação. Precisamos ensinar a ter senso crítico e consultar sites de verificação”, apontou.
Ela abordou ainda o projeto de Lei PL 2630 que considera “inócuo e impraticável, pois precisamos de enfrentamento que não passe pela censura mas que passe pela formação educacional”. Segundo Rejane, não podemos ter comportamentos de risco nas redes, é preciso checar as fontes e desconfiar até das informações de órgãos oficiais, pois os próprios jornalistas passam por dificuldades na checagem das fontes.
A advogada Laila Melo Pós-Graduanda em Direito Digital pela Mackenzie falo sobre a Tecnologia de dados sensíveis. Ela historicizou um pouco sobre o aprendizado das máquinas. Segundo ela, a desinformação não é novidade, mas o digital a impulsionou com a automatização que passa a aprender com textos e sobre supervisão humana. “A tecnologia dá o tônus da gravidade da desinformação que é o alcance”, frisou. Laila comentou sobre o problema do imenso conteúdo nocivo que está associado à desinformação e fakenews. Mas, também falou do aspecto comportamental e a diferença entre a sociedade das organizações e a das redes sociais. “Qual nosso nível de autoconsciência sobre como somos influenciados?”, questionou.
Diogo Rais, Cofundador do Instituto Liberdade Digital, abordou os desafios para moderação que geralmente é feita pela empresa que promove o aplicativo com base em suas políticas. “A gente não se comporta na vida presencial tão mal quanto na internet. O desafio é tão grande que só irá caminhar quando cada um fizer a sua parte. Acredito que as plataformas fazem parte do problema, mas elas não são o problema”. Segundo ele, todos precisam colaborar desde a arquitetura da tecnologia, a área do direito até o comportamento do usuário.
Marcelo Weick, Advogado e Professor da UFPB, código ético feito pelas grandes plataformas. Telegram é arredio ao diálogo com as organizações. “Necessário que tenhamos ferramentas normativas em ambientes mínimos que protejam a liberdade de informação e opinião. O direito tem a ajudar para que não haja a destruição de reputações”, comentou.
O último painel da quinta é sobre “O papel dos governos na consolidação de uma agenda para transformação digital e desenvolvimento”, que também contou com mediação de Daniel de Macedo. Acesse aqui o painel.
Os participantes são Gesil Sampaio Amarante Segundo, Presidente do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia; Roberto Germano, Presidente da FAPESQ/PB; Laryssa Almeida, Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação de Campina Grande; Vaulene Rodrigues, Secretária de Desenvolvimento Econômico, Produção e Renda de João Pessoa e Danielly Raposo, Secretária Executiva de Ciência e Tecnologia de João Pessoa.
Texto: Ana Carolina Abiahy - jornalista do IFPB / Arte: Fabricio Vieira - técnico artes gráficas do IFPB