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Setembro Amarelo: Um gesto de afeto pode mudar tudo

Entrevista com psiquiatra aborda como lidar com situações adversas e contribuir com a prevenção ao suicídio
por Patrícia Nogueira publicado: 01/09/2023 11h59 última modificação: 04/09/2023 17h54

O Setembro Amarelo é uma campanha nacional importante que tem como foco a prevenção do suicídio. Receber uma palavra ou um gesto de afeto em um ambiente institucional pode ser uma importante ajuda para pessoas que passam por situações de sofrimento mental e pode ser essencial para salvar vidas.

Para iniciar esse mês de conscientização, o IFPB traz uma entrevista com o psiquiatra João Luiz Gadelha. O médico conversou com a equipe de Comunicação da Reitoria e com a psicóloga do IFPB, Carol Santiago, e trouxe várias informações sobre prevenção ao suicídio, como tratar da sua saúde mental, como identificar sintomas de depressão e quando o paciente deve procurar ajuda.

Acompanhe abaixo:

1 - O que é o setembro amarelo?
Campanha criada e estabelecida no Brasil, desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM). Tem como objetivo principalmente o combate e a prevenção ao suicídio no Brasil. Como o dia D, mundial, escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foi o dia 10 de Setembro, o mês escolhido para a campanha foi este.

2 - O tema do suicídio ainda é pouco abordado. Isso torna um pouco mais difícil de falar sobre ele. Que tipo de abordagens você considera mais adequadas dentro de um ambiente institucional como o IFPB?
Falar sempre vai ser a melhor solução. Mesmo que estejamos em ambientes corporativos/institucionais/educacionais, conversar, pedir auxílio e, consequentemente, receber uma palavra e/ou gesto de afeto/carinho pode ser de uma ajuda excepcional nesses momentos.

3 - Um paciente com comportamento suicida apresenta algum tipo de sintoma?
Pacientes com risco de suicídio podem demonstrar alguns sinais e sintomas. Geralmente associados a sintomas depressivos como: tristeza, perda de interesse por coisas antes prazeroas, tendência a isolar-se, choro fácil, angústia persistente, problemas no sono, apetite. Além disso, algumas falas como: “me sinto um fardo para as pessoas.. não tenho razão para viver”; e também alguns comportamentos que fogem do seu habitual, como por exemplo: aumento do uso de álcool e drogas; ações imprudentes, agressões, dormir muito ou pouco, busca ativa de formas como acabar com a própria vida, principalmente por meio da internet.

4 - Prevenir é sempre a melhor solução. Como a escola pode trabalhar esse tema com seus alunos de forma mais acolhedora?
Sim, prevenir é sempre a melhor alternativa. Falar sobre os riscos, sinais de alerta, sintomas e possíveis diagnósticos que possam levar a esse caminho é de suma importância. Dessa forma, palestras voltadas para saúde mental, capacitação de profissionais para possibilitar uma melhor abordagem sobre esses temas pode ser uma possibilidade plausível e eficaz.

5 - Em muitos casos, a familia não percebe os problemas e sinais que podem levar pessoas a tirarem a própria vida. Que orientação o senhor daria para as famílias?
Ficarem atentas para os sintomas e sinais de alertas, já mencionados acima, e oferecer ajuda o mais rápido possível.

6 - Existem alguns sinais que uma pessoa costuma apresentar que podem indicar que ela possa vir a tirar a própria vida? Ao perceber alguns desses sinais, como podemos ajudar?
Primeiro ponto: qualquer ato ou “ameaça” suicida, deve ser levado a sério. A partir daí, algumas recomendações importantes: essas pessoas não devem ser deixadas sozinhas até que estejam em ambiente seguro; buscar entender relações próximas (familiares e amigos), inclusive conversando com eles; incentivar, assim que possível, avaliação por profissional de saúde mental (psiquiatra/psicólogo).

7 - Que gatilhos podem contribuir negativamente ou induzir um paciente com saúde mental abalada ao suicídio?
Rupturas de relacionamentos afetivos/conjugais, perdas financeiras importantes, traumas, insucesso profissional, uso/abuso de substâncias.

8 - A campanha setembro amarelo está diretamente ligada à saúde mental, que atividades a escola pode fazer para contribuir com o bem-estar mental dos alunos?
Palestras com profissionais da área, rodas de discussão com temas relevantes sobre o assunto, não só durante o setembro amarelo, mas também em outras épocas do ano. Materiais digitais, atualizações sobre assuntos relacionados em plataformas/redes sociais de acesso a todos os alunos.

9 - Quando o paciente deve procurar ajuda profissional e quem seria o profissional adequado, o psicólogo ou psiquiatra?
Quando há algum sinal/sintoma que remetam ao risco, conforme já mencionado acima. Ambos os profissionais podem e devem ser procurados o mais rápido possível.

10 - Os tratamentos para os problemas de saúde mental são feitos sempre com medicação? Há alguma alternativa que pode auxiliar no tratamento?
Nem sempre se faz necessário tratamento farmacológico para tratamento de doenças mentais. Algumas delas, principalmente as de caráter mais leve (depressão leve, transtornos de ansiedade leves, fobias específicas, entre outros), podem ser tratados com psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Medidas não-farmacológicas como: prática de exercícios físicos, alimentação adequada, sono de qualidade, lazer, espiritualidade e, a própria psicoterapia, são excelentes abordagens que devem estar presentes para um melhor equilíbrio da saúde mental.