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Estudantes de intercâmbio aprendem a valorizar mais a educação brasileira

Keila Helena, do Bacharelado em Administração, do Campus João Pessoa, aprendeu a valorizar mais a educação brasileira, a partir do intercâmbio em Portugal
por publicado: 29/07/2024 08h52 última modificação: 29/07/2024 11h20

A aluna do curso de Bacharelado em Administração, do Campus João Pessoa, Keila Helena Ferreira, que foi classificada no programa aluno-mobilidade, da Assessoria Internacional – Arinter, teve a oportunidade de conviver durante cinco meses no Norte de Portugal, como estudante intercambista do Instituto Politécnico de Viana do Castelo-IPVC, matriculada na Licenciatura em Organização e Gestão Empresarial.

A experiência que nos contou, Keila Helena, sobre a sua estadia, em Portugal, é bastante rica em termos de intercâmbio educativo e cultural, como aprendizado para outros estudantes que pretendem realizar essa complementação da sua formação acadêmica. Uma das experiências mais interessantes narradas, por Keila, é a de que “teve de deixar o Brasil para poder aprender a valorizar mais a nossa cultura, a nossa educação, o nosso povo e o nosso país, com todas as suas contradições sociais”.

 - Eu acho que o intercâmbio, disse ela, é uma experiência muito válida, porque fica para o resto da vida; acrescentando que “Você vai ter aquela experiência e, no futuro, você vai transmiti-la para as pessoas que você conhece, inclusive, para os seus filhos”.

Segundo Keila, a experiência de viver em Portugal, serviu para aumentar a sua credibilidade no destino do Brasil, na sua educação, na sua cultura e no seu povo. “Acho importante, o intercâmbio, para você aprender a dar mais valor ao que é nosso, às coisas do nosso país. Eu acho que tem pessoas que gostam mais dos outros países, que têm a impressão que tudo em outro país é melhor do que no Brasil. Mas quando se tem a experiência que eu tive, temos a oportunidade de começar a pensar diferente”, comentou a estudante.

O intercâmbio para Keila, foi uma oportunidade de se libertar das concepções colonialistas, que ainda influenciam o pensamento de muitos brasileiros, no sentido de pensar que quem nasce em um países desenvolvido é mais inteligente e capaz do que os brasileiros. “... isto é apenas uma visão colonizada, nada disso é verdade. Nós somos muito capazes, em algumas coisas, até mais do que eles”, garante Keila.

Na opinião da aluna, a falta de domínio da língua inglesa, apesar de estar em um país que falava Português, criou dificuldades no intercâmbio. “A maioria dos alunos estrangeiros são poliglotas, mas pouquíssimos brasileiros são bilíngues, só ficamos abaixo nisso, o problema do Brasil é esse”, comentou Keila, de forma muito enfática.

Estimulada a fazer uma avaliação dos processos de ensino-aprendizagem no curso, no qual estava matriculada no IPVC, em Portugal, Keila Helena preferiu reconhecer a superioridade da qualidade da educação brasileira, mais especificamente a ministrada nos Institutos Federais. 

- Eu verifiquei que o nosso ensino no Brasil é superior ao de Portugal, enfatizou Keila, acrescentando que: "No sentido do conteúdo acadêmico, a forma que nossos professores transmitem os assuntos é mais eficiente do que o ensino em Portugal. O ensino português é muito tecnicista, e no Brasil, já superamos esta visão da educação”, alegou ela.

Keila também criticou a burocracia das instituições portuguesas. Segundo ela, os alunos brasileiros, ao chegarem em Portugal, ficam totalmente desorientados com relação ao sistema de comunicação das instituições portuguesas, que não está unificado, sendo uma plataforma para cada situação; o que gera muitas dificuldades para os estudantes intercambistas.

Na visão de Keila, o relacionamento entre aluno e professor no processo ensino-aprendizagem, na instituição portuguesa que frequentou, é de muito distanciamento; o que, para ela, é uma forma arcaica de se educar, como era antigamente no nosso país. “O mundo mudou, mas Portugal não, continua muito tradicional, pelo menos na educação" observou.

A referida aluna também se ressente de ter enfrentado preconceitos na referida instituição. Segundo ela, o fato de ser aluna brasileira e falar o português do Brasil, já desqualificava a sua produção acadêmica. Na concepção dela, os professores são muito corporativos e não têm empatia com as temáticas brasileiras, nem africanas.

Keila entendeu que o fato de se falar a língua portuguesa, como é adotada no Brasil, já desqualifica a produção acadêmica dos estudantes intercambistas de origem brasileira. “Nós sempre vamos ser considerados inferiores a eles. O simples fato de ser brasileiro já prejudica o desempenho; mesmo que o meu desempenho seja de excelente qualidade, eu nunca vou ter uma nota igual à do português”, reclamou a estudante”.

Com relação à convivência social em Portugal, que é uma sociedade integrada à União Europeia, na concepção da aluna, mesmo com a nossa pobreza extrema, a qualidade de vida emocional dos brasileiros é melhor que a dos portugueses: “Eles não são felizes, não há felicidade entre eles, não há amor, não há compaixão, não há carinho em Portugal”, analisou, subjetivamente, a estudante do IFPB.

Keila referiu-se, ainda, aos problemas que os estudantes, na condição mobilidade-IFPB, enfrentam para se estabeleceram e se manterem em outro país. Ela sugeriu que a instituição fizesse um acompanhamento mais participativo desses estudantes, antes da viagem e durante todo o processo de afastamento, no sentido de apoiá-los para enfrentar o isolamento da família e dos amigos, e até a falta de recursos financeiros para suprir as necessidades básicas.

Por outro lado, a estudante Keila Helena valoriza a política de internacionalilzação da educação brasileira, praticada no IFPB. Para ela, é importante que outros estudantes também tenham essa experiência para poderem reconhecer e dar valor às coisas do Brasil.

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