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Programa de intercâmbio “mobilidade acadêmica” empodera estudantes

Cleiton Silva, estudante do IFPB Campus João Pessoa fez intercâmbio no Instituto Politécnico de Bragança, em Portugal
por publicado: 04/08/2024 07h05 última modificação: 06/08/2024 11h23

"O intercâmbio do programa mobilidade acadêmica, do IFPB, transformou a minha vida", disse o aluno do Bacharelado em Administração, do Campus João Pessoa, Cleiton Gomes da Silva. Ele esteve matriculado no curso de Licenciatura em Gestão, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), na região de Trás-os-Montes, no Nordeste de Portugal, durante o segundo semestre de 2023, onde cursou quatro disciplinas. 

Cleiton disse que o principal resultado do referido intercâmbio foi o empoderamento na sua concepção de cidadania. “Eu tive a oportunidade de desmistificar muita coisa da minha vida, como um jovem brasileiro, oriundo de uma família pobre, afrodescendente”. Explicou.

Segundo Cleiton Silva, estar em Portugal, na terra dos colonizadores, na condição de estudante universitário e poder demonstrar suas competências acadêmicas, superando as suas próprias expectativas, foi uma grande conquista para a sua vida pessoal e profissional. 

Nas palavras do próprio aluno: “Eu sou uma pessoa pobre do interior do Nordeste, pobre e negro, e eu consegui chegar, em Portugal. Há algumas gerações eles estavam escravizando os meus antepassados, e hoje eu já consigo ocupar os mesmos espaços acadêmicos que eles. Isso me fez sentir potente e entender que tenho algum êxito em relação à vida acadêmica; na verdade, eu tive muito êxito nas atividades acadêmicas, não demonstrei inferioridade nenhuma quanto aos demais alunos da instituição portuguesa”, comentou com ênfase.

Cleiton reconheceu que os estudantes brasileiros, em situação de intercâmbio em Portugal, têm que enfrentar muitos desafios, porque a xenofobia é uma realidade, bem como as limitações financeiras devido à desvalorização da moeda brasileira. Os portugueses ainda veem os brasileiros como colonizados: “Eles ainda pensam que somos colônia portuguesa, não admitem a realidade de que, em algumas áreas do conhecimento, a exemplo da tecnológica, nós até já os superamos”, afirmou.

"Eu pude desmitificar a concepção de que os portugueses, porque são europeus, são mais capazes que os brasileiros", disse Cleiton, acrescentando que “isto não é verdade, somos diferentes, mas não somos inferiores em nada”, avaliou.

Cleiton admitiu que conseguiu algum aproveitamento acadêmico com as disciplinas que cursou no IPB, principalmente no tocante à formação profissionalizante. Segundo ele, o curso que frequentou no referido instituto tinha o objetivo de formar um profissional com o perfil do mercado; enquanto que o curso do IFPB está mais voltado às concepções acadêmicas. “Isto possibilitou que eu conseguisse ter uma formação mais complexa para a minha carreira”, disse.

O estudante reconheceu a importância do programa de internacionalização da educação profissional, científica e tecnológica desenvolvido no IFPB, principalmente com relação ao apoio que recebeu da Arinter, para realizar o seu projeto como aluno mobilidade.

"Eu espero que outros estudantes tenham a mesma oportunidade que eu, pois conhecer outros países, outras culturas, transforma a nossa vida, tornando-nos cidadãos mais empoderados com relação a nossa situação de cidadania no Brasil e no mundo", afirmou.

Ele acrescentou: “Hoje tenho até uma visão mais nacionalista do Brasil, pois entendo que a desvalorização da sociedade brasileira, diante da Europeia é apenas subjetividade; eles também têm problemas sociais, a exemplo da insegurança” afirmou

Indagado sobre projetos futuros, Cleiton disse que pretende construir sua vida profissional no Brasil, e voltar à Europa apenas como turista.

 

*Por Crisvalter Rogério - jornalista do IFPB

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