Três dias dedicados a pensar uma nova economia, diferentes relações de trabalho e um país mais comprometido com a justiça social. Este pode ser um resumo do Seminário “Incubação, Tecnologia Social e Economia Popular Solidária” que iniciou na segunda, 09 de setembro, e finalizou nesta quarta, 11 de setembro.

O evento foi organizado pela Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O seminário teve parceria com diversas organizações, entre elas o Instituto Federal da Paraíba, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (Sedh) e a UFPB, e trouxe o secretário nacional Gilberto Carvalho para a capital. No primeiro dia do evento, foram realizadas visitas a empreendimentos que seguem a orientação da economia solidária, como a associação de catadores de materiais recicláveis e algumas iniciativas da comunidade São Rafael.

A abertura oficial foi realizada na UFPB que teve a presença da pró-reitora de Extensão e Cultura do IFPB, Josi Batista, na mesa, bem como da professora do campus Campina Grande do IFPB, Ana Paula Almeida, que está a frente de iniciativas como o Instituto de Formação Solidária (IFSol). 

Em uma fala emocionada, Josi lembrou a sua trajetória acadêmica ligada a incubadoras e as dificuldades enfrentadas por quem abraça a economia solidária. “Muito difícil lutar por espaço dessas políticas públicas, às vezes parece que somos invisíveis. Mas, lembrando o que nos disse uma das alunas que tivemos no Mulheres Mil, se nos deram 1% de chance, temos 99% de esperança”. Encerrando sua fala, a pró-reitora reafirmou o papel da extensão do IFPB em priorizar as tecnologias sociais.

A professora Ana Paula ressaltou a importância do trabalho cotidiano, de base, de construir o diálogo das comunidades com as instituições de ensino. A docente do IFPB Campina abordou ainda o papel fundamental do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Cooperativas (Proninc).

O secretário nacional, Gilberto Carvalho, destacou o valor da vinculação das instituições de ensino com as comunidades por meio das incubadoras e empreendimentos solidários. “Isto aqui é pago pelo dinheiro do catador, é preciso ter uma devolutiva para a sociedade”, apontou. 

Referindo-se às experiências que conheceu na capital paraibana no dia anterior, Gilberto afirmou que são um exemplo de possibilidades de organização e de consciência de direitos. “Não é só uma nova economia. É uma proposta de organização da vida com valores sociais, com cultura de solidariedade, cultivo do ser humano, é uma semente”. O titular da Senaes se comprometeu na disputa pelo orçamento público para esta área.

A secretária da Sedh, Pollyanna Dutra, falou sobre experiências exitosas de incubadoras sertanejas por meio da Economia Solidária. “Hoje eu encontro o Incubes, uma associação de incubadoras aqui na Paraíba, onde a gente pega as vocações de forma regional de pessoas e transforma em negócios que atendem a necessidade do mercado. E isso importa porque são acrescidos alguns elementos, como associativismo, cooperativismo, solidariedade, a economia solidária, e isso são práticas sustentáveis”, observou.

O evento contou com 150 pessoas de 10 estados, entre eles a comunidade acadêmica, trabalhadores de empreendimentos solidários e de incubações e gestores públicos. Estudantes do campus Campina Grande e Guarabira do IFPB estavam entre eles, juntamente com a docente Tatiana Losano de Abreu, a coordenadora da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Solidários (Incutes) da Proexc, Andreza Paiva; o diretor de Extensão Popular e Rural, Alexsandro Ribeiro, e a diretora de Extensão Tecnológica, Elaine Oliveira. 

A abertura do evento teve as presenças ainda do procurador federal dos Direitos do Cidadão, José Godoy; do superintendente do Trabalho e Emprego na Paraíba, Paulo Marcelo de Lima; o secretário executivo de Segurança Alimentar e Economia Solidária do estado, Roberto Beltrão; de representantes do Fórum Estadual de Economia Solidária, Fátima Araújo, do Conselho Municipal de Economia Solidária, Daniel Santos; Aline Narciso, da prefeitura da capital, e Aldo Callado, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPB.

Texto: Ana Carolina Abiahy - jornalista do IFPB / Fotos de Mano Carvalho - da Secom/PB