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7º Enex homenageia grandes ícones da cultura nordestina

Conheça mais sobre Zabé da Loca, Zezita Matos, Eliézer Rolim e Dejinha de Monteiro
por Ana Carolina Abiahy publicado: 05/11/2024 17h45 última modificação: 07/11/2024 17h30

Neste ano, o 7º Encontro de Extensão e Cultura (Enex) do Instituto Federal da Paraíba escolheu quatro grandes nomes da cultura do Nordeste para serem homenageados durante seus eventos. O Enex 2024 será realizado em Monteiro, com atividades começando no dia 11 de novembro e terminando em 14 de novembro. Acesse aqui a programação geral divulgada pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), organizadora do evento que tem como tema central “Compartilhando saberes e gerando conhecimento: o diálogo como princípio democrático de transformação da realidade”. 

Memorial Zabé da Loca terá visitação

memorial zabe da loca -josivane caiano - Copia.jpegZabé da Loca nasceu em Buíque, em Pernambuco, com o nome de Isabel Marques da Silva. Teve uma infância difícil, perdendo oito de seus 15 irmãos para a fome. A família mudou-se para a Paraíba e Zabé enfrentou a vida como lavradora, tendo dois filhos. Após a viuvez, viu sua casa desmoronar e passou a morar em uma gruta na zona rural de Monteiro por 25 anos, ganhando o nome de Zabé da Loca. 

A música sempre foi sua companhia, tendo tocado pífano, a nossa flauta nordestina, desde criança. Somente em 2017 sua arte musical ficou conhecida após uma visita da agência paraibana de fotografia Ensaio. A partir daí, passou a fazer parte do programa Bibliotecas Rurais Arca das Letras, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. 

Chegou a gravar três CDs, inclusive com composições próprias, e apresentou-se no Fórum Cultural Mundial ao lado do consagrado Hermeto Pascoal. Foi eleita revelação no Prêmio da Música Brasileira aos 84 anos. Faleceu em Monteiro, aos 93 anos.

Atualmente, a sua loca, na Serra do Tungão, no Assentamento Santa Catarina, virou um memorial, fazendo parte da Rota Cariri Cultural. Quem toma conta do lugar é Josivane Caiano da Silva, afilhada de Zabé, que se mostrou extremamente agradecida pela homenagem prestada. Durante o Enex, no dia 13 de novembro, está programada uma visita até o assentamento, fazendo parte das “Vivências” programadas pela Mostra Acadêmica “Conexões Transformadoras: encontro de práticas extensionistas”. No Spotify, é possível escutar um de seus discos, “Bom Todo”.

Atriz e educadora Zezita Matos fala sobre a homenagem

Zezita Matos IFPB CB.jpegO primeiro dia do Enex é dedicado ao I Prêmio IFPB de Audiovisual, que exibirá os curtas premiados nas categorias Ficção, Documentário, Animação e Podcast. Uma das homenageadas do Prêmio dedicou boa parte de sua vida à educação, mas dividindo esta atividade com a atuação, sua grande paixão a qual pode se dedicar inteiramente agora aos 82 anos. 

Estamos falando da atriz Zezita Matos, que nasceu Severina de Sousa Pontes, em 1942, na atual Juripiranga, antigo distrito de Pilar, e é irmã do também ator Everaldo Pontes. Tem uma longa trajetória nos palcos paraibanos e também foi a primeira mulher a dirigir o Theatro Santa Roza. Zezita coleciona prêmios como atriz em filmes de longa e curta-metragens e participações na TV, após décadas no teatro. Participou das telenovelas “Velho Chico”, “Amor de Mãe” e da série “Onde nascem os fortes”. Atuou em 25 filmes, entre eles: O Alecrim e o Sonho, Deserto Particular, Acqua Movie, Pacarrete, A História da Eternidade, Olhos Azuis, O Sonho de Inacim, Baixio das Bestas, O Céu de Suely, Cinema, Aspirinas e Urubus e A Canga

Zezita é formada em Letras e Pedagogia e foi professora na rede estadual e no Unipê, onde criou o Núcleo de Artes e também foi Ouvidora. Ela conta que trabalhou, durante muitos anos, na educação de jovens e adultos, principalmente ao lado de movimentos sociais do campo em Mari, Sapé e Rio Tinto. 

Indagada sobre o significado da homenagem vinda de uma instituição educacional, Zezita se revelou muito emotiva. “Fiquei emocionada e agradecida pelo fato de ser homenageada pelo IFPB. Me traz gratas lembranças porque a vida toda fui professora, educadora, coordenadora de curso, até quatro anos atrás quando me aposentei estava envolvida com sala de aula”.

Para os estudantes que querem se dedicar à atuação, Zezita deixa um recado: “O curso de Artes Cênicas é um privilégio, no meu tempo não tinha. Aprendi com cada diretor, me deixaram um legado e com as leituras também. Não deixem de ver filmes, ir ao teatro, ver as manifestações populares, ir a exposições, aproveitar a oportunidade de conhecer nossos brincantes, as quadrilhas, os cantadores de viola que andam esquecidos, tudo isto foi e é importante para a nossa cultura, leiam, pesquisem”. Ela vai estar no Enex.

Eliézer Rolim foi cineasta, teatrólogo e arquiteto 

eliezer e minna.pngEliézer Leite Rolim Filho era natural de Cajazeiras e morreu aos 61 anos em decorrência de complicações da covid-19.  No teatro, foi tudo: diretor, cenógrafo, autor e até administrador, coordenando o Teatro Minerva, em Areia, o mais antigo da Paraíba. 

Após uma trajetória marcante no teatro com cerca de 25 peças, enveredou pelo cinema, dirigindo os filmes “Beiço de Estrada”, que retrata a vida de uma avó dona de bordel e seus dois netos, “Eu sou o servo”, sobre o Padre Ibiapina e “O Sonho de Inacim”, que retrata a vida do padre Inácio de Sousa Rolim, um dos fundadores de Cajazeiras. Os seus filmes tiveram atuações de artistas consagrados como José Wilker, Jackson Antunes, Darlene Glória, Marcélia Cartaxo e Mayana Neiva.

Suas peças mais conhecidas foram “Como nasce um cabra da peste”, “Sinhá Flor”, “Adeus Mamanita”, “Os anjos de Augusto”. Eliézer Rolim também era arquiteto, com pós-doutorado em arquitetura e urbanismo e foi professor da Universidade Federal da Paraíba, de 1993 até 2022 quando faleceu. No YouTube é possível assistir na íntegra o longa “O sonho de Inacim” e o curta “Eu sou o servo”.

A viúva de Eliézer, Rosângela Rolim, destacou que toda a família está emocionada e agradecida pela homenagem. A filha de Eliézer Rolim, Minna Miná, é designer e ilustradora e concluiu um curta biográfico sobre ele, inciado ainda em vida: “Meu pai, Eliézer Rolim”. 

Dejinha de Monteiro será homenageado no Festin 

dejinha de monteiro cd.jfifDejinha de Monteiro é o homenageado do Festival de Intérpretes da Canção do IFPB (Festin) que acontecerá em 13 de novembro. Dejinha é o nome artístico de José Djair Bispo Lourenço, sanfoneiro e compositor que faleceu aos 67 anos, no ano de 2017, após lutar contra o câncer. Dejinha gravou quatro LPs, 26 CDs, 1 DVD e teve cerca de 350 músicas registradas. 

Natural de Monteiro, Dejinha morou no Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás, tendo parcerias com Chico César, Jorge de Altinho, Santanna e outro artista do município, Flávio José. Dejinha também produziu o primeiro disco da Banda Magníficos e foi homenageado pelo Forró Fest com o troféu Asa Branca, antes de falecer precocemente aos 67 anos de idade. No Spotify, é possível ouvir Dejinha de Monteiro.

A sua tradição musical continuou na família e a banda “Os filhos de Dejinha”, formada por Claudinho de Monteiro, Claudeir e Davi Lourenço irão se apresentar na noite da abertura do Enex, em uma parceria do IFPB com a Secretaria de Cultura da Paraíba (Secult). É possível ouvir o talento da banda no You Tube. 

Claudinho de Monteiro deixou uma mensagem emocionante para a comunidade do IFPB: "Em nome dos meus irmãos e da minha família estou agradecendo ao Instituto Federal da Paraíba por todas as homenagens e em especial ao meu pai, agora no Enex. O Instituto Federal sempre que tanto tem contribuído com nossa cultura, nossa arte, incentivando, ensinando, divulgando sempre estando presente com as parcerias e com o melhor que tem na educação. A palavra é só gratidão por sempre lembrarem dos artistas e levarem a frente a nossa história".