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Dia Mundial de Conscientização do Autismo

IFPB tem mais de 200 estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
por Ana Carolina Abiahy publicado: 02/04/2025 07h32 última modificação: 02/04/2025 07h32

A data de 02 de abril marca o Dia Mundial da Conscientização do Autismo instituído em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e corroborado pelo Brasil no ano seguinte, com a Lei 13.652/2018. O dia pretende estimular a compreensão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e os direitos das pessoas autistas, reduzindo a discriminação e o preconceito. 

O autismo afeta a comunicação, linguagem, comportamento e interação social, mas se manifesta de forma diferente em cada indivíduo, com maior ou menor necessidade de suporte à pessoa com autismo. O termo autismo surgiu em 1908, mas somente a partir das décadas de 70 e 80 é que passou a ser considerado um transtorno do desenvolvimento. Com a informação mais acessível, os diagnósticos passaram a ser mais comuns e a luta por uma rede de atendimento para terapias específicas têm aumentado na sociedade brasileira.

IFPB CLAI.jpegCom um período relativamente recente de maior conhecimento sobre o autismo, as instituições públicas também estão se adaptando para os novos tempos em que há maior incidência do diagnóstico de TEA para prestar o atendimento necessário. No Instituto Federal da Paraíba, não é diferente. 

Dentro da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), existe a Coordenação de Ações Inclusivas (CAI) que coordena junto aos campi formas de promover uma educação sem barreiras e preservando a diversidade. No IFPB, neste ano de 2025, segundo relatório anual da CAI, existem 207 estudantes com TEA. Apenas o campus Areia informou não acompanhar nenhum estudante com TEA. Os campi com maiores quantitativos são, respectivamente: João Pessoa, Campina Grande, Monteiro, Catolé do Rocha e Picuí. Nos campi do IFPB, estes estudantes podem contar com o suporte individualizado das Coordenações Locais de Acessibilidade e Inclusão (CLAIs). Entre as ações estão os Planos Educacionais Individualizados (PEI) que podem ser utilizados para adaptação dos estudantes durante os cursos. 

No campus Monteiro do IFPB, o acolhimento aos estudantes com TEA começa mesmo antes do ano letivo, com visitas domiciliares, para conversar com familiares e entender melhor o diagnóstico e as necessidades. É o que explicou a coordenadora da CLAI de Monteiro, Luzia Nunes Barreto, frisando que este contato é fundamental para “estabelecer uma ponte com a equipe multidisciplinar, principalmente audiodescritores e psicopedagogas que são profissionais que vão trabalhar mais de perto”.

monteiro clai ifpb.jpegSegundo Luzia, no IFPB Monteiro, há 12 estudantes autistas neste semestre letivo. Luzia esclarece que o trabalho precisa ser conjunto da CLAI com o Setor Pedagógico e as coordenações de cursos, principalmente nos casos em que o estudante tem TEA e deficiência intelectual juntamente. Mas, a instituição não mede esforços e toda uma força tarefa para adaptações necessárias é colocada em andamento. Segundo Luzia, nem sempre é necessário um PEI, em algumas situações as adaptações são mais em torno do ambiente a ser proporcionado com atitudes que viabilizem o maior conforto. “Tem uma aluna que assiste aula de fone, porque a sensibilidade dela é mais auditiva. Nos momentos de crise, ela precisa se retirar”, conta.

Para uma compreensão maior destas especificidades, o trabalho com os docentes é contínuo. Alguns estudantes precisam de mais adaptação metodológica, na hora de transmissão do conteúdo, outros mais na forma de avaliação. Em Monteiro, reuniões bimestrais são realizadas junto com docentes para avaliar o andamento destes estudantes que recebem atendimento especial. Segundo Luzia, há total disponibilidade dos professores: “em termos de relatórios e dos PEIs, são bem acessíveis”.  

No campus Picuí, a coordenadora da CLAI, Cátia Monteiro Barbosa Maciel, comenta que a sensibilidade dos professores em lidar com estudantes com TEA só vem aumentando e que as oficinas realizadas juntamente com setor pedagógico para tratar do tema facilitam a colaboração.

IFPB PICUI 1.jpegQuanto aos colegas de sala destes estudantes com TEA, Cátia comenta que varia muito o nível de relacionamento. “Há estudantes com TEA que têm uma interação melhor. Outros já são mais fechados, reservados e a turma respeita isto”.  Ela conta que em situações mais delicadas, a equipe do campus intervém, como foi o caso de um estudante do Integrado ao Ensino Médio que tinha passado 10 anos sem estudar e ingressou na turma aos 26 anos quando a maioria tinha em média 15 anos. 

Na CLAI, os estudantes podem contar com atendimentos individualizados e horários específicos para que a instituição acompanhe o andamento, sempre em conjunto com a família. Em algumas situações, ainda há diagnósticos em aberto, muitos associados com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA). 

O atendimento do IFPB e o esclarecimento do tema por meio de atividades pedagógicas já facilitaram até para que algumas estudantes de Picuí solicitassem à família investigação do TEA e assim tiveram diagnóstico. A própria Luzia, coordenadora do CLAI, se encaixa neste perfil: “Recebi o diagnóstico de TEA no início desse ano. Já tinha a suspeita e o contato com os alunos me fez dedicar mais atenção ao tema e iniciar a investigação”, comenta.Luzia Nunes CLAI IFPB MONTEIRO.jpeg

Situações como esta mostram a importância de termos um dia dedicado especialmente para falar sobre o autismo. Somente conhecendo mais sobre o TEA é que iremos proporcionar uma sociedade mais justa e diversa. Para saber mais consulte também a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 

No ambiente da PRAE, também há muita legislação disponível e orientações, como a Cartilha sobre o Espectro Autista e o Plano de Acessibilidade do IFPB, clique aqui para acessar. No Campus Campina Grande, há uma sala específica de autorregulação pensada para atender os estudantes neurodivergentes, a primeira criada na Rede Federal. 


Texto: Ana Carolina Abiahy - jornalista do IFPB / Arte: Luzivan Silva - programador visual do IFPB