A I Semana dos Povos Originários do Campus Picuí do Instituto Federal da Paraíba foi realizada de 15 a 16 de abril promovendo uma extensa integração cultural. O evento foi organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e trouxe membros da aldeia indígena Cariri-Xocó, localizada em Alagoas, na cidade de Porto Real do Colégio, na região do Rio São Francisco. 

De acordo com a coordenadora do Neabi do IFPB Picuí, Virna Lúcia Cunha de Farias, a presença dos indígenas foi fundamental para ampliar os horizontes da comunidade acadêmica trazendo um pouco da experiência deles para os estudantes. O evento foi aberto à comunidade externa e contou com a presença de professores de outras escolas da cidade. 

No primeiro dia, foi realizada a Mesa Redonda “Da Cultura à Educação – Reflexões sobre o Modo de Vida Indígena” com os convidados Jean Paul Goveia Meira, Doutor em História e professor da Universidade Federal da Paraíba e Paulo de Oliveira Nascimento, Doutor em História e professor do IFPB de Sousa. Jean Paul apresentou a comunicação “Os povos indígenas na Paraíba” com base na tese que defendeu na Universidade Federal do Pará sobre as três principais nações que povoaram a Paraíba: tabajaras, potiguaras e cariris. Paulo Nascimento, que coordena o NEABI do IFPB Sousa, apresentou a comunicação “A Lei nº 11.645/2008 e a temática indígena na Educação Escolar Quilombola e Indígena (ERER): uma discussão necessária”. 

Ainda na terça-feira, foi realizado o Minicurso “A Representação dos Povos Originários na Música e na Literatura Brasileira” ministrado pelo historiador Edvaldo Lacerda (DNOCS) e pela professora Virna Lúcia, que é Doutora em Literatura e Cultura e professora de Língua Portuguesa do campus Picuí. “Vemos que são muitas músicas que mostram muito preconceito e visão estereotipada”, comentou Virna. 

O Cine Debate “Indígenas em Tela”, conduzido pelos professores do campus, João Ricardo Ferreira Pires (História) e Ilton Fonseca (Artes), também foi apresentado no dia 15. Segundo Virna, a presença dos bolsistas do Pibid do curso de Letras (Ead) foi fundamental para o sucesso do evento, bem como dos estudantes membros do Neabi. 

O professor João Ricardo disse que o evento foi algo surpreendente para os estudantes, até por ter sido a primeira vez que parte de uma comunidade indígena era levada até o campus. Segundo João Ricardo, o evento possibilitou que os professores pudessem perceber o conhecimento e até o desconhecimento dos estudantes para que estes conteúdos possam ser trabalhados ao longo do ano. "Foi um momento de descoberta", finalizou o docente.

O dia 16 foi reservado para a vivência com o povo Cariri-Xocó. Segundo Virna, os estudantes puderam fazer perguntas livremente e surgiram questionamentos sobre sustentabilidade e o papel da mulher indígena nas comunidades, entre várias outras questões. Eles fizeram grafismos nos estudantes e explicaram o significado dos traços e cores utilizados. Diversas danças e rituais foram compartilhados com estudantes e servidores do IFPB Picuí. 

Em um vídeo gravado na ocasião, os convidados comentam que nos últimos anos conquistaram melhorias na área de saúde e de educação, com a instalação de um posto de saúde no território e de uma escola indígena, em que os professores são indígenas em sua maioria. A recuperação da própria língua é um fator destacado pelo povo como fundamental para a reconquista de sua cultura que foi sufocada desde o processo de invasão e colonização. São mais de 6000 indígenas na comunidade Cariri-Xocó.

Os indígenas expuseram seu artesanato durante o evento e puderam comercializar as peças. Na ocasião, também foram recolhidas doações de alimentos para a comunidade Cariri Xocó que passa muita dificuldade e reivindica uma área maior para viver. Seis caixas de alimento foram doadas pelo IFPB Picuí.