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Empresa contrata serviços de alunos e egressos do Técnico em Edificações
Um projeto social está mudando a vida de estudantes e egressos do Campus Princesa Isabel do IFPB. O projeto BIM Solidário, coordenado pelo engenheiro de computação Eduardo Silva Martins, em parceria com a Decorati, startup de São Paulo especializada na reforma e decoração de apartamentos, está levando oportunidades de trabalho para estudantes e egressos do curso técnico Subsequente em Edificações.
A startup foi adquirida em 2019 pela empresa Loft e em menos de dois meses recebeu mais de 400 projetos arquitetônicos iniciais dos estudantes e egressos do IFPB. O objetivo é garantir agilidade às entregas da empresa e abrir portas para a primeira experiência profissional dos jovens envolvidos.
Os primeiros nove profissionais que prestam serviço para a startup são técnicos em Edificações cursando ou formados pelo Instituto Federal da Paraíba em Princesa Isabel. Eles foram recrutados e capacitados pelo projeto BIM Solidário, cujo criador é membro do Núcleo de Extensão Cactus do Campus Princesa Isabel.
“Com o aumento da nossa demanda, a base dos projetos arquitetônicos que antes eram feitos por profissionais autônomos de São Paulo, passaram a ser enviados para técnicos recém formados do sertão da Paraíba. A ideia é que até o final do ano mais de 1.500 projetos da empresa provenham dessa parceria e que possamos aumentar o escopo deles ao longo do tempo”, explica Murillo Morale, fundador da Decorati.
Segundo levantamento da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis do IFPB, 63% dos estudantes que ingressaram em 2020 na unidade de Princesa Isabel vivem com renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Outros 21% tem renda familiar per capta até meio salário mínimo.
“Até o final do ano, com a demanda que estamos levando a eles, teremos pago mais de R$ 30 mil pelos projetos feitos. É uma parceria onde há ganhos para todos: para nós, como empresa, para os técnicos e suas famílias, e também para a economia da cidade”, diz Moralle.
Projeto BIM Solidário
Criado por Eduardo Martins, o projeto visa capacitar e inserir no mercado de trabalho jovens entre 18 e 23 anos que vivem em regiões periféricas. Desde então, a iniciativa já capacitou mais de 20 técnicos em Edificações em programas que dão base para projetos de arquitetura, como o Sketchup. Questões comportamentais também são avaliadas, segundo Eduardo. “É importante fazer um trabalho de tutoria para orientá-los em relação a questões como responsabilidade, cumprimento dos prazos, comunicação com o cliente”.
Eduardo Martins, que já participava ativamente de projetos do IFPB como voluntário no Núcleo de Extensão Cactus, selecionou os alunos e improvisou um escritório na garagem de sua casa para oferecer uma infraestrutura básica de trabalho. “Muitos não tinham equipamentos para desenvolver os projetos. Montamos um espaço com mesas, cadeiras e notebooks para que pudessem aprender e performar da melhor maneira possível”, explica o engenheiro.
“Queremos capacitá-los para que possam ocupar vagas que são oferecidas por empresas como a Decorati e, além disso, conseguir parceiros para a formação e trazer pessoas qualificadas”, completa.
Oportunidades
Durante a pandemia imposta pelo novo coronavírus (Covid-19), Eduardo teve de fechar provisoriamente o escritório. Os computadores puderam ser emprestados aos profissionais para que pudessem dar sequência ao trabalho de suas casas e continuarem a atender demandas da área de construção civil.
É o caso de Mariana da Silva, de 20 anos e ex-aluna do curso técnico Subsequente em Edificações, uma das profissionais capacitadas pelo projeto BIM Solidário. A técnica mora com seu pai e dois irmãos na zona rural de Juru, que fica a 30km da cidade de Princesa Isabel. Desde os 15 anos, ela trabalha com atividades domésticas para complementar a renda familiar. Em julho, iniciou o trabalho com a empresa e já realizou mais de 50 projetos.
“Não existia oportunidade nenhuma aqui na região, o BIM Solidário e a Decorati estão trazendo oportunidades para a gente. Agora tenho mais experiência e vivência no que de fato é a área de construção. Cada projeto é uma experiência nova. O valor que recebo pelos projetos vai me ajudar em casa e também a comprar meu próprio notebook”, diz Mariana.