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Projeto de Extensão incentiva o desenvolvimento de fontes alternativas

A construção do primeiro biodigestor foi realizada na cidade de Lucena – PB, em um assentamento rural, no sítio de um produtor orgânico.
por publicado: 28/05/2018 15h55 última modificação: 28/05/2018 15h55

Em 2017 o IBGE apontou que 12,3 milhões de domicílios usaram lenha ou carvão como combustível para cocção. Este percentual representa um crescimento de 11% com relação aos 11,1, milhões verificados no ano anterior, este acréscimo foi devido ao aumento no botijão de gás de 16,4% no ano, sendo o maior percentual desde 2002.

Além dos problemas energéticos o produtor rural está preocupado com os preços de defensivos agrícolas, que devem ter um aumento de 10% a 15% na safra 2018/2019. A estimativa é do Rabobank e é consequência da redução na oferta de matérias-primas e produtos importados da China.

Em meio às crises energéticas e econômicas, as propriedades rurais familiares, podem mitigar a dependência energética e de insumos agrícolas convencionais e buscar mais um caminho para sua sustentabilidade e empoderamento socioeconômico, através da implantação de Biodigestores.IMG-20170824-WA0194.jpg

Nesta perspectiva surgem as Tecnologias Sociais, tidas enquanto técnicas, métodos ou artefatos produzidos na interação com a comunidade, tal que apresentem efetivas soluções a demandas de uma localidade, quando incorporada como política pública, são representativas de vínculos entre Estado e Parcerias Sociais.

O Biodigestor é uma Tecnologia Social, trata-se de um equipamento que se compõe basicamente, de uma câmara fechada na qual uma biomassa (em geral dejetos de animais) é fermentada sem a presença de ar. Como resultado desta fermentação ocorrem a liberação de biogás e a produção de biofertilizante.

Segundo DEGANUTTI 2002, o biogás é essencialmente constituído pelo gás metano (CH4), com valores médios na ordem de 55% a 65%, e por dióxido de carbono (CO2) com aproximadamente 35% a 45% de sua composição, encontrando-se ainda, em menores proporções, gás sulfídrico e nitrogênio. Seu poder calorífico está diretamente relacionado com a quantidade de metano existente na mistura gasosa. O biofertilizante pode ser usado como adubo orgânico para fortalecer o solo e para o desenvolvimento das plantas. Não apresenta mau cheiro, é rico em nitrogênio (substância muito carente no solo), e o processo de digestão anaeróbia elimina as bactérias aeróbias existentes nas fezes.

Seguindo o movimento das Tecnologias Sociais se tornarem um elo entre Estado e a sociedade civil, principalmente no meio rural, o IFPB Campus Santa Rita promoveu a difusão tecnológica de Biodigestores em contexto comunitário.

A construção do primeiro biodigestor foi realizada na cidade de Lucena – PB, em um assentamento rural, no sítio de um produtor orgânico, selecionado devido ao histórico de produção sustentável aliada a necessidade energética e de Biofertilizante para adubação orgânica, tornando-se uma Unidade Demonstrativa da Tecnologia Social.

O Biodigestor escolhido para a construção foi do tipo indiano com selo de água, a inovação foi a modificação da campânula, geralmente de ferro, por fibra de vidro e alguns ajustes no encaixe do gasômetro.

IMG-20170824-WA0195.jpgNa primeira etapa foi realizado um Minicurso e treinamento sobre necessidades e dimensionamentos de Biodigestores, esta atividade ocorreu inserida na programação do Encontro de Extensão do IFPB realizado em 2017 na cidade de Lucena – PB, destinado a discentes, produtores rurais e comunidade interessada no tema.

 O Projeto foi fomento pelo IFPB Campus Santa Rita através do Edital de Extensão nº 01/2017 - PROBEXC PROJETO, viabilizando o início da construção do primeiro biodigestor piloto.

Em geral os biodigestores devem ser construídos a 15 metros de distância da casa para facilitar a distribuição do Biogás, o Biodigestor construído foi posicionado a 17 metros da casa e próximo ao curral, para facilitar o manejo da Biomassa. IMG_20180402_151048492.jpg

Em seguida foi iniciada a Construção da câmara de digestão e parede divisória, sendo a Câmara de Biodigestão o Cilindro onde ocorrerá a Biodigestão Anaeróbia, os microorganismos irão decompor a matéria orgânica transformando-a em biogás e biofertilizante e a Parede Divisória encontra-se dividindo o cilindro do Biodigestor em duas subcâmaras, fazendo o material circular por todo interior da câmara de fermentação, garantindo o Tempo de Retenção Hidráulica(TRH).IMG_20180402_151125731.jpg

Logo após foi dado início a Construção do selo d’água composta por três partes, parede interna, que separa a água do selo, da mistura de fermentação, Fosso local do espaço entre as duas paredes do selo de água, onde o gasômetro se movimenta e parede externa que separa a água do selo do meio ambiente.

A principal característica do Biodigestor Modelo Indiano é possuir uma campânula como gasômetro, a qual pode estar mergulhada sobre a biomassa em fermentação, ou em um selo d’água que foi o modelo escolhido neste projeto.

A campânula é o local onde fica armazenado o Biogás, neste projeto foi utilizado uma caixa de água comercial de 2.000 L para armazenamento e posterior distribuição do Biogás.

Por fim a instalação de um Biodigestor não se traduz em apenas à utilização de uma fonte alternativa de energia. Vários benefícios indiretos estão associados tais como:

Bem-estar social;

Benefícios Econômicos;

Saúde da Família;

Profilaxia do Rebanho;

Produtividade Agrícola;

Preservação dos Recursos Naturais (Saneamento Ambiental na agropecuária).

‘’Eu já estava querendo construir um Biodigestor para utilizar o Biofertilizante na horta e o projeto do IFPB trouxe o treinamento e o material para construção do Biodigestor. Isso irá me ajudar, por que não irei mais comprar esterco na adubação e o Biogás vai servir na cozinha, além de proteger o meio ambiente ‘’ afirma seu Dedé o parceiro social do Projeto.

Segundo André Luiz, o Coordenador e idealizador do Projeto, o IFPB Campus Santa Rita estimulou a difusão de Tecnologias Sociais através da Extensão Rural em contexto comunitário, incentivada pela Pró Reitoria de Extensão e Cultura, fomentando Arranjos Produtivos Locais, aliada a conservação dos recursos naturais, proporcionando geração de renda e fontes de energias alternativas.

Mais do que a capacidade de implementar soluções para determinados problemas, esta difusão tecnológica pode ser vista como um método que permita impulsionar o processo de empoderamento da cidadania para os produtores, para habilitá-los a disputar, nos espaços públicos, as alternativas de desenvolvimento que se originam das experiências inovadoras e que se orientam pela defesa dos interesses das maiorias e pela distribuição de renda e preservação socioambiental.

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