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Parabéns, IFPB !
O Instituto Federal da Paraíba completa, nesta quinta-feira, 112 anos de existência. A sua história começou em 23 de setembro de 1909, quando o presidente Nilo Peçanha criou as Escolas de Aprendizes Artífices em 19 capitais brasileiras para ofertar educação profissional e tecnológica para os filhos das classes operárias, para dar-lhes condições de prover o próprio sustento por meio do trabalho.
Nestes 112 anos, a instituição desempenhou um papel importante na formação dos trabalhadores do Brasil. As mudanças estruturais que aconteceram na sociedade e na educação, refletiram-se no desenvolvimento da Instituição e nas mudanças de nomenclatura. A Escola de Aprendizes Artífices deu lugar ao Liceu Industrial; seguido pelo Liceu Industrial Coriolano de Medeiros, Escola Industrial Federal da Paraíba, Escola Técnica Federal da Paraíba e o Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (CEFET). Em 2008, foi criado o Instituto Federal da Paraíba, mediante integração do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba e da Escola Agrotécnica Federal de Sousa.
De acordo com o Reitor Nicácio Lopes, em 2021, por conta da pandemia, não será possível realizar a solenidade habitual que celebra nesta data a memória do IFPB. A festividade foi transferida para o dia 30/11/2021, aniversário do ex-diretor Coriolano de Medeiros, um dos mais destacados diretores da Instituição. Para ele, “as medidas sanitárias adotadas para preservamos a vida durante a pandemia ainda não permitem que possamos comemorar juntos essa data tão importante para a educação brasileira”. No entanto, podemos festejar este marco na educação profissional e tecnológica do País, saudando todos os que fazem parte desta belíssima Instituição da educação pública do Brasil. “Festejemos hoje o aniversário do Instituto Federal da Paraíba. Parabéns, IFPB”, disse o Reitor, que nos remete a um tempo em que o IFPB era apenas “a Escola” na crônica que elaborou para brindarmos em homenagem aos 112 anos do IFPB:
A Escola de um novo mundo Nicácio Lopes O IFPB faz aniversário hoje. Há 112 anos, nascia como Escola de Aprendizes de Artífices. Ao longo desses anos, já teve outros nomes e talvez o de “Escola Técnica Federal da Paraíba”, no regime militar, seja o mais conhecido. Por esse tempo, a Escola Técnica era chamada, por seus professores, funcionários e estudantes, simplesmente “Escola”. Era um nome meigo e terno, parecia mesmo um apelido de alguém muito perto de nós. Não havia nenhuma cerimônia em pronunciá-lo, era como se fosse alguém da nossa casa. A Escola não tinha esse tamanho de hoje, tinha só o prédio de Jaguaribe e as pessoas da comunidade sabiam os nomes umas das outras. Cada cantinho de seu espaço remetia a um esticadinho de nossa casa. Assim ocorreu de a “Escola” estar impregnada por esse tom íntimo, bem pertinho de nosso dia a dia. Falar no IFPB me leva a pensar nesse traço gostosamente prosaico e acolhedor. Essa coisa pegajosa, que gruda na pele e no coração. Outro dia, me peguei vagando por alguns laboratórios do Campus João Pessoa e tive visagens sentindo o cheiro das máquinas passadas que não existem mais, que acenavam pra mim como velhos amigos que se encontram depois de uma longa ausência. Também me peguei andando vagamente pelas salas de aula e me vi restaurando, no tempo, passagens de um mundo adormecido na memória, o mundo de minha Escola. Pessoas, cenas e lugares de um mundo distante no tempo, que desafiam a nossa saudade. Pessoas que se foram. Cenas apagadas no tempo. Lugares remodelados. Passagens de tempos imemoriais. Perdoe se pareço piegas e nostálgico. Os tempos são únicos, não voltam mais, e cada época tem seus sabores, encantos e doçuras; mas é fato que também tem seus clamores, dores e amarguras. De todo modo, seja qual for o tempo, essa Instituição é mágica em grudar nas nossas lembranças, e aqueles do presente também vão sentir, no futuro, esse grude. Quem revisita a história do IFPB nota que, seja qual for o recorte do tempo feito, em meio aos seus traços distintivos, há um liame comum a eles: o IFPB, ou a “Escola”, sempre foi “pegajosamente” humano. Viajar na linha do tempo permite relembrar cenas de transformação de vida de tanta gente. Essa escola já deu o pão a muita gente. Tanto a estudante quanto a servidor. O pão alimento mesmo, que sustenta a vida material. Mas também deu o pão essencial da transcendência, o pão metafísico que dá cidadania, que emancipa para a vida, que plasma as figurações de humanização e de discernimento para entender melhor a dialética do mundo e a dimensão existencial do ser humano. O tempo passou e a Escola se transfigurou. Das suas entranhas nasceram filhos, que pululam pelos cantos da Paraíba, transmitindo, a jovens e adultos que nela estudam, a Boa-Nova da cidadania. Nasceram filhos, pródigos em ensinamentos para a vida e para o mundo do trabalho. Cajazeiras, Campina Grande e Sousa são os mais velhos; os de “idade mediana” são Cabedelo, Picuí, Patos, Monteiro, Princesa Isabel e Guarabira; os em fase de crescimento, Santa Rita, Itabaiana, Esperança, Itaporanga, Catolé do Rocha, Cabedelo Centro, Mangabeira e Soledade; e os caçulas, Santa Luzia, Areia, Pedras de Fogo. Todos eles são precedidos pelo mais velho, João Pessoa. Esse tom prosaico é perene. A Escola permanece familiar em todos os seus recantos, apenas com uma nova roupagem, com as cores dos tempos de hoje. Seja qual for o tempo de sua história, o IFPB terá o emblema marcante da humanidade, pois a vida pulsa nos contornos da sua arquitetura. Passear por seu espaço remete à lembrança de personagens que adejam sua atmosfera. Penso que a melhor forma de celebrar o IFPB é homenagear os seus trabalhadores, os de ontem e os de hoje, tanto os que estão entre nós quanto os que estão no plano metafísico, homens e mulheres, jovens e crianças, professores, técnicos, estudantes, terceirizados e todas as famílias. Celebremos, pois, o IFPB, um bem público extraordinário, prestando justas homenagens aos que nele trabalham e estudam e fazem dessa Instituição um espaço transformador de vida dos filhos dos trabalhadores do Brasil. |
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