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"Ser mãe por adoção é ainda mais desafiador"

A história de Andreza Paiva nos mostra que o amor de mãe também se constrói fora do útero
por Patrícia Lins publicado: 27/05/2022 16h35 última modificação: 27/05/2022 16h42

Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Adoção (25 de maio), a série "Mães do IFPB" traz a história da Assistente em Administração Andreza Ferreira Lima Paiva, que se tornou mãe há sete meses, com a adoção de Maria Rafaela, Maria Raissa e Rayane Sofia.

Andreza está no IFPB desde 2012 e, há mais de seis anos, assumiu a Coordenação Administrativa do Campus Avançado Cabedelo Centro. Em seu depoimento, Andreza conta o caminho que ela e seu esposo percorreram até que pudessem vivenciar a alegria de receber as três irmãs e, enfim, terem uma família completa. Ela fala ainda sobre a dedicação diária com as filhas e a "loucura boa" que é ser mãe.

 Andreza e as três filhas


"A minha expectativa com a adoção era simplesmente ser mãe. A adoção me fez mãe.

Adotar é criar laços de amor eterno. É transformar uma dor em amor. É isso que tenho vivido com minhas filhas há pouco mais de sete meses.

Meu esposo e eu, após 13 anos de casados e alguns tratamentos tentando engravidar, recebemos o diagnóstico médico de que éramos inférteis. Mais especificamente, eu tenho um problema congênito nas trompas que só me possibilitaria ser mãe através de processos de fertilização, os quais optamos por não fazer. Mas o nosso sonho de ser pais e completar a nossa família continuava. E foi então que iniciamos um diálogo sobre a possibilidade de adotarmos.

Apenas no início de 2020, pouco antes da pandemia, através do trabalho social que desenvolvemos junto com casais do Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Paróquia Menino Jesus de Praga (no grupo pastoral Segunda Solidária, que atende as pessoas em situação de rua em nossa cidade), tivemos contato com um grupo de irmãos que ficaram órfãos. Daí, fomos buscar a Vara da Infância e Adolescência da Capital para nos informarmos sobre como poderíamos adotá-los. No entanto, com a pandemia, tudo ficou parado. Em outubro de 2020, resolvemos constituir advogadas que, desde então, têm nos assessorado na concretização deste sonho.

Nossa habilitação no Sistema Nacional de Adoção saiu no dia 04 de Agosto de 2021 e o nosso positivo chegou dezesseis dias depois, em 20 de Agosto de 2021, quando recebemos uma ligação da Vara da Infância do Interior de Alagoas. No dia 24 de Agosto, vimos o rostinho delas pela primeira vez, após seis horas de viagem, e após algumas visitas que fazem parte do processo de aproximação. Aproveitamos este período para organizar a casa e receber nossas princesas. Organizamos o quarto delas e outros ambientes da casa. Preparamos o enxoval, tudo para a chegada de nossas filhas.

No dia 07 de outubro de 2021, recebemos a Guarda Provisória e iniciamos o nosso estágio de convivência. Este é o momento que estamos vivendo agora. Neste momento, foi de extrema importância ter conseguido o afastamento pela Licença Adotante por seis meses, para que me possibilitasse estar mais próxima de minhas filhas e cuidando do que é essencial neste momento, que é a criação de vínculos, laços de amor que irão nutrir nossa família.

Acredito que uma mãe nunca está pronta. Todos os dias estamos nos construindo enquanto mães. E ser mãe por adoção é ainda mais desafiador.

Eu me considero "Mãe de Trigêmeas", apesar das minhas filhas terem nascido para mim com idades diferentes (Maria Rafaela 10 anos, Maria Raissa 07 anos e Rayane Sofia 04 anos), elas vieram juntas com toda as suas vivências dentro e fora do útero. Após pouco mais de 7 meses que elas me fizeram mãe, tenho buscado ser mais compreensiva com as demandas afetivas de cada uma. Me cobro por ser mais flexível, nem sempre consigo, com as atividades diárias. A minha caminhada de fé tem me fortalecido neste processo.

Sinto também o peso da cobrança para atender o desejo de mãe idealizado pelas minhas filhas, que nem sempre se combina com o que penso ser importante. Mas tento o máximo que posso ser uma mãe presente. Sentar com elas para assistir um filme. Ler um historinha para dormirem. E a eterna preocupação com os estudos, com alimentação e higiene pessoal. Coisas de mãe.

Ser mãe, para mim, é se abrir para um amor incondicional. É cuidar. É só estar bem se seus filhos estiverem bem. É ser seu porto seguro, tendo um colo sempre prontinho para acolhê-los. É sempre estar pronta para lutar pelo melhor para eles. É ter um cansaço aliviado sabendo que deu conta de tudo. É ficar feliz ao ouvir mamãe ou mainha. É acorda no meio da noite só para ver se os filhos estão bem. Ser mãe é também carregar sempre uma culpa, será que estou cuidando direitinho? Será que vou dar conta de tudo? Será? Será? Ser mãe é assim, essa loucura boa.

Peço a Deus todos os dias para que eu possa ser uma mãe mais compreensiva, paciente e amorosa até na forma de repreender. Sigo tento me reconstruir como mãe".

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