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Ambientes de trabalho inclusivos para pessoas com TEA
O dia 02 de abril é conhecido mundialmente como um dia de luta pela conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Anualmente, o número de pessoas diagnosticadas como autistas tem aumentado, tanto entre crianças e adolescentes, como também em jovens e adultos, devido a fatores como maior acesso aos equipamentos de saúde e capacitação dos profissionais que acompanham as pessoas neurodivergentes, dentre outros.
Mas o diagnóstico é apenas o primeiro passo. Intervenções, acompanhamento profissional e adaptações dos ambientes de convivência são elementos que contribuem significativamente para a qualidade de vida das pessoas com TEA. E, em se tratando de adultos, essas adaptações também devem ser feitas no trabalho, no que diz respeito ao ambiente laboral, às atividades desenvolvidas e à interação com a chefia e com os pares.
Para compreendermos melhor como um ambiente de trabalho pode ser inclusivo, pedimos a ajuda de colegas servidores que estão no espectro e eles nos trouxeram vários pontos em que podemos agir para tornar o dia a dia mais confortável e produtivo para todas e todos. Confira no vídeo produzido pela DGEP e nos depoimentos a seguir:
"Um ambiente de trabalho inclusivo vai além dos discursos institucionais, envolve acolher as diferentes formas de pensar, se comunicar e interagir com os pares.
É fundamental que os pares entendam a importância de ouvir com atenção e intenção. Isso significa dar tempo para que a pessoa se expresse à sua maneira, seja verbalmente ou por escrito. Pressionar por respostas rápidas, interromper ou desconsiderar o que foi dito pode reforçar o sentimento de exclusão e insegurança.
Escutar alguém é um exercício de presença e respeito. Envolve não apenas esperar a palavra, mas também aprender a ler os silêncios, acolher as pausas e compreender que nem sempre o que é óbvio para a maioria será para todos - significa reconhecer que o conforto no diálogo parte do esforço mútuo".
Adolfo Fernandes - Docente na área de Informática no Campus Sousa
"Primeiramente, a comunicação deve ser clara e objetiva para acomodar a literalidade cognitiva. Instruções e expectativas precisam ser específicas, evitando ambiguidades que possam gerar confusão.
Em relação à rigidez no comportamento e na rotina, o ambiente deve valorizar a consistência. Estruturas e horários previsíveis podem ajudar a proporcionar conforto e segurança aos indivíduos com autismo, permitindo que desempenhem suas tarefas de forma eficiente. Além disso, é importante ser flexível em situações que exijam adaptações nas rotinas estabelecidas.
Considerando a dificuldade em socializar e interagir, o ambiente deve promover um espaço onde a interação social seja incentivada mas não forçada. Pode ser útil oferecer oportunidades para interações sociais estruturadas, como pequenos grupos de trabalho, que podem ajudar a construir relações sem sobrecarregar os indivíduos.
Por fim, treinar a equipe sobre o TEA e promover uma cultura de aceitação e respeito pode aumentar a compreensão e a colaboração entre todos os colaboradores, criando um espaço onde todos possam prosperar, independentemente de suas dificuldades ou modos de interação".
Bruno Cunha - Assistente em Administração na Reitoria
"Tenho a sorte de estar lotado em um setor que atende pessoas com deficiência, como é o caso da Coordenação Local de Acessibilidade e inclusão (CLAI), onde a maioria dos servidores e da coordenação já tem conhecimento sobre como lidar com pessoas autistas.
Na minha opinião, esse é o ponto crucial: o conhecimento. O primeiro passo é exatamente o que estamos fazendo neste dia — promover a conscientização. É preciso respeitar a neurodiversidade, compreender que cada pessoa no espectro possui características e sensibilidades únicas, e, acima de tudo, respeitar o tempo de cada um.
Conhecer, acolher e adaptar são atitudes que tornam o ambiente de trabalho mais humano e inclusivo".
Samuel Alysson - Tradutor e Intérprete de Libras no Campus João Pessoa
"Um ambiente de trabalho inclusivo deve considerar as necessidades individuais de cada autista. Alguns precisam de espaços de regulação e menos estímulos sensoriais, enquanto outros necessitam principalmente da compreensão de colegas sobre suas formas de interação e trabalho.
O mais importante é criar um espaço acolhedor e respeitoso, onde possam desempenhar suas funções sem sobrecarga. Quando a inclusão é efetiva, tanto o trabalhador autista quanto a organização se beneficiam".
Thiago Lemos - Técnico em Eletrônica na Reitoria