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Setembro Amarelo: entrevista sobre prevenção ao suicídio

Psiquiatra e psicóloga do IFPB esclarecem dúvidas da comunidade
por publicado: 02/09/2021 12h06 última modificação: 02/09/2021 12h06

Este mês é marcado como o Setembro Amarelo, sendo dedicado à conscientização sobre a importância da prevenção ao suicídio. O suicídio é uma realidade bem mais comum do que imaginamos e vem chamando atenção de toda a sociedade, tratando-se de um assunto bem delicado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados. Infelizmente, o estigma e o tabu relacionados ao suicídio e aos transtornos mentais fazem com que muitas pessoas que estão pensando em encerrar suas próprias vidas ou que já tentaram suicídio não procurem ajuda. Ao longo deste mês, diversas atividades serão realizadas pelo Instituto Federal da Paraíba, por meio dos campi, como forma de discutir o tema e estimular o cuidado com a saúde mental. Acompanhe a divulgação nas redes sociais da instituição.

Com o intuito de estimular o diálogo e a reflexão acerca da saúde mental, o GT de Saúde Mental do IFPB e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), por meio da psicóloga Ana Carolina Simões, organizou uma entrevista com o Médico Psiquiatra da Reitoria do IFPB, Dr. Thiago Viegas, sobre prevenção ao suicídio, cuidado à saúde mental e sobre qual a melhor forma de se prevenir do adoecimento mental. Acompanhe e compartilhe.

Entrevista

O tema do suicídio é pouco abordado. Isso torna um pouco mais difícil de falar sobre ele. Que tipo de abordagens você considera mais adequadas considerando o nosso contexto educacional?  

Dr. Thiago Viegas: O suicídio é pouco abordado especialmente pelo estigma que se relacionado a ele, o que desperta vergonha e medo em discorrer sobre o tema. Assim, é imperativo esclarecermos essa realidade à população, haja vista o suicídio ser um problema de saúde pública. No contexto educacional, acredito que a informação seja o principal mecanismo de controle do preconceito acerca do suicídio e dos transtornos mentais.  A informação é capaz de deixar a pessoa menos resistente a buscar ajuda, reduzindo as chances da consumação do suicídio. 

É possível falar em algum tipo de prevenção ao suicídio dentro do âmbito escolar?

Dr. Thiago Viegas: A prevenção ao suicídio pode começar com o debate sobre o tema nas escolas. Muitas vezes, a criança e o adolescente não dispõem de um canal de comunicação saudável em casa ou não se sentem confortáveis em falar sobre o assunto com os familiares, de modo que a escola pode ser o primeiro ambiente de acolhimento desses indivíduos. E não podemos esquecer que a faixa etária dos adolescentes, em conjunto à dos idosos, é das que mais tenta o suicídio.

Existem sinais que uma pessoa costuma apresentar que podem indicar a presença de ideias suicidas? Ao perceber alguns desses sinais, como nós, enquanto profissionais da educação, podemos ajudar?

Dr. Thiago Viegas: Determinados sinais podem indicar que o aluno está em sofrimento emocional e, consequentemente, com pensamentos suicidas. Eu citaria, por exemplo, o retraimento social, a queda no desempenho escolar, faltas, perda de interesse nas atividades antes prazerosas (esportes, dança, música) ou problemas no comportamento (brigas, bullying). É necessário também ficar atento a comentários do tipo “preciso acabar com a minha dor”, “desejo um final mais rápido para o meu sofrimento” e “não tenho mais esperança”.

Ao se observar algum desses sinais, o profissional de educação deve acolher o aluno e encaminhá-lo ao atendimento de médicos, psiquiatras ou psicólogos ou até orientá-lo sobre o Centro de Valorização da Vida (CVV), que funciona via telefônica e 24h por dia (número 188). Se houver a descrição de um planejamento suicida, é indicado levar o aluno de imediato a um pronto-atendimento ou CAPS; caso o indivíduo tente o suicídio e esteja muito comprometido física ou mentalmente, liga-se para o SAMU (192).

De que forma a comunidade do IFPB (servidores e estudantes) pode agir para não cultivar esses sintomas e cuidar da saúde mental e como os profissionais da educação podem trabalhar na prevenção?

Dr. Thiago Viegas: Cuidar da saúde mental implica se cuidar como um todo. É preciso ter uma rotina organizada, alimentar-se com qualidade, dormir bem, praticar atividades físicas e cultivar bons hábitos e relacionamentos, sempre buscando o equilíbrio em todas as atividades. Para mim, saúde mental é equilíbrio. Aos profissionais de educação, discutir esses cuidados em sala de aula já é um excelente mecanismo de prevenção aos transtornos mentais e ao suicídio.

Quais são os principais distúrbios relacionados à prática do suicídio? 

Dr. Thiago Viegas: A imensa maioria dos suicídios está relacionada a transtornos mentais. Dentre eles, eu citaria a Depressão, que é a mais associada de todos, o Transtorno Bipolar, os transtornos relacionados ao álcool e outras substâncias, a Esquizofrenia e os transtornos de personalidade.

Para finalizar, é possível prevenir o suicídio?

Dr. Thiago Viegas: Como a grande maioria dos suicídios corresponde ao desfecho grave de um transtorno mental e como os transtornos mentais têm tratamentos eficazes, podemos afirmar que quase toda morte por suicídio é evitável. A sociedade precisa discutir o tema nas escolas, incentivar espaços de promoção à saúde nas comunidades e regular o acesso aos métodos mais utilizados no suicídio, como venenos e armas de fogo.

Onde encontrar ajuda:

  • CAPS – Centro de Atenção Psicossocial.
  • SAMU –Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 192.
  • CVV – Centro de Valorização da Vida através do número 188.
  •  Para qualquer dúvida, entre em contato com os NAPS do seu Campus.

 

DGCOM do IFPB

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